Que o jazz tem percorrido caminhos muito loucos não é novidade. Constato isso mais uma vez ao ouvir o "listado" disco do trompetista Dave Douglas, que Vinyl e Salsa fizeram-me ouvir para um possível comentário, que agora publico. A tarefa não é muito simples: ter que esquecer o coração e tentar ser razoável para não arremessar discos pela janela ou quebrá-los (como fazia o pernóstico Flávio Cavalcanti na tv tupi, antigamente). Não que esse seja o caso desse disco. Não é para tanto. Não é música pra gente sair assobiando por aí mas achei mais audível do que o disco do Brecker (é mais ousado, pelo menos). O jazz se faz mais presente. A influência de Stravinsky, influência confessa, também. Em alguns momentos prevalece uma estranha polirritimia criando uma insólita unidade sonora (algo free - momentos difíceis, para mim). O baixo segura uns patterns e a bateria despeja notas acentuando em momentos inesperados, o que ocasiona uma sensação de o chão da música ficar um tanto instável (Twombly infinites, por exemplo). Um coração com arritmia? Taquicardia, é isso. Eu fiquei apreensivo ouvindo Meaning and mystery, cd gravado em 2006 por Dave Douglas e seus comparsas (Uri Cane - Fender Rhodes, James Genus no baixo, Clarence Penn na bateria e Donny McCaslin no sax tenor). Há, no entanto, citações da tradição de New Orleans no tema Elk's Club, faixa mais ao meu gosto, e um walk bass em The team (o que mais lembra o velho jazz). Desculpo-me e deixo as duas para vocês ouvirem.
2 comentários:
Não reclama, Dias. Esse disco de Dave é bem menos experimental que alguns anteriores. Mas eu também estou dispensando.
lembro que a lista da Down beat é referente a meados de 2006 a meados de 2007. Esse disco é o 1o° da lista dos críticos.
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