Quinta à noite - Palco principal
Ricardo Silveira
Cheguei cedo ao palco principal para ver a passagem de som e curtir o vai e vem da produção. O bom de ser credenciado como membro ativo da imprensa é poder ir ao backstage ver os preparativos dos músicos. A rapaziada procurando camarins, encontrando amigos de outros festivais e, melhor, eu, com meu inglês "debukizondetêibou", entabulando longas conversas com os astros de plantão.
Quem chegou junto comigo foi o grande guitarrista Ricardo Silveira, que veio acompanhado com um time de primeira, incluindo o excelente naipe formado por Jessé Sadoc e Marcelo Martins, o baixista Rômulo Gomes e o grande astral e baterista André Tandeta (que também tem suas cicatrizes de tombos de moto - a coisa foi mais tensa pro lado dele do que para o meu).
O guitarrista falou-me um pouco sobre seu novo disco, Até amanhã, e sobre seu percurso desde Bom de tocar, o primeiro sucesso, lançado há 26 anos. O disco traz antigas canções com arranjos muito bons (eu tenho o cd) e novos temas em que se percebe aquilo que o guitarrista afirmou no nosso papo: seu vocabulário musical cresceu bastante com o passar do tempo, permitindo-lhe usar elementos especiais em cada tema executado.
A indubitável habilidade de Ricardo Silveira como instrumentista é corroborada pelos inúmero convites patra tocar com os grandes nomes do cenário internacional (Grusin, Toots, Metheny, Ernie watts e mais um monte de gente), reforçando o seu nome como uma referência para os apreciadores da guitarra. Modesto, perguntou-me se o seu som teria a ver com a cena da noite (ele abriria os shows). Respondi-lhe que os outros é que deveriam se preocupar em manter o nível. Palavras que se confirmaram com a excelente performance da banda.
O senão fica por conta dos técnicos de som que, mais uma vez, pisaram na bola (já havia acontecido no show de Mindelis). O naipe só passou a ser ouvido na metade do primeiro tema - o solo de Sadoc passou batido e o de Martins só foi possível ouvir quando estava no final. Lamentável. Segundo Martins, isso sempre acontece. Deve existir um complô contra os sopros.