Existem nomes que se impõem nesse nosso universo. Por suas reconhecidas contribuições para que esse mundinho cão tenha algum sentido, por suas histórias, por suas sensibilidades, por suas artes, essas pessoas merecem nossa consideração e respeito. Aqui no cantinho da música tem uma boa quantidade, ou melhor, creio eu, são poucos, mas o efeito de suas obras é elevado a enésima potência, causando a impressão que são milhões produzindo o belo diariamente. Alguém até pode me dizer que existem milhões proliferando o belo, mas eu ando pessimista quanto a esse número.
Apresento-lhes, hoje, caros navegantes, uma nova versão do BBB. Não, não tem nada a ver com biguebróderbrazil. Tranquilizem-se. O que lhes trago é a reunião de Benny Carter, Ben Webster e Barney Bigard. Sim, senhores, BBB & Co é um disco gravado em 1962 protagonizado pelo sax alto, pelo tenor e pela clarineta. Os três formam um time sensacional, que, assessorado por Dave Barbour (guitarra), Mel Lewis (bateria), Jimmy Rowles (piano), Shorty Sherock (trumpete - outro melhor que Miles) e Leroy Vinnegar (baixo) consegue alçar nossa existência a um patamar mais elevado. O clima bluesy emanado das quatro faixas mexeu com esse velho coração.
Cada um desses músicos merece um post (Vinnegard já recebeu um muito bem elaborado lá no blog do Érico). Carter e Webster são ícones do jazz, cantados e decantados por todos os apreciadores desse estilo. Já Barney Bigard a gente não vê muita coisa escrita por aí. Ele nasceu no início do séc. XX (1905 ou 6, confiram por favor) e faleceu em 1980. Tocava clarineta e sax tenor. Tocou com a banda de Joe "King" Oliver, e, ainda na década de 20, passou a tocar com Ellington (casamento que durou aproximadamente quinze anos). O seu sopro, vocês ouvirão, é daquele tipo envolvente que vai bem com uma boa garrafa de vinho.
Outro nome pouco falado é o do guitarrista Dave Barbour. Ele tem uma longa história como membro de orquestras (Herman, Goodman, Shaw e várias outras). Foi casado com Peggy Lee durante nove anos, mas a cachaça (e, creio, o excesso de açúcar de mrs Lee) levaram-no a precoce morte. Observem o seu modo sutil de encarar as cordas da guitarra - é agradável.
Confiram o show ali no podcast Quintal do Jazz.
O link: here!
16 comentários:
Que trio, Mr. Salsa. E que saudade do tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça, quer dizer, que BBB significava "bagulho bastante bom" ou "brava bossa bacana" ou "belíssimo blues benéfico"!!!!! E que timaço na seção rítmica: Jimmy Rowles, Mel Lewis, Leroy Vinnegar e Dave Barbour.
Mas vocês implicam com o Miles, hein! Não podem falar de um trompetista que logo dizem que o cara é melhor que o Davis - isso merece uma investigação mais detida, quiçá freudiana (rs, rs, rs).
Abração - uma dica de primeiríssima!
Que thiurma Salsa,muito brigado !
Prezado Érico,
O sumido Garibaldi, patriarca do clube das terças (em Vitória), há alguns anos iniciou uma cruzada para desmitificar Miles como instrumentista (foi registrada em um conto escrito por Reinaldo Santos Neves, nosso escriba-mor). Ele dizia que não suportava mais a babação em torno de MIles, em que afirmavam ser ele o maior trompetista do mundo. Para o sumo sacerdote venusiano (deve estar em seu planeta de origem), Miles fez bons discos e ponto. Como instrumentista são outros quinhentos. Houve uma dissensão quanto ao tema, a partir da qual criou-se uma tendência unicelular pró-miles formada por Grijó, do blog Ipsis litteris. O restante concorda com Garibaldi. Eu gosto do Miles (tenho sua discografia quase completa), mas não o acho o melhor do mundo jazzístico.
E por falar em trompetista, você tem algo Shorty Sherock?
É verdade, Jazz, os meninos batem um bolão. Foi uma boa surpresa para mim (recebi de presente de um amigo).
Caro Salsa,
Nessa luta do rochedo com o mar, digo, dos "milesitas" contra os "anti-milesistas", acho que cerro fileira com os primeiros, se a discografia do cara for considerada até 68/69. Pô, a obra do cara é genial até esse período (tô falando de Walkin', Relaxin', Birth Of Cool, Musings Of Miles, Milestones, e mais um boa vintena de discos, e nem vou falar de um certo disquinho que tá fazendo 50 anos!!!!!!!). A partir de In a Silent Way, Tribute to Jack Johnson e Bitches Brew eu tô fora!!!
Não obstante, tenho um post saindo do forno (acho que vou colocá-lo na segunda ou terça) falando sobre o Miles. Creio que o pessoal do Clube das Terças não vai gostar muito (rs, rs, rs)!!!
