quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Surf Ride with Pepper

Ah, eu fui surfar com as crianças. Constatei que manter distância do mar deixou-me completamente enferrujado. Mal consegui dar umas remadas e, pior, a prancha, em função do mar baixo (pequeno), não suportou meu peso. Naufraguei, pois. Mico geral! Os filhos, lá, rindo do velho pai e coisa e tal.


Em casa, voltei-me para a discoteca e peguei um disco de Art Pepper. Peguei uma coletânea que reúne gravações de 52 a 54 sob o sugestivo nome Surf Ride. A capa, vocês podem conferir, traz a boa e velha long board de madeira pilotada por uma californiana. Isso foi o que faltou em meu revival: uma longboard poderia ter-me poupado do vexame no meu familiar surfari. Fica para a próxima.


Retornemos a Pepper. O disco é excelente. Foi recheado com doze temas (dez deles do próprio Pepper) em gravações curtas mas intensas. As faixas mais antigas, gravadas em 4 de março de 1952, conta com Hampton Hawes (piano), Joe Mongragon (bass) e Larry Bunker (drums). Um ano depois, em 29 de março, os acompanhantes do nosso altoísta são Russ Freeman (piano), Bob Whitlock (bass) e Bobby White (drums). Em agosto de 54, o caldo engrossa com a presença do tenorista Jack Montrose (Claude Williamson carrega o piano, Monty Budwig pilota o baixo e Larry Bunker conduz a bateria). Os camaradas fazem manobras mais que radicais nesse disco. E pensar que o ídolo dos surfistas contemporâneos é um tal de jack johnson ou sei-lá-qual-é-o-nome-do-cara.


Vocês ouvirão uma amostra no podcast Quintal do Jazz


Maybe you find complete cd Here

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

The game is over?

Pois é, meu povo,


Parece que a rapazeada que é chegada no free download não poderá mais contar com isso. O blogger está limando (ou já limou) todos os links dos sítios que hospedam música e os cambau. Assim sendo, acho que agora vocês só poderão ouvir o sonzinho básico ali nos podcasts (se eles não implicarem com isso também).


PS1 - Quem tiver paciência e souber pesquisar ainda pode encontrar milhares de discos espalhados aí pela rede.


PS2 - Só espero que não deletem os 190 textos publicados no meu quintal - trabalho diletante dos últimos 15 ou 16 meses.

Booker Ervin

Eis um dos tenoristas que me agradam: Booker Ervin.

Estou ouvindo o cd Structurally Sound, gravado entre 14 e 16 de dezembro de 1966. Nesse disco, Ervin divide a cena com o trompetista Charles Tolliver, com o pianista John Hicks, com o baixista Red Mitchell e com o baterista Lenny McBrowne. Hardbop dos bons, com uma pulsação puxada para o blues propiciando um resultado final muito bom.

O sopro de Ervin, mais pro agressivo do que o cool, sempre me agradou. O seu lirismo é viril ou, de outro modo, sua agressividade sempre guarda um dose de lirismo que equilibra a sua expressão, deixando-a altamente apetecível (pelo menos para esse, como diz Acir Vidal, que vos tecla). As liners notes afirmam que os críticos acusam-no de não contribuir para o ampliar a técnica do instrumento ou de ser apenas mais um que bebe da água coltreneana - para mim, isso é falta de assunto. Quando vocês ouvirem-no ali no podcast Quintal do Jazz constatarão que não há como negar a sua assinatura musical.
PS - Parece que o site que eu indicava para os interessados em discos foi para o beleléu. Quem baixou, baixou, quem não baixou não baixa mais.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

The three sounds

Dia desses, eu e Salsa ouvimos um disquinho - um trio com piano, baixo e bateria - o qual eu gostaria de apresentar aos amigos navegantes. The Three Sounds, ao meu ouvir, é um trio agradável. Daqueles que, pelo menos nesse disco - Good deal (não tenho nenhum outro dos nove gravados) - unem com destreza as bases do jazz: blues e swing, deixando aquele gostinho de "quero mais" que me obrigou a repetir a audição imediatamente depois da primeira.


