sábado, 27 de junho de 2009

Stan "the steamer" Getz

Só depois que eu comecei a escrever em blogs foi que passei a dedicar algum tempo às notas, às fichas técnicas, aos detalhes que vêm escritos e descritos nas capas dos lps e cds. Preocupava-me mais em ouvir o som do que em ler. Achava eu que ali só poderia ter "rasgação de seda", "babação de ovo" em relação aos membros da banda. Se isso é um fato, também é fato que ali encontrarmos interessantes estórias e explicações curiosas sobre alguns detalhes das gravações, da história do jazz ou sobre alguns dos seus jargões.

Na contracapa do lp The Steamer, de Stan Getz, gravado em 56, por exemplo, é explicado que Steamer é o nick-name de Getz, e que teria sido criado por Oscar Peterson durante uma turnê européia da Jazz at philarmonic (em 55, creio). Oscar teria dito: "My, the Stanley Steamer is certainly cooking tonight" e, desde então, a rapaziada passou a tratá-lo desse modo. Não se trata, pois, da sonoridade do Stan, que está mais para cool do que para em ebulição e soltando vapor. O jogo está em relacionar "steamer" (vapor) com a expressão "cooking", jargão dos músicos de jazz que, ao contrário do que se poderia pensar (para nós, cozinhar é enrolar) designa aquele que está "mandando bem" naquela sessão.

Pois bem, Stan "Steamer" Getz reuniu-se com Lou Levy (piano), Leroy Vinnegar (baixo) e Stan Levey (bateria) para gravar esse excelente disco. Vale a pena dedicar um tempo para ouvir o piano de Levy (o seu solo em How about you? está sensacional), que, apesar de não ser um dos mais citados, é um músico que não deixa nada a desejar em comparação com os medalhões do jazz piano. Vinnegar e Levey já mereceram posts aqui e na vizinhança e já mostraram do que são capaz. Getz, por sua vez, nunca recebeu qualquer espaço aqui no meu sítio. Corrijo isso agora.

Em The steamer, o nosso herói está em plena forma e, com sopro firme e suave que lhe é peculiar, destila seu vasto repertório de frases; mais ainda, mostra-nos a sua grande habilidade em criar frases - sempre com um lirismo encantador. O som de Getz é daqueles que fazem a gente desejar tocar um instrumento. Se vocês não têm esse disco, aconselho que comprem-no logo. Vale mais do que cada centavo investido.

Ouçam alguma coisa ali no podcast Quintal do Jazz.

Link: Here!

15 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Caro Salsa,
Getz é um mestre. Tem um dos fraseados mais inconfundíveis do jazz (você que é músico, como é que ele consegue aquela sonoridade meio "lixada" - não sei como é o termo técnico, mas é diferente de todo mundo e não se parece com ninguém).
Tenho bastante coisa dele, mas esse disco não conheço, embora adore a sua fase West Coast (a quem ele sempre retornava, a bem da verdade).
Uma banda de primeira também - o Lou Levy é um dos pianistas pouco conhecido, mas muito confiável e tecnicamente à altura dos outros grandes nomes do West Coast, como Hampton Hawes, Jimmy Rowles, André Previn, etc.
Abração!

Salsa disse...

Prezado érico,
A principal via para a alma do saxofone une boquilha e palheta. O sopro, a maneira de soprar, é a alma. Cada saxofonista tem seu modo de insuflar vida naquele aparelho inanimado. Aí a coisa complica, pois envolve desde o diafragma até a musculatura da boca (língua inclusive).
Se você reparar bem perceberá que o som de Getz, aqui, está mais compacto, sem "arranhões", aveludado (próximo do que faz Desmond com o alto). O modo como o saxofonista articula esses elementos (embocadura)resulta em sonoridades diferentes. Quando a gente comprime pouco a palheta (e com maior volume de ar) o som costuma sair mais ríspido. Não sei se isso tem um nome. Nem creio que seja o caso de Getz. Pelo menos não nesse disco.

edú disse...

Salsa,
as melhores pessoas q se encontra na vida - principalmente as mulheres - tem pedigree.Por isso jamais deixe de lado as fichas técnicas.Por segurança,sempre tenho uma boa lupa nas proximidades para aumentar aquelas letrinhas na leitura.Não conheço disco efetivamente ruim de Stan Getz.

