



 Lá pelas bandas de '58-'59 do século passado, um trompetista e "flueghelhornista" chamado Wilburn Harden gravou bons discos ao lado de um escrete sensacional: John Coltrane, Tommy Flanagan, Doug Watkins e Louis Hayes. Um dos discos é Mainstream 1958, disco vigoroso, com sonoridade que bem representa o título escolhido.
Lá pelas bandas de '58-'59 do século passado, um trompetista e "flueghelhornista" chamado Wilburn Harden gravou bons discos ao lado de um escrete sensacional: John Coltrane, Tommy Flanagan, Doug Watkins e Louis Hayes. Um dos discos é Mainstream 1958, disco vigoroso, com sonoridade que bem representa o título escolhido. Os tropeços, aquilo que, segundo consta, deveriam nos fortalecer - entenda-se: enrijecer a alma - de fato, são janelas que se abrem para o oceano que tentamos represar. Eu tentei isso. Tento, ainda. Mas aí vem alguém e faz um belo filme, canta uma bela canção, aquela que eu não quis cantar - Body and soul, But beautiful, Cry me a river - e os diques sossobram.
Os tropeços, aquilo que, segundo consta, deveriam nos fortalecer - entenda-se: enrijecer a alma - de fato, são janelas que se abrem para o oceano que tentamos represar. Eu tentei isso. Tento, ainda. Mas aí vem alguém e faz um belo filme, canta uma bela canção, aquela que eu não quis cantar - Body and soul, But beautiful, Cry me a river - e os diques sossobram..jpg) Esses camaradas formaram o The Jazz Crusaders, grupo com pegada funky de boa cêpa, principalmente em seus primeiros discos. Os membros mais conhecidos pelo povo são o pianista Sample e o trombonista Henderson, que, para mim, são a alma da banda (sem desmerecer o bom trabalho do tenorista Felder e do bom baterista Stix Hooper). Depois de alguns anos o grupo alterou seu groove (lá no link diz o seguinte " makes the change from an acoustic jazz group with soul and blues influences, to an electric bluesy soul band, with jazz influences") e passou a se chamar apenas Crusaders (quando Larry Carlton participa da festa).
Esses camaradas formaram o The Jazz Crusaders, grupo com pegada funky de boa cêpa, principalmente em seus primeiros discos. Os membros mais conhecidos pelo povo são o pianista Sample e o trombonista Henderson, que, para mim, são a alma da banda (sem desmerecer o bom trabalho do tenorista Felder e do bom baterista Stix Hooper). Depois de alguns anos o grupo alterou seu groove (lá no link diz o seguinte " makes the change from an acoustic jazz group with soul and blues influences, to an electric bluesy soul band, with jazz influences") e passou a se chamar apenas Crusaders (quando Larry Carlton participa da festa).Alguns chamam de smooth jazz (o jazz da expressão é um elogio), outros chamam de música de elevador ou de consultório médico, outroutros de pop-rock, para muitos é porcaria mesmo. Eu acho, se comparando com Lee Ritenour, o Larry Carlton digerível. Tive um lp gravado ao vivo, no qual ele interpreta, entre outros, All blues e So what de modo agradável.
 Achei nas encruzilhadas da web o disco Deep into it, de Carlton. Ali, o que domina é o mela-cueca com pitadas de groove funky/rock. Eu até que curto o timbre da guitarra do camarada. As notas picadas, frases curtas e som aveludado valorizam o disco que, ao fim e ao cabo, vai bem na sala de espera do dentista (fará você se sentir bem ao esburacarem seus dentes). Aos chegados que fizerem download, cuidado com a faixa Don't break my heart - o alto índice de açúcar pode desencadear diabetes (a situação pode piorar se acrescentar a cançãozinha mela-cueca I still believe - inacreditável o que se faz para ganhar uma grana) .
Achei nas encruzilhadas da web o disco Deep into it, de Carlton. Ali, o que domina é o mela-cueca com pitadas de groove funky/rock. Eu até que curto o timbre da guitarra do camarada. As notas picadas, frases curtas e som aveludado valorizam o disco que, ao fim e ao cabo, vai bem na sala de espera do dentista (fará você se sentir bem ao esburacarem seus dentes). Aos chegados que fizerem download, cuidado com a faixa Don't break my heart - o alto índice de açúcar pode desencadear diabetes (a situação pode piorar se acrescentar a cançãozinha mela-cueca I still believe - inacreditável o que se faz para ganhar uma grana) . 
