Nonato me enviou mais um contículo para a série. Curtam (com a trilha sonora):
Meu coração soluça quando o vejo, mais uma vez, desfalecido sobre a mesa de bilhar dessa espelunca. Oh, Lee, Lee, eu achei seu trompete. Vem comigo, vem... Assim, assim, apóie-se em mim. Vamos, vamos, eu arranjei uma gig para você. Será com Freddie, ele quer muito te ver e ouvir. A voz pastosa sussurrou ah, minha queridinha, eu só preciso dormir mais um pouco, minha Helen (...) Blakey me disse que a heroína há muito havia se tornado a vida de Lee. Por isso o mandou embora. Ele não conseguiria mais tocar. Mas Lee não está morto. Minha vida é sua, Lee, é sua. A minha vida é a sua... Malditas lembranças, malditos pensamentos em mim... Mas eu dei a vida a Lee, eu o fiz renascer... e como ele brilhou. Você sabe, todos sabem. Você já o ouviu tocando I remember Clifford? Ouça, ouça. (...) Eu não teria forças para fazer tudo de novo... Perdê-lo para uma vadia drogada ... perdê-lo para a heroína. Ah, meu herói, eu não poderia deixá-lo morrer sugado por vampiros. Mato-o eu.
10 comentários:
Ouvi dizer que ele fez um negócio pra mais de quilo de cocaína e se desentendeu com o traficante. Pediu que Helen levasse a sua arma, mas, lá chegando, a moça encontrou Morgan com uma dona com quem ele pretendia ficar. Helen não agüentou o tranco (ser trocada depois de tudo... nem pensar) e, depois de acalorada discussão, mandou algumas balas nos cornos do nosso grande trompetista.
Morgan era tido como o sucessor de Clifford Brown. A interpretação da bela balada dedicada à memória deste último é excelente.
Dizem que Helen foi absolvida, por perda momentânea da razão.
A música é muito boa. O conto eu achei um pouco puxado no tempero dramático, mas tem o seu valor.
É isso.
Um conto que mostra os últimos momentos. O jazz, assim como seus veículos, não deveria ter últimos momentos.
Mas valeu o conto - ou contículo, como nomeia o editor-chefe.
E valeu a intimação.
Boa música e uma boa escolha. Um Bom Ano de 2008.
Olha, Vinyl e Salsa - que anda ausente e fazendo falta no SS -, acaba de acontecer um, no popular, "transmimento de pensação". Vim aqui, justo pra te pedir, Vinyl, que comentasse meu comentário na postagem de Lee Morgan, 'The Procastinator', sobre considerações que fiz a cerca do assassinato em 1972. "Quem ama não mata?", Eu sei que é frase feita e a vida é muito mais complexa. Mas nunca achei um caso real que justificasse uma afirmação contrária. Mata-se sim, por amor. Pois, pra mim. e agora, reforçado por este belo texto, antes até, como escrevi no tal comentário: tinha era muito amor naqueles 2 tiros. A mais mortal forma de amor. Mas que era amor, ah, lá isso era.
Em tempo: estou ouvindo uma participação de Lee Morgan suigêneris num álbum com a seguinte formação: Ahmed Abdul-Malik, Lee Morgan, Johnny Griffin & Benny Golson, "East Meets West". Conhecem?
Ah, Sérgio, em nome do amor já foram (e serão) cometidas infinitas atrocidades. Afinal, amor tem boa dose de loucura.
Quanto ao disco, esse eu não tenho. Tentarei descolar com os amigos.
Se não achar fácil, e se quiser mesmo - sabes que dá um certo trabalhinho - te faço um link, cobre-me. Pode cobrar.
Quanto ao tema, há uma grande confusão entre amor e paixão. Pra mim amor é paixão muito bem lapidada, ambiente onde a doença dificilmente se instala. Daí a se dizer "quem ama não mata". Mas essa história de Lee e Helen adiciona um ingrediente eutansiano, "Mato-te para que te protejas de ti e de todos que querem te ferir. Em seguida irei ao teu encontro." Observe que percebi imagem semelhante à dramatização do Gésus, mesmo antes de tê-la lido. Louco isso, né?
Enfim, o que conta é que só hoje já ouvi Introducing LM, Combread, East meets West, Dizzy Atmosphere, The Gigolo... e não saio de casa sem (re)escutar o dito "the best" Sidewinder.
Morgan é o cara !
Um dos discos que mais gosto dele e que tenho ouvido bastante ultimamente é o "Search for the New Land"
Esse também é muito bom. Vale a pena ter na discoteca.
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