Quanto ao Shorty Sherock, confesso a minha absoluta ignorância: não o conhecia, mas vou procurar conhecer o seu trabalho. Se tiver alguma coisa dele é em coletânea com o pessoal da West Coast, mas tenho que procurar. Como líder, não tenho nada.
Grande abraço!
O assunto principal é o disco BBB & Co. Ótimo disco por sinal, mas, já que mr.Salsa falou sobre o "demonio", vamos entrar no inferno: qualquer trumpetista dos anos 40/50/60/70... era melhor que Miles Davis. O sr.Garibaldi de Magalhães, em seu texto " A Aboborização de Miles Davis", conta a verdadeira história do falso mito. Alerto ao sr. Érico sobre seu "post saindo do forno" e acho melhor nem publicá-lo, pois certamente, muitos jazzofilos, e não sòmente o pessoal do Clube das Terças, "cairão de pau" em cima do sr.Cordeiro.
Esse debate vai ser quente; eu quero ver de camarote...
Caro Predador,
O desafio está lançado e posta-la-ei (a resenha) exatamente à meia-noite deste domingo (de sábado prá domingo, está bem claro)!
Advirto-o, ó iconoclasta criatura de outra galáxia, que a tropa milesista já está preparada com todo o arsenal de Kind Of Blue (disse o nome), Milestones, Walkin, Relaxin, Cookin, Steamin, ESP, Sorcerer, Round About Midnight, Miles Smiles, Seven Steps To Heaven, Someday My Prince Will Come, Musings Of Miles, Workin', etc (me apresente um, unzinho, um mísero, um singelozinho jazzista que possua em sua discografia tamanha quantidade de obras dessa qualidade...)!
Quem viver verá!!!!
À meia noite, no canal JAZZ + BOSSA (música de faroeste!!!!).
PS.: Mr. Predador, ainda não tive a honra de sua visita no JAZZ + BOSSA, por isso antes do grande duelo internético blogsférico entre milesistas e anti-milesistas, o armistício está valendo e aguardo-o no JAZZ + BOSSA com cafezinho e pãezinhos de queijo virtuais - MAS SÓ ATÉ MEIA-NOITE!!!!!
Por-ra-da! por-ra-da! por-ra-da!
Vou meter aqui a minha colher. Se sobrar para mim, paciência.
Ser bom instrumentista não significa ser um bom músico de jazz. Nem significa ter dado um contributo válido para a evolução desta música que por aqui nos congrega.
Indiscutivelmente um bom instrumentista, Miles trilhou um percurso único na história do jazz. Com Parker e Gil Evans, nos quintetos com Coltrane e Shorter, e na 1ª fase dos seus anos eléctricos, granjeou um lugar de destaque entre os seus pares.
Do seu generoso espólio discográfico apenas não simpatizo muito com The man with the horn e seguintes. É uma questão de preferências pessoais, ou talvez mais que isso…
A existir um pódio, coloco Satchmo no 1º lugar e Miles em segundo. Como geniais músicos de jazz.
Saudações jazzísticas.
Nosso amigo pescador está sendo injusto: eu colocaria Miles como o maior cafetão que o jazz já produziu. Em segundo, Duke Ellington.
Se fosse branco e vivesse na época da escravidão, Miles seria o latifundiário típico, enriquecendo com o suor alheio.
Grande abraço, JL.
Ah, não Mr. Lester.
Estávamos mexendo apenas com entidades terrenas. Se você quiser mexer com as hostes celestiais (e estas são muito mais numerosas que as hostes milesistas), a vingança será maligna!!!!! (música de filme de terror).
Então, amanhã (segunda feira, à meia-noite) haverá missa em prol de São Duke, quer dizer, post em homenagem a Ellington (e olha que o cara já é dólar - poderosíssimo!!!!!).
Grande abraço, Oh Capitão, Meu Capitãao!!!!!
Caro Mr.Lester,
Está na hora de chamar Travis Bickle para acabar com todos esses malandros. :-)
Saudações piscatórias.
Viram como Miles rouba a cena?
Quase ninguém comentou o disco postado...
Grande lembrança, Mr. Fisherman (posso chamá-lo assim?).
E fiz uma citação a esse maluco no post sobre o Duke Jordan (o bêbado que interpela o taxista/pianista e pergunta "tá falando comigo?"), mas ninguém pareceu ter reparado.
Saudações transatlânticas e, Mr. Salsa, o nosso mui digno capitão Lester está querendo mesmo provocar as forças celestiais - mexendo com Zeus que tá lá no Olimpo quietinho e olhando todos nós aqui embaixo(rs, rs, rs).
Abraços a todos!!
"You talkin' to me" Mr. Cordeiro? :-)
Claro que pode chamar-me Mr. Fisherman.
E quero desde já disponibilizar-me para integrar as hostes defensoras de São Duke. :-)
Saudações.
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