Conheci Carla Bley ainda no cd Dinner music , um dos primeiros. O que, na época, chamou minha atenção foi a concepção dos arranjos: tudo soava simples e altamente digerível, apesar do tempero outside que permeava todos os temas. Ao ouvir The Lost Chords find Paolo Fresu, seu disco mais recente (The Lost Chords é o nome do quarteto), a impressão não se altera. Carla (piano), Swallow (baixo), Andy Sheppard (sax tenor e soprano) e Billy Drummond (bateria) mantêm o peculiar modo de compor e tocar. O flueghel de Fresu, por sua vez, merece o destaque no título. Seu sopro é encorpado e extremamente lírico (por favor, não confunda com meloso ou piegas), casando perfeitamente com a sonoridade que vigora nesse interessante trabalho. Fresu é um nome que reforça a idéia de que o jazz se mudou para a Europa, e, por que não, para outros rincões distantes nesse mundão sem porteiras. O encarte traz uma narrativa curiosa de suas viagens pelos trópicos (américa central e do sul), que poderia suscitar rancores nacionalistas para os patronos das visitadas repúblicas de banana (as seis primeiras faixas, reunidas sob o título The banana quintet, abordam diretamente essa viagem) . Mostrou-se compensador o esforço para encontrar Fresu, que levou a banda por caminhos ermos e selvagens, passando por Roma, para, enfim, conseguirem encontrar Paolo* em Paris: a sessão gravada em França é muito agradável. Confiram One banana.
*Pronuncia-se paulo e não paôlo, como é o costume tupiniquim.
5 comentários:
Bom post. Carla Bley era uma das únicas “peças” do casting da ECM que tinha um som mais caloroso e estimulante.Assisti a uma apresentação sua em duo com seu marido,Steve Swallow , em Campos do Jordão.Tinha , no máximo, umas 30 pessoas no auditório.Depois da apresentação e pela facilidade de acesso, conversei com o casal.Swalow me disse – Carla é mais reservada – que moravam numa espécie de chalé em Oklahoma, despojada de eletrodoméesticos( sem televisão ou aparelho de som ), fora os instrumentos dos dois.E , por esse motivo, passavam a maior parte das horas do dia em casa tocando e fazendo música. Edú
Valeu, Edú. Suas peculiares observações sempre acrescentam um tom interessante ao post.
Quanto ao público, um colega que vive em LA, foi ouvir um jovem pianista venezuelano (esqueci o nome) considerado um dos melhores da atualidade: o público também não passava de duas ou três dezenas. Ele também acha que o jazz se mudou dos EUA.
Eu também aprecio o trabalho de Carla. Tenho alguns na discoteca, mas esse eu ainda não conhecia. Valeu o post, Vinhas
confesso que me confundi a respeito do swallow ser marido da carla bley, pensei que fosse o paul bley, enfim ...
o pouco que ouvi do paolo fresu gostei ... tenho um dvd dele em trio, inusitado por sinal, com o pianista Jan Lundgren e Richard Galleano
bela sonoridade !
Prezado Gustavo ,parabéns pela passagem da data novamente aqui.Carla Bley não dividi o leito com o Paul Bley há mais de 30 anos.Não sei sinceramente a data precisa do desenlace, mas estiveram casados - segundo meus alfarrábios - durante os anos 50 até o final de 1968. No entanto, continua amicíssima do ex- marido tanto que conservou o sobrenome com sua concordância e já gravaram diversas vezes juntos.Mas a relação com Swallow,presumo, não foi sacramentada nem na igreja nem em oficializada em cartório apesar de estar superando três decadas.Vivem ,portanto, em pecado pra alguns.Edú
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