Para os fãs e drogadictos de plantão não deixarei o link. Sei que estou fazendo um bem para vocês. Encaminhem-se ao centro de desintoxicação mais próximo.
 Dexter é um dos saxofonistas que, quando eu crescer, quero tocar como ele. Sopro viril, pero sin perder la ternura, ele pode ser considerado uma das grandes influências para os instrumentistas das gerações seguintes. Em meados dos anos quarenta, Dexter participou de antológicas gravações com aquele fantástico clima bop ao lado de figuras como Sadik Hakin (ainda conhecido como Argonne Thornton), Leo Parker, Fats Navarro, Bud Powell, Tadd Dameron, Art Blakey e mais um monte de gente. São quinze faixas de primeira. Deixarei So easy no podcast Quintal do Jazz e, para os gulosos, deixarei o link para download
Dexter é um dos saxofonistas que, quando eu crescer, quero tocar como ele. Sopro viril, pero sin perder la ternura, ele pode ser considerado uma das grandes influências para os instrumentistas das gerações seguintes. Em meados dos anos quarenta, Dexter participou de antológicas gravações com aquele fantástico clima bop ao lado de figuras como Sadik Hakin (ainda conhecido como Argonne Thornton), Leo Parker, Fats Navarro, Bud Powell, Tadd Dameron, Art Blakey e mais um monte de gente. São quinze faixas de primeira. Deixarei So easy no podcast Quintal do Jazz e, para os gulosos, deixarei o link para download
 Você sabe o que é perder uma amor, meu senhor? Eu acabei de perder um: quarenta gigas de músicas da melhor espécie se foram, levadas por um vírus qualquer sem nome nem endereço, de índole nefasta. Perda irreparável, por ter-me desfeito dos lps originais. Restou-me a tristeza. Aos amigos, a quem recentemente cedi algumas cópias, peço uma segunda via. Por gentileza.
Você sabe o que é perder uma amor, meu senhor? Eu acabei de perder um: quarenta gigas de músicas da melhor espécie se foram, levadas por um vírus qualquer sem nome nem endereço, de índole nefasta. Perda irreparável, por ter-me desfeito dos lps originais. Restou-me a tristeza. Aos amigos, a quem recentemente cedi algumas cópias, peço uma segunda via. Por gentileza. Primeiro ponto a favor dos organizadores: convidaram alguém do ramo para ajudar na programação. Com essa estratégia, conseguiram propiciar um desfile do que há de melhor na cena do choro contemporâneo e permitiram aos nossos chorões partilharem o palco com aqueles que lhes servem de inspiração.
Primeiro ponto a favor dos organizadores: convidaram alguém do ramo para ajudar na programação. Com essa estratégia, conseguiram propiciar um desfile do que há de melhor na cena do choro contemporâneo e permitiram aos nossos chorões partilharem o palco com aqueles que lhes servem de inspiração. algumas adaptações simples (umas cortinas aqui e acolá, rebaixamento do teto do palco, alteração no posicionamento dos falantes etc e tal), e, constatando o que tinha de equipamento, trouxe alguns microfones para auxiliar na labuta.
algumas adaptações simples (umas cortinas aqui e acolá, rebaixamento do teto do palco, alteração no posicionamento dos falantes etc e tal), e, constatando o que tinha de equipamento, trouxe alguns microfones para auxiliar na labuta.
 No dia seis do mês de setembro do ano de 1952, Coleman Hawkins levantou-se e, diante do espelho, sorriu com o canto dos lábios. Aquele dia seria o início de uma boa semana. Hawk tocaria jazz. Estava com saudade disso, do clima “ao vivo” que seria retomado, clima marcante em suas gravações dos anos quarenta (os críticos reclamavam de um certo desvio, em suas últimas interpretações, para um clima mais comercial).
No dia seis do mês de setembro do ano de 1952, Coleman Hawkins levantou-se e, diante do espelho, sorriu com o canto dos lábios. Aquele dia seria o início de uma boa semana. Hawk tocaria jazz. Estava com saudade disso, do clima “ao vivo” que seria retomado, clima marcante em suas gravações dos anos quarenta (os críticos reclamavam de um certo desvio, em suas últimas interpretações, para um clima mais comercial). 

