segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Blue Mitchell - Big 6


Às vésperas do feriado de 4 de julho, em 1958, um time de jovens jazzistas adentrou um estúdio de gravação em Nova Iorque. O band leader era o novato trompetista Richard "Blue" Mitchell, que migrou da ensolarada Miami para a noturna capital do mundo.


O trompetista já tinha o reconhecimento dos seus pares da costa leste, mas ainda planejava tomar de assalto os apreciadores do bom e velho jazz. Para alcançar seu objetivo reuniu o esquete formado por Curtis Fuller, Johnny Griffin, Wynton Kelly, Wilbur Ware e Philly Joe Jones. Essa é a base para o lp Big six: seis grandes nomes revelados no final dos anos cinqüenta.


O lp começa com o tema Blues march, de Golson, cujo arranjo me deixou um pouco apreensivo. A pegada militaresca inicial (com rufar dos tambores e tudo) fez-me querer saltar a faixa, mas, em nome do jornalismo verdade, segurei as ondas. Foi bom. O tema porta uma certa dose de ironia ao desconstruir gradativamente o dialeto militar inserindo doses do meu, do seu, do nosso blues. Aí, meus amigos, a moçada mostra qual exército nós precisamos. Som de primeira.


A tarefa de Mitchell seria conseguir se destacar no meio da rapaziada que o cercava - O que mais o seguraria depois disso? Ouçam Griffin e o piano de Kelly em Brother Ball (Mitchell) e me digam se a responsabilidade não é daquele tipo que dá vertigem. Mas eis que chega o trompetista e manda ver um "quatro" com Philly Joe Jones e mostra que não está ali para brincadeira. Aliás, está sim: para a boa brincadeira que os grandes músicos nos legam em suas fantásticas sessões. Posso atestar que Mitchell não foge da raia e a brincadeira é das boas.

Deixarei, para vosso deleite, dois teminhas no podcast Quintal do Jazz.

6 comentários:

Don Oleari disse...

Beleza! Tô degustando Blue Mitchell neste exato momento, nesta trolha eletrônica bilgueitiana, cujas "tecquinologias" me batem adoidado. Apesar disso, fico embabacado diante de tudo o que é possível -inclusive essa de ouvir um bom musical postado por quem entende do riscado.Brigadú.
Abraço do Oleari

ReAl disse...

Também estou plugado. A trupe é boa mesmo. Pelo menos a amostra deixada no podcast. Ouvi Blue Mitchell pela primeira vez em um disco do John Mayall. É isso mesmo - Blue Mitchell tem um lado rock'n'blues.

Salsa disse...

Valeu os comentários, meus caros.
Acabei de ler um texto e ouvir um bom som lá no jazzseen. Passem lá.

Anônimo disse...

Melhor que Big 6 só mesmo o album "A Sure Thing" do mesmo Blue Mitchell e seu noneto. Procurem ouví-lo. Uma beleza! O que não invalida o Big 6, por sinal uma ótima gravação.

ReAl disse...

Sr. Predador,
Parece que adivinhou. O Salsa me passou, há poucos dias, o A sure thing para que eu comente. Aguarde.

Sergio disse...

Engraçado vc falar, e mais, o q falou sobre "Blues march". Tive essa mesma impressão e vontade de pular a faixa. Foi exatamente tudo igualzinho a sua descrição, Salsa. Mas tu sabe né, sou um ávido devorador de discos, daí q percebi nessa experiência, q Blues march é um clássico de n versões e agora, como minha memória é carcomida e amanhã não me lembrarei mais de q Blues march trata, quando o play introduz a marchinha de pegada militaresca, penso logo um "OBA, si amarro nesse som!".