John Lester disse...

Mestre Salsa, creio que essa descoberta poderá trazer novos temperos às suas já saborosas resenhas.

Deu fome!

Grande abraço, JL.

Salsa disse...

Meu nobre enciclopedista,mr. Lester,
queria ter a sua disposição para tais pesquisas, mas, prometo, tentarei minimamente acrescentar algum tempero estórico às resenhas. Tentarei manter a cozinha a todo vapor. Aliás, dizem por aí que é na cozinha (cozinhando ou não) que se ouve as melhores estórias. As famosas feijoadas em seu lar são exemplo disso.

edú disse...

Assisti a um trecho de um documentário - q rapidamente coloquei para gravar inteiro - sobre o processo criativo de Hermeto Paschoal musicando uma trilha de cinema no Canal Brasil (66 Net).Rapidamente recordei - tem no You Tube - de Hermeto quase q arrastando verbalmente Stan para uma canja , durante o primeiro Festival São Paulo/Montreux de Jazz.Hermeto apelava entusiasticamente :"Stan Ghetti vem aqui tocar um forró".Getz não se escondeu e nem fez de rogado,entrou ,por alguns minutos, na anarquia do nosso bruxo do som.

John Lester disse...

Mr. Getz só fazia cara feia para Chet Baker.

Na única oportunidade em que estive pessoalmente com ele, na inauguração da vinícola Sanford Winery, na exuberante região de Santa Barbara, California, Getz foi gentil e nada burocrático, chegando mesmo a saborear conosco uma ou duas dúzias do magnífico pinot noir produzido por Richard Sanford. O nome do vinho? La Rinconada. Beba sem medo esse néctar obtido de vinhas plantadas com carinho desde 1971 por Richard, um dos primeiros produtores do condado.

Grande abraço, JL.

figbatera disse...

Caramba, Lester, duas DÚZIAS?
Alguém saiu de lá ainda acordado? rs

John Lester disse...

Caro Olney, quando dei por mim, estava na Crescent City ouvindo um blues.

Grande abraço, JL.

Salsa disse...

Ê, Lester, véi de guerra. E nós aqui bebendo sang du bois.

jazzlover disse...

Obrigado mestre Salsa, sou admirador e colecionador do Stan Getz.
Tenho andado afastado do blog em razão de absoluta falta de tempo e tb pelo trabalho que este explorer 8 têm me dado depois que instalei no meu PC. Ele quer monitorar tudo e em varias ocasiões simplesmente não abre a pg. Alias aconteceu com seu blog que ele dizia que não podia abrir a pg.O Vista ja é um porre, agora com este explorer 8 sheriff, esta demais.Tomarei providencias !!

Salsa disse...

Tenho ouvido comentários sobre as novas ferramentas da internet. Dizem que elas servem mais para monitorar o usuário do que para qualquer outra coisa. O Big Brother está aí. O mundo tem mostrado uma face que me assusta: fascismo galopante.

jazzlover disse...

É verdade amigo, estamos caminhando para uma sociedade absolutamente totalitária onde o estado controla e besbilhota tudo, e so ele se locupleta, hahaha...
Olha so o show que lhe mando com prazer:
Scott HAMILTON, Ken PEPLOWSKI & Spike ROBINSON - Groovin' High (1991)

http://rapidshare.com/files/159550744/HPR-GH.rar

hamfat disse...

Please, can you give me the password for this link. If you know how to contact jazzlover I would really appreciate it.
I have been looking for this CD for some time.
Thank you,
Scott

Paolo Tamburini disse...

jazzlover disse...

É verdade amigo, estamos caminhando para uma sociedade absolutamente totalitária onde o estado controla e besbilhota tudo, e so ele se locupleta, hahaha...
Olha so o show que lhe mando com prazer:
Scott HAMILTON, Ken PEPLOWSKI & Spike ROBINSON - Groovin' High (1991)

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3 de julho de 2009 02:00
Can you please give me the password for this download?
I've been looking for this record for a long time.Thank you!