 sossobrei ao encanto da jovenzinha. Se eu não soubesse disso, se eu não vislumbrasse Audrey babando pelos diamantes da Tiffany's, se eu não lembrasse de Audrey naquele vestidinho preto contornando seu corpinho juvenil, eu arremessaria o disco pela janela. Talvez, antes, eu copiasse a faixa The big blow out. Curiosidade: quando eu ouvi a introdução desse tema e o início do breve solo de sax alto veio-me à mente um clássico: The pink panther. Confira no podcast Quintal do Jazz.
sossobrei ao encanto da jovenzinha. Se eu não soubesse disso, se eu não vislumbrasse Audrey babando pelos diamantes da Tiffany's, se eu não lembrasse de Audrey naquele vestidinho preto contornando seu corpinho juvenil, eu arremessaria o disco pela janela. Talvez, antes, eu copiasse a faixa The big blow out. Curiosidade: quando eu ouvi a introdução desse tema e o início do breve solo de sax alto veio-me à mente um clássico: The pink panther. Confira no podcast Quintal do Jazz. Este post só foi postado em nome do, como diz o Salsa, jornalismo verdade. Aliás, devo frisar, foi a pedido do meu citado partner de blog. O músico de quem aqui falarei nunca foi do meu agrado. Nem quando eu jovem era. Trata-se de Lee Ritenour.
Este post só foi postado em nome do, como diz o Salsa, jornalismo verdade. Aliás, devo frisar, foi a pedido do meu citado partner de blog. O músico de quem aqui falarei nunca foi do meu agrado. Nem quando eu jovem era. Trata-se de Lee Ritenour. Há dois discos, entre os dez ou doze que escutei, que considero um pouco mais apetecível aos ouvidos mais voltados para o mainstream jazzístico: um dedicado a Wes e outro, que dedicarei mais algumas linhas, chamado Stolen Moments, gravado em 1990.
Há dois discos, entre os dez ou doze que escutei, que considero um pouco mais apetecível aos ouvidos mais voltados para o mainstream jazzístico: um dedicado a Wes e outro, que dedicarei mais algumas linhas, chamado Stolen Moments, gravado em 1990.  Em 1959, Billy Wilder dirigiu Some like it hot, por aqui intitulado Quanto mais quente melhor: uma mais que sexy comédia, com a deusa Marylin Monroe bagunçando a vida de dois músicos (Curtis e Lemmon). Os rapazes testemunham a famosa chacina de mafiosos que aconteceu no dia dos namorados lá dos USA (São Valentim - creio que) e, para escaparem, eles se disfarçam de mulheres e entram em uma banda de belas moçoilas. Qual o perigo maior, gângsters ou Sugar Kane (Marylin)? Sem dúvida, creio que todos gostariam de, em momentos de perigo, esconderem-se sob as saias da musa Marylin.
Em 1959, Billy Wilder dirigiu Some like it hot, por aqui intitulado Quanto mais quente melhor: uma mais que sexy comédia, com a deusa Marylin Monroe bagunçando a vida de dois músicos (Curtis e Lemmon). Os rapazes testemunham a famosa chacina de mafiosos que aconteceu no dia dos namorados lá dos USA (São Valentim - creio que) e, para escaparem, eles se disfarçam de mulheres e entram em uma banda de belas moçoilas. Qual o perigo maior, gângsters ou Sugar Kane (Marylin)? Sem dúvida, creio que todos gostariam de, em momentos de perigo, esconderem-se sob as saias da musa Marylin.  O filme conta com um atrativo a mais: a trilha sonora. Barney Kessel reuniu um timaço - Art Pepper, Shelly Manne, Joe Gordon, Jimmy Howles, Jack Marshall e Monty Budwig - para fazer um som que fizesse jus a Marylin. E o resultado foi excelente. Swing de primeira. Alegria em cada nota. Vocês poderão curtir o sensacional bate-papo de nossos heróis em Runnin' wild, faixa que justifica a compra do cd. O bom é que o resto todo mantém o nível. Ouçam ali no podcast Quintal do jazz.
O filme conta com um atrativo a mais: a trilha sonora. Barney Kessel reuniu um timaço - Art Pepper, Shelly Manne, Joe Gordon, Jimmy Howles, Jack Marshall e Monty Budwig - para fazer um som que fizesse jus a Marylin. E o resultado foi excelente. Swing de primeira. Alegria em cada nota. Vocês poderão curtir o sensacional bate-papo de nossos heróis em Runnin' wild, faixa que justifica a compra do cd. O bom é que o resto todo mantém o nível. Ouçam ali no podcast Quintal do jazz.
 Não sei se vocês repararam, mas aí do lado esquerdo tem alguns links de blogs que costumo visitar. Em alguns deles há uma profusão de links para baixarmos bons discos de jazz e de vários outros estilos. Há, por exemplo, no jazzever, um disco de Frank Morgan bem ao gosto do nosso partner e baladeiro Salsa.
