No sábado, à tarde, fui almoçar no Bené da Flauta (o primeiro mineiro que "tropeça" ao fazer comida mineira - depois eu falarei disso) e encontrei Nicholas Payton e sua turma. Falei, entre risos, que esperava ouvir seu trompete brilhar à noite (eu, de fato, temia que Payton fizesse um show voltado para as experimentações contemporâneas). Já no centro de convenções, após o bom show de Karrin, deparei-me com uma parafernália percussiva que me deixou preocupado - pensei que Payton iria fazer uma viagem étnica qualquer. Enganei-me.
Nicholas Payton mostrou-se como o trompetista de primeira linha que ele realmente é. O som encorpado de seu trompete (lembra o flueghel), sem surdina, tomou conta do ambiente impondo uma boa sessão de jazz (sem desprezar elementos da contemporaneidade - mas sem excessos). O jovem baixista Vincent Archer (esse festival foi povoado por uma profusão de jovens bons instrumentistas - sinal que a coisa está longe de acabar) e o pianista Kevin Hays (foto) deram uma boa demonstração de como apoiar o tabalho do líder. O percussionista deu uma coloração diferente ao set mas não foi nada que comprometesse a performance. Aliás, Daniel Sadownick, assim como o baterista Marcus Gilmore, se saiu muito bem, evitando pancadarias desnecessárias.
O momento surpreendente do show foi a boa homenagem a Chet Baker, na qual Payton solta a voz (boa, por sinal) com aquele clima cool que o finado ídolo destilava em suas interpretações. O ápice fica por conta da bela interpretação de The days of wine and roses, em que o grupo mostrou um enquadramento especial do tema. Alterações rítmicas, um bom uso das pausas e ousadias harmônicas compuseram um groove ultra envolvente que arrancou aplausos veementes da platéia. O placar, até esse momento, estava em dois a zero a favor da boa música.
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