quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rio das Ostras - e o jazz?

Logo que eu comecei a escrever sobre o festival de Rio das Ostras, os amigos perguntaram "E o jazz, Salsa, e o jazz?". Com certeza, esse foi um festival restrito quanto a esse aspecto. Em outras oportunidades houve maior abrangência de estilos, permitindo ao visitante, aficcionado ou não, experiências mais interessantes.

A tendência no sentido de tornar o festival mais "moderno" ficou mais patente. Os "clássicos" do jazz foram Jason Miles e Spyro Gyra. Faltou dizerem não confio em bandas com mais de trinta anos. Muitos dos meus amigos jazzófilos se quer consideram os citados como jazzistas. Enfim, se eles lá tivessem ido poderiam ter morrido de desgosto ou matado alguns músicos.

Eu não partilho dessa posição extremada. A música se movimenta. O jazz também, obviamente. Se não, ainda estaríamos ouvindo dixieland e não existiriam Hawkins, Monk, Coltrane, Mingus, Burrell, McBride, Jarret ou Evans. Mas me incomodou não ter ouvido nada que lembrasse os citados.

Minto. A única coisa que seguiu o veio principal do jazz foi o Júlio Bittencourt Trio, que se apresentou no Hotel Atlântico, próximo à Lagoa de Iriri. Os irmãos Júlio (bateria) e Luciano (guitarra), mais o excelente baixista BJ Bentes, acompanharam a americana Rodica (radicada no Brasil), dona de uma bela voz, em um show honesto e bem equilibrado. O show não fazia parte da programação oficial (aspecto que poderia ser melhor explorado pelos donos de bares e hotéis de Rio das Ostras).


Quanto ao festival, fiquei incomodado com a restrição do cardápio. Mas isso não significa que eu não gostei dos pratos servidos. Jason Miles, por exemplo, me surpreendeu. A sua história de programador de teclados me deixou reticente. Reticências que se transformaram em exclamações e interrogações (!?!?!) com o susto inicial provocado por um batuque gringobrasilianista acrescido de efeitos de teclados. No entanto, Jason deu a volta por cima rapidamente e mostrou a força de sua banda fusion.


O trabalho de Jerry Brooks (baixo), Brian Dunne (bateria) e do trompetista Michael ”Patches” Stewart foi muito bom. Brooks e Stewart, então, foram muito além daquilo por mim esperado. As performances dos dois foram excelentes. A homenagem fusion de Miles a Miles valeu, apesar da chuva que caiu e encurtou o show. Um colega ao lado disse: "acho que São pedro não gostou".




PS - Um porém: ainda não consigo engolir a idéia de um dj ser considerado músico. Achei completamente desnecessária a presença do tal DJ Logic no palco, arranhando vinís.

4 comentários:

figbatera disse...

Concordo inteiramente com o Salsa sobre o cardápio do festival.
Pouco jazz, algum blues e muito fusion e outras cositas que nem sei classificar.
O Show extra-festival no Hotel Atlântico com a Rodica e o Julio Bittencourt Trio na tarde sábado foi um ótimo "refresco" pra nossas cabeças. (Ainda bem que o Salsa me ligou e me informou sobre esse evento); quase que eu perco.

Érico Cordeiro disse...

Caros Salsa e Figbatera,
Parece que o festival desse ano deixou um pouco a desejar no quesito "jazz mesmo". A programação de blues e de vertentes mais "modernas" (Spyro Gira, Rudder, Jason Miles), em contrapartida, foi bastante representativa. Mas tenho certeza de que valeu a viagem - afinaal show é sempre legal. E no ano que vem tem mais (se tudo der certo a gente se vê por lá).
Abração.

edú disse...

Salvo engano, o trio é oriundo da cidade de Cruzeiro - localizada quase na divisa do estado de SP com o Rio de Janeiro.A cidade - q conheço razoavelmente - é pequena para os padrões dos mais endinheirados municípios do interior paulista.E o grupo defende com bravura e indômita insistência a sobrevivência do jazz naquela região denominada Vale do Paraíba.

Salsa disse...

É isso mesmo, Edú.