Não sei se vocês repararam, mas aí do lado esquerdo tem alguns links de blogs que costumo visitar. Em alguns deles há uma profusão de links para baixarmos bons discos de jazz e de vários outros estilos. Há, por exemplo, no jazzever, um disco de Frank Morgan bem ao gosto do nosso partner e baladeiro Salsa. Love, lost and found, de 1995, é uma compilação de standards muito bem interpretada por Morgan. Ao seu lado estão Cedar Walton (piano), Ray Brown (baixo) e Billy Higgins (drums), um time de respeito. A leveza de sentimento em suas interpretações nesse cd não revelam sua dura história: foram três décadas envoltas por drogas e prisão. É um sobrevivente. Sua experiência de vida, graças às musas, não fez sucumbir sua verve musical. Talvez nela tenha encontrado motivo para prosseguir até sua passagem em 12/2007.
Love, lost and found, de 1995, é uma compilação de standards muito bem interpretada por Morgan. Ao seu lado estão Cedar Walton (piano), Ray Brown (baixo) e Billy Higgins (drums), um time de respeito. A leveza de sentimento em suas interpretações nesse cd não revelam sua dura história: foram três décadas envoltas por drogas e prisão. É um sobrevivente. Sua experiência de vida, graças às musas, não fez sucumbir sua verve musical. Talvez nela tenha encontrado motivo para prosseguir até sua passagem em 12/2007.
Vocês poderão ouvir My one and only love e All the things you are no podcast Quintal do Jazz
Caso vocês curtam, eis os links para download: parte 1 e parte 2. João Luiz Mazzi, um dos patronos do Clube das Terças (reunião de amigos vitorianos apreciadores do jazz), fez chegar às minhas mãos e ouvidos um disco curioso do longevo Lee Konitz. Para quem não conhece, Konitz é um dos altoístas que mais gravaram (adorava fazer um duo). São quase sessenta anos pilotando seu sax alto. Calcule aí a discografia do camarada: dois discos em média por ano (sendo que dos anos oitenta para cá ele costuma gravar três ou quatro, às vezes mais) - é disco para encher estante. Eu, especificamente, gosto do período em que ele estava ao lado de Tristano, nos anos cinqüenta.
João Luiz Mazzi, um dos patronos do Clube das Terças (reunião de amigos vitorianos apreciadores do jazz), fez chegar às minhas mãos e ouvidos um disco curioso do longevo Lee Konitz. Para quem não conhece, Konitz é um dos altoístas que mais gravaram (adorava fazer um duo). São quase sessenta anos pilotando seu sax alto. Calcule aí a discografia do camarada: dois discos em média por ano (sendo que dos anos oitenta para cá ele costuma gravar três ou quatro, às vezes mais) - é disco para encher estante. Eu, especificamente, gosto do período em que ele estava ao lado de Tristano, nos anos cinqüenta.
 Às vezes eu dou uma circulada pelo mapa dos visitantes (ao lado) para visualizar aqueles que mais prestigiam este sítio. No Rio, possivelmente o campeão é o Sérgio Sônico. Em BH, a reincidência deve ser por conta do chapa Wilson Garzon, mas tem outros contumazes navegadores espalhados pelo Brasil varonil. Descobri, vejam só, um visitante no interior do interior do Mato Grosso, no meio da floresta (quero crer que a foto do satélite não seja muito antiga), entre Guaraná do Norte e Peixoto Azevedo, à margem de um rio e próximo a um grande lago - será uma tribo jazzista ou será, de acordo com Salsa, o professor Benjamin, que desapareceu durante um safari na região? Vá lá saber...
Às vezes eu dou uma circulada pelo mapa dos visitantes (ao lado) para visualizar aqueles que mais prestigiam este sítio. No Rio, possivelmente o campeão é o Sérgio Sônico. Em BH, a reincidência deve ser por conta do chapa Wilson Garzon, mas tem outros contumazes navegadores espalhados pelo Brasil varonil. Descobri, vejam só, um visitante no interior do interior do Mato Grosso, no meio da floresta (quero crer que a foto do satélite não seja muito antiga), entre Guaraná do Norte e Peixoto Azevedo, à margem de um rio e próximo a um grande lago - será uma tribo jazzista ou será, de acordo com Salsa, o professor Benjamin, que desapareceu durante um safari na região? Vá lá saber... Empolgado, resolvi atravessar o Atlântico para conferir como está a freqüência daquelas bandas. Lá encontrei, entre outros, em Lisboa, no Largo das Olarias, num sítio chamado Socorro (entre Sta. Justa e Graça), próximo a uma área verde (um parque, possivelmente), um amigo transatlântico. Portugal, destaque-se, tem uma cena jazzista bastante expressiva (em breve postaremos alguma coisa sobre a produção dos lusos).