O trio é formado por Gene Harris (P), Andrew Simpkins (B) e Bill Dowdy (D), meninos que conhecem o terreno onde pisam: o blues e o jazz. Salsa, queixoso como sempre, disse que Harris, lá pelas tantas, cai na mesmice. Opinião com a qual eu não concordo. Acho o pianista até bastante criativo. E Simpkins e Dowldy sabem distribuir o feeling em suas conduções. Essa rapaziada pode ser ouvida também ao lado de Lou Donaldson e de Turrentine.


Vocês poderão comprovar isso ouvindo a amostra ali no podcast Quintal do Jazz ou, caso queiram, curtindo na íntegra no link: HERE!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Tommy Flanagan

Já afirmei, aqui e no Jazzseen, que o piano não é meu instrumento predileto. Tenham claro, porém, que isso não significa que eu não gosto de pianistas, ok? De fato, não sou muito chegado em trios (baixo, piano e bateria). Mas o universo conspira para que esse simples mortal entre em contradição e, de vez em quando, aparece um ou outro disco com essa formação que me obriga a rever meus conceitos. Um deles é uma homenagem a John Coltrane feita por Tommy Flanagan.

O disco em questão, gravado em dois dias do mês de fevereiro de 1982, chama-se Giant steps (clássico de Coltrane que, por suas variações harmônicas, tornou-se um dos desafios preferidos pelos músicos contemporâneos para demonstrarem suas habilidades e técnicas). Flanagan, ao piano, faz-se acompanhar pelo excelente baixista George Mraz e pelo baterista Al Foster. O trio propicia trinta e seis minutos e mais alguns segundos (a medida ideal: o bom e velho LP) de música do melhor nível. São seis temas muito bem tratados pelo trio: Mr. P.C., Central Park West, Syeeda's song flute, Cousin Mary, Naima e Giant steps. Uma palavra poderia resumir bem o que eu achei desse disco: elegante.

Vocês poderão conferir uma amostra ali no podcast Quintal do Jazz.

Link: HERE!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Joshua Redman

Boa tarefa me restou: falar do som dessa fera chamada Joshua Redman (aqui mesmo decantado, em outro momento, por meu parceiro Salsa). Nunca tive o prazer de ouvi-lo ao vivo, mas tenho uma boa discoteca com seus trabalhos. Isso me permite dizer que Joshua é uma das melhores coisas que já aconteceram no território do jazz - e não me restrinjo ao som contemporâneo. A facilidade com que ele manuseia seus saxes é espantosa. É difícil imaginar como um cara tão jovem pode deter técnica e sensibilidade tão impressionantes ao criar seus solos (esse contraste é, diga-se de passagem, um excelente presságio - como ficará esse rapaz dentro de alguns anos? O céu é o limite).


Hoje eu não deixarei nenhum disco em especial, mas um vídeo. Em post anterior, Edú comentou sobre a performance de Joshua e Carter no show em homenagem a Clint Eastwood. Pois bem, busquei no youtube essa passagem genial para o deleite dos nobres visitantes. Vocês poderão vislumbrar um dos grandes momentos do jazz contemporâneo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Doug Watkins

Ok.

Ando com saudades do jazz. Esclareço: tenho tocado muito pouco. Nem em casa (fui visitar o blog do Olney e ele bem lá, todo prosa, porque vai fazer um sonzinho com os amigos - e eu não fui convidado!!!).

Deixemos a inveja de lado: não toco, mas tenho ouvido bastante - e muita coisa boa, destaque-se. Um dos últimos discos a que dediquei maior tempo foi Watkins at large, gravado pelo baixista Doug Watkins em 1956. É um daqueles discos que podem agradar até o Predador, nosso xiita intergalático.

