A noite passada foi longa. Fui tocar o bom e velho roquenrou com amigos. Antes que o sol me incomodasse, fui dormir para poder tocar blues mais à tarde. À noite, em nome do jornalismo verdade, fui assistir o som da última noite do palco principal.
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Will Calhoun abriu a noite com o standard hardbop Afro blue, de Mongo Santamaria (durante muito tempo achei, pelo estilo, que era coisa de Coltrane). Fiquei animado. A adrenalina afastou o cansaço da longa jornada off festival. O baterista e band leader mostrou que sua técnica é realmente impressionante. Mas ficou por aí. O som seguiu a linha mais contemporânea, explorando efeitos eletrônicos, que poderia ter sido mais equilibrado pela presença do saxofonista smooth Donald Harrison (um tipo de Leo Gandelman). Mas não foi.
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Em seguida, foi a vez do power trio do guitarrista Scott Henderson despejar uma avalanche sonora sobre a platéia. Destaque-se seu vasto repertório de patterns e frases que usou sem dó nem piedade nos seus longos solos. Os jovens guitarristas de plantão curtiram bastante seu roquenrou jazzy.
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O ovacionado baixista Victor Wooten veio em seguida trazendo seu groove carregado de hip-hop, funk e soul. O tema de abertura (com quatro baixos) foi prejudicado por problemas na sonorização. Falha lamentável. Wooten usou e abusou dos malabarismos com seu instrumento (a galera adora ver piruetas), mas também mostrou suas inovações técnicas no espancamento das cordas. Ao seu lado, Steve Bailey também mostrava serviço com seu baixo de seis cordas (e com o trombone verde). Destaque-se a participação de Krystal Peterson, a loirinha tatuada e dona de bela voz, que se saiu bem interpretando Steve Wonder.
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A noite foi encerrada por Lucky Peterson que, para os apreciadores do blues, foi quem roubou a cena. Eu ainda fico com Stanley Clarke e, depois, Christian Scott.