Empolgado, resolvi atravessar o Atlântico para conferir como está a freqüência daquelas bandas. Lá encontrei, entre outros, em Lisboa, no Largo das Olarias, num sítio chamado Socorro (entre Sta. Justa e Graça), próximo a uma área verde (um parque, possivelmente), um amigo transatlântico. Portugal, destaque-se, tem uma cena jazzista bastante expressiva (em breve postaremos alguma coisa sobre a produção dos lusos).
 E por falar em novos nomes do jazz, ouvi o saxofonista Eli Degibri. O cd In the beginning (2003) me surpreendeu com a boa mescla do contemporâneo com a tradição. A equipe, como diz Salsa, é da confraria NY-Tel Aviv: o guitarrista Kurt Rosenwinkel e o pianista Aaron Goldberg mais Jeff Ballard e Ben Street compõem o quinteto liderado por Eli.
E por falar em novos nomes do jazz, ouvi o saxofonista Eli Degibri. O cd In the beginning (2003) me surpreendeu com a boa mescla do contemporâneo com a tradição. A equipe, como diz Salsa, é da confraria NY-Tel Aviv: o guitarrista Kurt Rosenwinkel e o pianista Aaron Goldberg mais Jeff Ballard e Ben Street compõem o quinteto liderado por Eli. 
Achei na rede um comentário do vizinho John Lester (jazzseen), muito bem escrito, que reproduzo sem a devida autorização:
"Esse saxofonista judeu não coloca mais seu estojo na calçada para recolher nossas moedas. Nem cobra aqueles juros extorsivos denunciados por Lima Barreto em seu clássico Bruzundanga. Eli é apenas um grande músico, ainda não muito conhecido por aqui, mas que já anda aprontando as suas na cidade que hoje mantém o jazz vivo: New York. Começou a estudar música aos 7 anos e aos 16 já tocava profissionalmente. Primeiro músico judeu a receber bolsa integral para Berklee (imaginem a felicidade dele!), foi também um dos poucos bolsistas integrais (apenas 6 em todo o mundo) no Thelonious Monk Institute. Além de competente arranjador e compositor, Degibri possui uma sensibilidade bastante inusitada, considerando que o mundo do jazz contemporâneo tem se dedicado bastante ao tecnicismo irascível e ao academicismo afetado. Para mim existem traços claros de John Coltrane e Sonny Rollins em sua sonoridade e discurso, combinados em doses adequadas e equilibradas: inventividade e potência, graça e força, todas simetricamente dosadas por sua voz própria e original. Após tocar com gente como Herbie Hancock, Al Foster, Ron Carter e o brasileiro Paulo Braga, Eli merece a boa acolhida que tem recebido no meio jazzístico, com apresentações e gravações como líder de seus próprios grupos e álbuns".
Deixarei as faixas Cherokee e Shoohoo no podcast do Jazz Contemporâneo.
Pé de página:
Um bom começo?
ou
Silêncio, por favor, a música merece ser ouvida!
Foi inaugurada, ontem, a casa de shows Spirito Jazz. Não fui convidado, periferia que sou. Um amigo foi e me disse que o espaço é muito bom. Disse-me a testemunha que o show não foi de jazz, mas Filó é um grande músico. O que atrapalhou foi a ala vip, os "entendidos de música" convidados: estavam se lixando para o show de Filó Machado. A falação dominou o ambiente - total descaso com o músico convidado para a inauguração. É aquela história: o mau hábito de só freqüentar boteco e achar que música é trilha sonora para conversa (como acontece em botecos de Vitória). O que não acontecerá quando o restaurante for inaugurado? É uma pena.
 A demora (uma semana já se passou) para postar mais alguma boa nova é justificável. Eu aguardava outros discos com Tina Brooks. Recebi um de um amigo em arquivo hermético (M4A), o qual não consegui abrir. O outro, liderado pelo pianista Freddie Redd, está, para minha alegria, em pleno funcionamento.
A demora (uma semana já se passou) para postar mais alguma boa nova é justificável. Eu aguardava outros discos com Tina Brooks. Recebi um de um amigo em arquivo hermético (M4A), o qual não consegui abrir. O outro, liderado pelo pianista Freddie Redd, está, para minha alegria, em pleno funcionamento.
