Voltei. Mais contemporâneo, mais plugado no que rola por aí. Fiz uma breve viagem à Espanha e, lá estando, fui em uma casa de show para descobrir o que se passa na cabeça e nos ouvidos dos espanhóis. Fui levado por Juan Mendoza, meu contato na península, para conhecer as versões mais recentes do flamenco. Depois de uma barrica de tempranillo, não tive forças para recusar.
Ao chegarmos à casa, lá estava o pianista Chano Dominguez (*Cadiz, 1960) cuja formação não poderia deixar de ter uma boa dose de flamenco. No seu "myspace", ele nos conta que começou com o violão (na orelhada) e, depois, quando já encarava os teclados, fez algumas incursões no cenário rock'n'roll. Sua alma experimental, no entanto, o levou ao jazz e, a partir daí, a coisa mudou. O espanhol rapidamente tornou-se conhecido no meio jazzy e desenvolveu trabalhos com fugurinhas como Paco de Lucía, Joe Lovano, Herbie Hancock, Jack DeJohnette e Wynton Marsalis com a Lincoln Center Jazz Orchestra.
A linguagem desenvolvida por Chano Dominguez não nega suas raízes hispânicas. O flamenco permeia todo seu trabalho, mas é inflado com diversos rítmos e com a indefectível pegada do jazz e pitadas do rok'n'roll. Isso vocês poderão conferir no excelente New flamenco sound. Ali, a passionalidade flamenca é disseminada em cada nota tocada, em cada harpejo, mas está ancorada na estrutura do jazz contemporâneo. É um trabalho que pode incomodar os puristas das duas vertentes, mas é inegável a sua qualidade. Confiram ali no podcast do jazz contemporâneo.
PS - No blog SérgioSônico vocês encontram o cd Hecho a mano.
11 comentários:
Pô, Vinyl, você não me falou da viagem nem da barrica de tempranillo. Deves-me pelo menos algumas garrafas.
Quanto ao Chano, o som é curioso. A mescla jazz/flamenco e as tais pitadas de rock (a pedaleira da guitarra e a bateria pesada?) até que soaram bem.
Valeu a dica.
Pô, Salsa e o Cedar Walton "Eastern Rebellion" que disponibilizei lá no blogui? Tás vendo? Acabo de revelar a surpresa. Esperava que corressem pra lá só no teaser.
Fico ansioso pra vcs q entendem do riscado, dar alguma opinião, ou MELHOR: que eu tenha desencavado algo (álbum) precioso que vcs que entendem do riscado, não conheçam, pra dividir e ganhar elogios, foca que sou. Elevem O foca pro lado jornalístico da coisa, embora tenha eu muito de circo, como negar?
Mas vivo dizendo lá que não entendo nada de música e minhas analises (re)caem sempre no vazio existencial que me atormenta.
Daí essa sanha de puxar vcs pra lá, pra ver se o gosto continua apurando. Normal, né? Ou será que tou pirando?
É meio como diziam os Mutantes: "Não sei! Se estou pirando ou se as coisas estão melhorando".
E, Vinyl: valeu a lembrança do Hecho Mano do Chano. Mas o convite-bronca é pá tu tbm. O Edu, coitado, tá liberado pq entrou na quarentena dos vândalus-vírus!...
Mas agora, sério, gente: meu palpite é que "Eastern Rebellion" é ainda mais obra prima do que sonha a minha vã filosofia.
Antivirus apitou é Salsa? Ai ai ai...
Bom, o disco é maravilhoso! Farei o seguinte - e agora vou pedir pro amigo encarecidamente que me ajude nisso: Uparei o álbum de novo e quando estiver refeito o link te peço para testar de novo. Vai demorar um pouco porque vou passar o avast no micro antes disso. Mas ainda hoje, creio, volto aqui pra avisar, tá? Obrigado pelo aviso, amigo.
Salsa, em 1ªríssima mão:
http://www.badongo.com/file/11946872
Nem troquei o link do blog ainda. E o avast me indica que está tudo ok com a saúde do micrito. Então se apitar seu antiviris, ficarei inclinado a acreditar na integridade do meu. Pela própria paz de espírito, c compreende, né?
Enfim, se apitar tente achar esse disco de outro amigo, meu amigo. Ele é primoroso! 40 e poucos minutos da mais absoluta iluminação musical.
Dileto Sérgio, parabenizo pela indicação do Eastern Rebellion.Formado na aliança musical do aristocrático pianista Cedar Walton(dos músicos de jazz mais econômicamente simpáticos q conheci) com o sofisticado baterista Billy Higgins(infelizmente, já morto).Tenho diversos cds,inclusive o disponibilizado, desse extraordinário quarteto(base rítmica mais sopro) q sofreu em seu período de longevidade diversas alterações nos instrumentistas de sopros.Os saxofonistas Clifford Jordan,George Colleman,Bob Berg e Ralph Moore contribuíram, cada qual com seu estilo e técnica, para a extraordinária qualidade do grupo permanecesse inalterada em sua existência. Não lembro de quarteto ou grupo de formação fixa de hard bop acústico superior entre o período de atividade do quarteto, meados dos anos 70 até o final dos anos 90.Difícil , tb,recordar um de qualidade idêntica.Aceito sugestões.Pra finalizar, antes de quarentena, do q com quarentona.Abriria uma exceção, talvez , pra Luiza Brunet, pelas fotos q tenho visto recentemente(rs,rs,rs).Edú.
Edu, sabe qual álbum esse Eastern Rebellion (Vol.1) lembra muito? Song For My Father do H. Silver. E a formação é Walton, Higgins, Sam Jones e George Colleman. Cara, quantos discos você tem???
Eu tenho quase uma veneração por esse tema.Aborrecendo, quando posso, os músicos no momento em q permitem a solicitação de pedidos.Eu não compro cds há mais de dois anos, felizmente.Tenho por volta de 11 mil(sete cds, conferidos, do Eastern Rebellion) e uns 400 lps q resistem em sair na mídia digital.Fruto ,naturalmente, da compulsão e fobia “em ter” e nas ocasião feliz e onerosa de estar na hora e momento certo.O baixista David Williams fez parte ,da mesma forma, do Eastern Rebellion como eventualmente o trombonista Curtis Fuller.O único grupo q se comparou, na década de 80, reafirmando, de formação fixa e mesmo estilo, foi o do trompetista Art Farmer com o pianista James Williams,Clifford Jordan no sax(todos mortos) e os remanescentes Rufus Reid no baixo e Marvin Smith Smith na bateria.Edú.
E aí, Edú, o que você achou do Chano?
Prezado Sr.Vinhas,irei ouvir com atenção e posteriormente opinar.Edú.
Sr. Vinhas, Miles Davis já havia gravado em 1959 Sketches of Spain.Fazendo a amálgama da Península com o Jazz.Flamenco misturado com Weather Report mais Mc Coy Tyner é interessante Sugeriria, todavia, uma iniciação a base Tete Montoliu.Edú.
Sr. Edú,
Sua observação é bem-vinda. Conheço o trabalho do Tete. A fusão flamenco/jazz já tem, realmente, uma história. Lembremo-nos também das dezenas de gravações feitas do Concierto de Aranjuez. O Chano vai por aí, tentando escrever seu capítulo com um som pesado.
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