terça-feira, 16 de junho de 2009

Rio das Ostras - Blues urbano e blues da roça


Lembro-me de, no ano passado, em Rio das Ostras, ter perguntado ao guitarrista texano que toca com John Mayall se o blues, assim como o jazz, também havia se mudado para a Europa. Sua resposta foi simples e objetiva: o blues nunca deixará de ser americano. Depois de, esse ano, ouvir John Hammond e Coco Montoya, sou obrigado a admitir isso. Nós jogamos futebol, tocamos samba e bossa, até fazemos um bom blues, mas essa praia é mesmo dos gringos.




John Hammond, branquelo comprido e simpático, empunhando seu violão e com uma gaita presa num suporte (a la Dylan) fez um blues mais "raiz", roceiro, da margens do Mississipi, das fazendas de algodão do sul dos USA. Pode-se dizer que John Hammond é um músico que não tem dúvidas sobre o que faz. Seu estilo é bem definido e o segue desde o início de sua carreira. O Robert Johnson branco, como ele costuma ser chamado, assessorado por Marty Ballou (baixo), Neil Gouvin (bateria) e Bruce Katz (teclado), Hammond conseguiu dar o seu recado numa boa, envolvendo o público com sua performance.




O canhoto Coco Montoya é urbanóide (seu som é próximo à tradição de Chicago) e não inverte as cordas de sua guitarra. Uma coisa foi fácil de observar: desde os primeiros acordes, desde as primeiras notas que emergiram do contato de sua palheta com as cordas de sua guitarra ficou claro que se tratava de um grande músico. Curiosamente, Coco Montoya iniciou sua carreira, de acordo com o release do festival, como baterista do blueseiro Albert Collins. E foi com ele que aprendeu tocar guitarra. O mestre pode se orgulhar do seu aluno, pois Montoya fez um show muito bom.




Uma observação técnica para os blueseiros de plantão: o blogueiro Guzz (CJUB), fã de guitarras, durante um papo com o guitarrista, obteve informações sobre o seu instrumento: foi fabricado por um luthier californiano e usa duas numerações de cordas simultaneamente (12 e 11) para conseguir a sonoridade que tomou de assalto o público presente no palco da Enseada Azul.




5 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Caro Salsa,
Parece que as águas do Mississipi desaguaram no Rio das Ostras!
Abração.

Salsa disse...

É verdade, Érico. Houve uma predominância das águas barrentas que regam o blues.
O jazz, bem, sobre o jazz eu falarei depois.

Gabriela Galvão disse...

John Hammond eh msm mt bom; vi seu show sentadinha, prestei atenção a tudo e admirei os instrumentos tb.

Ñ vi 'nada de mais' em Coco Montoya, talvez pela expectativa grande, sei lah.


(Vai me responder, ñ? Agora este blogue eh feito soh por vc, como eh q eh?)

Salsa disse...

CD foi devorado por chacais num planalto ermo da África. Vinyl foi abduzido por ovnis e, a essa altura, já deve estar há alguns milhões de anos-luz de distãncia.
Estou só, pois.

Celijon Ramos disse...

Caro Salsa, felicito-lhe pela presença no festival. Estou ansioso pelas notícias das apresentações de jazz.
Agradeço-lhe a visita ao Soblonicas. Escrevi im post sobre Tânia Maria. Quando puder, veja-o.

Um grande abraço!