 Quatro discos foram o legado do tenorista band leader Tina Brooks aos mortais. Acho mais que suficiente. Costumo dizer aos meus amigos: se todos conseguissem fazer uma coisa boa durante a vida (um verso, um poema, um conto, uma crônica, uma música) o mundo seria outro. Tina fez quatro. Salvou, com seu gesto criador, um monte de almas da quinta dos infernos.
Quatro discos foram o legado do tenorista band leader Tina Brooks aos mortais. Acho mais que suficiente. Costumo dizer aos meus amigos: se todos conseguissem fazer uma coisa boa durante a vida (um verso, um poema, um conto, uma crônica, uma música) o mundo seria outro. Tina fez quatro. Salvou, com seu gesto criador, um monte de almas da quinta dos infernos. O que dizer da cozinha? Jordan manobra seu piano como poucos, Sam Jones mantém aquela pegada firme (seus patterns são muito bem elaborados e dão uma cor moderna ao trabalho), Art Taylor está elegante em todas as faixas.
O que dizer da cozinha? Jordan manobra seu piano como poucos, Sam Jones mantém aquela pegada firme (seus patterns são muito bem elaborados e dão uma cor moderna ao trabalho), Art Taylor está elegante em todas as faixas. Ao chegarmos à casa, lá estava o pianista Chano Dominguez (*Cadiz, 1960) cuja formação não poderia deixar de ter uma boa dose de flamenco. No seu "myspace", ele nos conta que começou com o violão (na orelhada) e, depois, quando já encarava os teclados, fez algumas incursões no cenário rock'n'roll. Sua alma experimental, no entanto, o levou ao jazz e, a partir daí, a coisa mudou. O espanhol rapidamente tornou-se conhecido no meio jazzy e desenvolveu trabalhos com fugurinhas como Paco de Lucía, Joe Lovano, Herbie Hancock, Jack DeJohnette e Wynton Marsalis com a Lincoln Center Jazz Orchestra.
Ao chegarmos à casa, lá estava o pianista Chano Dominguez (*Cadiz, 1960) cuja formação não poderia deixar de ter uma boa dose de flamenco. No seu "myspace", ele nos conta que começou com o violão (na orelhada) e, depois, quando já encarava os teclados, fez algumas incursões no cenário rock'n'roll. Sua alma experimental, no entanto, o levou ao jazz e, a partir daí, a coisa mudou. O espanhol rapidamente tornou-se conhecido no meio jazzy e desenvolveu trabalhos com fugurinhas como Paco de Lucía, Joe Lovano, Herbie Hancock, Jack DeJohnette e Wynton Marsalis com a Lincoln Center Jazz Orchestra. 
 A linguagem desenvolvida por Chano Dominguez não nega suas raízes hispânicas. O flamenco permeia todo seu trabalho, mas é inflado com diversos rítmos e com a indefectível pegada do jazz e pitadas do rok'n'roll. Isso vocês poderão conferir no excelente New flamenco sound. Ali, a passionalidade flamenca é disseminada em cada nota tocada, em cada harpejo, mas está ancorada na estrutura do jazz contemporâneo. É um trabalho que pode incomodar os puristas das duas vertentes, mas é inegável a sua qualidade. Confiram ali no podcast do jazz contemporâneo.
A linguagem desenvolvida por Chano Dominguez não nega suas raízes hispânicas. O flamenco permeia todo seu trabalho, mas é inflado com diversos rítmos e com a indefectível pegada do jazz e pitadas do rok'n'roll. Isso vocês poderão conferir no excelente New flamenco sound. Ali, a passionalidade flamenca é disseminada em cada nota tocada, em cada harpejo, mas está ancorada na estrutura do jazz contemporâneo. É um trabalho que pode incomodar os puristas das duas vertentes, mas é inegável a sua qualidade. Confiram ali no podcast do jazz contemporâneo. Voltemos à música e ao sonho. O tenor de Dick Wilson invade o ambiente sustentado por um naipe sutil mas vigoroso. A orquestra reduz o ímpeto inicial e abre espaço para a sua alma aparecer. A estrela aparece no céu por entre nuvens: Mary Lou Williams dedilha seu piano e justifica o título da canção The lady who swings the band, interpretada por Pha Terrell, o crooner.