Doug nasceu em Detroit, em 1934. Ainda bem que a indústria automobilística não seduziu esse que pode figurar como um dos maiores e mais eficientes baixistas do jazz. Em compensação, foi um acidente com carro, possivelmente construído em sua cidade natal, que causou sua morte em 1962, no dia 5 de fevereiro.

Apesar de sua vida breve, Doug participou de centenas de gravações com os maiores nomes do jazz (Blakey, Miles, Lateef, Rollins, Mingus e os cambau a quatro). No disco citado, ele é o líder e está com uma trupe de fazer inveja: Donald Byrd (tp), Hank Mobley (ts nas faixas 1-4), Duke Jordan (p), Kenny Burrell (g nas faixas 1-4) e Art Taylor (ds). Vocês podem ir ali no pocast Quintal do Jazz para ouvir um pouquinho mais do mesmo bom e velho jazz: More of the same (de Thad Jones).

O link: HERE!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Clifford Jordan & John Gilmore

Enfrentar uma cozinha administrada por Horace Silver, Curly Russell e Art Blakey exige coragem. O aventureiro, creio, deve estar muito seguro quanto às suas habilidades e feeling, afinal, esse trio é responsável por um dos momentos mais memoráveis do jazz: A night at Birdland (com os jazz messengers) e há muito eram reconhecidos como mestres do jazz.

Pois bem, em 1957 dois jovens tenoristas - Clifford Jordan e John Gilmore - foram lançados às feras (que não estavam ali para brincadeira). Ambos são frutos (de acordo com as liners notes) do programa musical desenvolvido por Walter Dyett (mentor de feras como Ammons, Nat Cole e Benie Green) na escola DuSable, de Chicago. Ou seja, os meninos tinham sido muito bem assessorados e foram para a arena prontos para o embate. O resultado é mais do que bom, se considerarmos a juventude dos solistas, e está registrado no disco Blowing in from Chicago.

Vocês podem aconferir, ali no podacst Quintal do Jazz, o tema Blue lights (de Gigi Gryce) . O primeiro solo é de Gilmore.

O link: HERE

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Jazz contemporâneo?

Jazz contemporâneo, né? Então, tá.

Lembro-me, como se fosse hoje, que um dos momentos mais arrebatadores proporcionado por um jazzista, por mim presenciado, foi o show de Joshua Redman (trio: baixo, sax, bateria), em Ouro Preto, em 2007. O cd, por isso mesmo, acabou perdendo a sua força. Parece que, para mim, o brilho da apresentação ao vivo ofuscou o disco (que, reconheço, ainda se mantém como um excelente disco).

Mas, dia desses, encontrei outro cd, de outro saxofonista, que, ao meu ouvido, soou com toda a força de uma boa apresentação ao vivo, mesmo sendo um disco de estúdio (destaque-se: eu não assisti o show). Refiro-me a James Carter. O disco é JC on the set, gravado em 1993, tendo como sidemen Craig Taborn (Piano), Jaribu Shahid (Bass) e Tani Tabbal (Drums) - músicos que, vocês ouvirão, impõem respeito.

Nesse disco, James Carter está simplesmente selvagem, voluptuoso, e mostra-se dono de uma inventividade que deus legou a alguns dos seus poucos escolhidos representantes aqui na Terra. O que mais dizer do seu modo de soprar? Sim, Carter sabe como poucos explorar os harmônicos (graves, médios e agudos) de um saxofone (alto, tenor ou barítono), o que se torna sua marca registrada. Também percebe-se nele uma profunda admiração pela velha geração. Vocês podem confirmar isso ouvindo o modo como ele interpreta as baladas (Hawkins se insinua em vários momentos em seu modo de tocar).

É um disco em que a tradição se amalgama com a dicção contemporânea de modo espetacular(reparem na introdução de Caravan, em que Carter detona o barítono), sem se tornar aquela coisa franksteiniana e sem graça que vez e outra nos é apresentada por alguns músicos da mesma geração de Carter. Talvez os amigos, depois de ouvi-lo, questionem se esse é realmente um disco de Jazz contemporâneo. Para mim, é. Não se tocava desse modo nos anos quarenta, cinqüenta nem nos sessenta. Com certeza.
Dêem uma conferida ali no podcast do Jazz Contemporâneo.