Voltemos à música e ao sonho. O tenor de Dick Wilson invade o ambiente sustentado por um naipe sutil mas vigoroso. A orquestra reduz o ímpeto inicial e abre espaço para a sua alma aparecer. A estrela aparece no céu por entre nuvens: Mary Lou Williams dedilha seu piano e justifica o título da canção The lady who swings the band, interpretada por Pha Terrell, o crooner. O povo aplaudiu e pediu bis à cantora magrelinha e suruca chamada Stacey Kent. Afinada, simpática, bem articulada e visivelmente emocionada, ela iniciou sua apresentação com So many stars. O fato de ter cantado, na seqüência, temas de Vinícius e Jobim tornou mais fácil o contato com o público (graças ao bom deus ela não inventou de cantar em português - optou pelo francês e o inglês).
O povo aplaudiu e pediu bis à cantora magrelinha e suruca chamada Stacey Kent. Afinada, simpática, bem articulada e visivelmente emocionada, ela iniciou sua apresentação com So many stars. O fato de ter cantado, na seqüência, temas de Vinícius e Jobim tornou mais fácil o contato com o público (graças ao bom deus ela não inventou de cantar em português - optou pelo francês e o inglês).  O que eu aguardava não me decepcionou. Carla Bley e seus Lost Chords (a maga sabe como ninguém encontrar tais acordes). Minha bruxa predileta mandou a tal peça em seis movimentos que emocionou o irmão da Déa. Aí, sim, eu vi e ouvi os músicos se arriscarem no terreno movediço que o jazz nos revela. Carla compôs temas que abrem as portas para a inventividade dos seus parceiros de palco. E eles não negaram fogo.
O que eu aguardava não me decepcionou. Carla Bley e seus Lost Chords (a maga sabe como ninguém encontrar tais acordes). Minha bruxa predileta mandou a tal peça em seis movimentos que emocionou o irmão da Déa. Aí, sim, eu vi e ouvi os músicos se arriscarem no terreno movediço que o jazz nos revela. Carla compôs temas que abrem as portas para a inventividade dos seus parceiros de palco. E eles não negaram fogo. O lirismo das composições da Carla foi muito bem interpretado pela banda, iniciando com um belo solo do maridão Steve Swallow que, palheta na mão, valorizou a envolvente melodia com seu baixo elétrico. O saxofonista Andy Sheppard e o trompetista Michael Rodriguez passearam pelas fronteiras da música como se estivessem em seus jardins mais conhecidos. O baterista Billy Drummond manteve um interessante contraponto ao lirismo de Carla com sua pegada nervosa e frenética - o seu modo de tocar ressaltou ainda mais a leveza melódica dos temas interpretados. Uma avalanche sonora.
O lirismo das composições da Carla foi muito bem interpretado pela banda, iniciando com um belo solo do maridão Steve Swallow que, palheta na mão, valorizou a envolvente melodia com seu baixo elétrico. O saxofonista Andy Sheppard e o trompetista Michael Rodriguez passearam pelas fronteiras da música como se estivessem em seus jardins mais conhecidos. O baterista Billy Drummond manteve um interessante contraponto ao lirismo de Carla com sua pegada nervosa e frenética - o seu modo de tocar ressaltou ainda mais a leveza melódica dos temas interpretados. Uma avalanche sonora.  Meu contato com Carla Bley se deu através do realbook (bíblia pros jazzistas de plantão). Eu vi uma partitura cujo título chamou minha atenção: Sing me softly of the blues. Nunca toquei, mas tocarei - um dia ou uma noite dessas. Procurei e achei o disco Dinner music, do qual muito gostei por sua leveza e ligeireza para a digestão. Desde então passei a não dispensar os discos da minha maluquinha beleza. Amanhã, para minha alegria, poderei ouvi-la ao vivo. Júlio, irmão da minha amiga Déa, assistiu (no Rio) e fez o seguinte comentário:
Meu contato com Carla Bley se deu através do realbook (bíblia pros jazzistas de plantão). Eu vi uma partitura cujo título chamou minha atenção: Sing me softly of the blues. Nunca toquei, mas tocarei - um dia ou uma noite dessas. Procurei e achei o disco Dinner music, do qual muito gostei por sua leveza e ligeireza para a digestão. Desde então passei a não dispensar os discos da minha maluquinha beleza. Amanhã, para minha alegria, poderei ouvi-la ao vivo. Júlio, irmão da minha amiga Déa, assistiu (no Rio) e fez o seguinte comentário:  A outra que se apresentará, Stacey Kent, eu só conheci por interferência do colega Osvaldo, do mpbjazz (creio que tem alguma coisa para download). Ela é mais uma que aprecia a mpb Não me pareceu grande coisa. O seu maridão Jim Tomlinson, saxofonista, manda um som com pegada cool, à moda de Getz. De qualquer modo, ao vivo sempre é melhor. Júlio fez o seguinte comentário:
A outra que se apresentará, Stacey Kent, eu só conheci por interferência do colega Osvaldo, do mpbjazz (creio que tem alguma coisa para download). Ela é mais uma que aprecia a mpb Não me pareceu grande coisa. O seu maridão Jim Tomlinson, saxofonista, manda um som com pegada cool, à moda de Getz. De qualquer modo, ao vivo sempre é melhor. Júlio fez o seguinte comentário: Pois bem, tive o prazer de receber uma cópia (através do Salsa) do último disco do Chryso Rocha, guitarrista de linguagem bem contemporânea, também conhecido por suas performances nos grupos Nota Jazz e Mistura Fina. O cd, gravado em família, traz 9 composições do guitarrista e 1 do seu filho Rafael. Os temas têm estrutura agradável e de fácil digestão, trabalhados com boa coesão. Eu, pé no fusion que tenho, gostei de Estrada para Meaípe, tema de abertura. Outra que me agradou bastante, com sonoridade a la Jeff Beck, é a terceira do cd: Ói o tombo. Depois do porto é uma baladinha bem agradável, com guitarra com sonoridade mais smooth, que você pode dedicar à sua amada. O overdrive retorna com força em Voltando de lá. Podemos dizer que, nesse cd, Chryso Rocha presta uma homenagem
Pois bem, tive o prazer de receber uma cópia (através do Salsa) do último disco do Chryso Rocha, guitarrista de linguagem bem contemporânea, também conhecido por suas performances nos grupos Nota Jazz e Mistura Fina. O cd, gravado em família, traz 9 composições do guitarrista e 1 do seu filho Rafael. Os temas têm estrutura agradável e de fácil digestão, trabalhados com boa coesão. Eu, pé no fusion que tenho, gostei de Estrada para Meaípe, tema de abertura. Outra que me agradou bastante, com sonoridade a la Jeff Beck, é a terceira do cd: Ói o tombo. Depois do porto é uma baladinha bem agradável, com guitarra com sonoridade mais smooth, que você pode dedicar à sua amada. O overdrive retorna com força em Voltando de lá. Podemos dizer que, nesse cd, Chryso Rocha presta uma homenagem a alguns nomes da moderna guitarra fusion mundial. Nele encontramos um pouco de Benson, Beck, Stern, Carlton. Uma boa homenagem às suas influências.
Sobre o que rolou na gravação, diz o guitarrista, no encarte, que "sempre há algo de novo naquele som". Explica: a música nunca se repete, a cada performance surge um acento aqui e acolá que pode imprimir um feeling diferente à interpretação. Assim sendo, as gravações têm que ser com todos juntos, à vera, num take que capturará o momento único, com seus erros e acertos.
 alteração que o momento da interpretação pode propiciar. Pareceu-me que, nesse sentido, os músicos da cozinha não aproveitaram a liberdade que tal idéia sugere - o baixo manteve o básico e bateria ídem. Apesar da boa perspectiva defendida por Chryso, o som soou comportado, soou como se os músicos estivessem detidos no que foi convencionado. Isso não significa que o disco seja ruim. Não é isso. Faltou a vivacidade que o "take one" permite. Se eu não tivesse lido o encarte não faria esse tipo de observação.
alteração que o momento da interpretação pode propiciar. Pareceu-me que, nesse sentido, os músicos da cozinha não aproveitaram a liberdade que tal idéia sugere - o baixo manteve o básico e bateria ídem. Apesar da boa perspectiva defendida por Chryso, o som soou comportado, soou como se os músicos estivessem detidos no que foi convencionado. Isso não significa que o disco seja ruim. Não é isso. Faltou a vivacidade que o "take one" permite. Se eu não tivesse lido o encarte não faria esse tipo de observação.Lembro-me de uma cena do filme Straight, no chaser, no qual Monk, após uma sessão num estúdio, é interpelado pelo técnico de som que pensava estar presenciando um ensaio: "então, vamos gravar agora?", e Monk, dando aquelas voltinhas que lhes são peculiares, diz, irritado, que já deveria ter gravado pois ele está sempre ensaiando.
Vocês poderão ouvir Ói o tombo no podcast de jazz contemporâneo e todo o disco nesse link .