O link: HERE!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Bennie Wallace - o retorno.

Passei lá no Jazzseen e li o comentário feito por Oleari sobre o pouco espaço dedicado ao jazz contemporâneo naquelas plagas. Aqui tem acontecido o mesmo. O podcast do jazz contemporâneo parou em Scofield e nada mais foi apresentado. Tentarei, agora, reduzir um pouco essa lacuna. Confesso, porém, que não foi fácil, pois muito pouco de atual eu tenho em minha discoteca. Mas, ao revirar a minha estante virtual na web, encontrei um disco que merece algumas linhas. Um disco do saxofonista Bennie Wallace, gravado em 1984 (ano do big brother).

O disco é Sweeping through the city, gravado com a companhia do trombonista e maluco Ray Anderson, mais Scofield, Mike Richmond (bass), Dennis Irwin (bass na faixa 7) e Tom Whaley (drums). De quebra, ainda rola o grupo vocal gospel The Wings Of Song.

Eu já conhecia o Anderson, que costuma retomar a tradição em seus discos com um misto de homenagem e iconoclastia. No disco do Bennie o mesmo acontece. Ele parece nos dizer "olha, gente, já não dá mais para fazer o som como antigamente, mas ainda dá pra fazer um som arretado usando os elementos que nos foram legados". E isso acontece: polirritmia, polifonia, viagens atonais, blues, swing, spirituals, tudo é mesclado sem o menor pudor, produzindo uma tessitura impressionantemente alegre. Uma festa. Dêem uma conferida ali no Podcast Jazz Contemporâneo (deixarei duas faixas).

O link: Here!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Swinging with Jimmy Knepper

Enquanto eu ouvia o disco que estou, enquanto escrevo, novamente ouvindo, lembrei-me do chapa-velho-de-guerra-jazzeiro-de-primeira-linha e presidente vitalício do clube das terças, mr. Reinaldo Santos Neves. Antes que me perguntem o por quê, vou logo respondendo: é um disco de swing e ainda por cima de um parceiro de Charles Mingus, um dos ídolos do prez. O band leader dessa gravação é o trombonista Jimmy Knepper.

O nome do disco é A swinging introduction to Jimmy Knepper, gravado em 1957. O time que o acompanha nesse exercício introdutório ao swing, um dos pilares do jazz, é de primeiríssima linha: Gene Roland (tp, nas faixas 5, 7, 9), Gene Quill (sax alto nas faixas 1-4, 6, 8 ) , Bob Hammer (piano nas faixas 5, 7, 9), Bill Evans (piano nas faixas 1-4, 6, 8), Teddy Kotick (b) e Dannie Richmond (ds).

Quem Também gostaria dessa bolacha é o chapa e fã de Evans e colecionador inveterado Rogério Coimbra (se é que não conhece - o cara tem tudo do jazz). Evans swingando? Poderia perguntar algum provocador. Mas, saiba você, provocador, que Evans conhece esse negócio como poucos - o piano, a música, o jazz.

Retornando ao líder da cena, fiquem sabendo que Knepper, meus amigos, sabe pilotar o trombone como poucos (sabia, pois faleceu em 2003). O seu som é preciso, veemente, e suingado, obviamente. Mas, puxando a brasa para a minha sardinha, eu gostei mesmo foi do Gene Quill. Esse camarada andou gravando umas coisa com Woods e participou de algumas big bands (de Krupa, Rich, Mulligan e outros que não me recordo e a preguiça não me deixa pesquisar). Que figurinha arisca, senhoras e senhores, que volúpia sonora, seus pés com certeza estão fincados no bop. Fez-me reouvir o disco diversas vezes. Para mim, Knepper e Quill dominam a cena do disco. Acho até que vou deixar duas faixas no Podcast Quintal do Jazz.

O link: HERE