quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Pilgrimage - Michael Brecker

Pretendemos, a partir de hoje, fazer alguns comentários sobre outros "alguns" discos que constam das listagem dos supostos melhores do jazz do ano passado (Salsa escreveu sobre Kurt Elling no mpbjazz). Nas diversas listas sobre os destaques do jazz produzidos entre meados de 2006 e meados de 2007 consta o nome de Michael Brecker. O disco Pilgrimage, o último dele (mesmo!), conta com a participação das figurinhas carimbadas Metheny, Hancock, Meldhau, Dejohnette e Patitucci. Grande saxofonista? Sem dúvida. Conhece o instrumento de cabo-a-rabo? Sim, senhor. Influencia toda uma contemporânea geração? Influencia sim, senhor. Ele merece todas as homenagens? Merece, sim senhor. Hoje tem espetáculo? Aí, depende. Se você acha que o blues e o suíngue (esse último não entendido apenas como uma fórmula matemática que revê os intervalos da música, mas também como aquela alegria que dominava o meio de campo no passado jazzístico) são indispensáveis para o ouvido e o coração, é bom procurar outro disco. Se você gosta de ouvir a rapaziada passeando em seus instrumentos, exercitando duetos/convenções de métrica e execução complicadas esse é um prato cheio. Para mim, é o tal jazz cerebral. O coração do disco tem uma batida que não me afeta. Por obrigação: When can I kiss you again? E aí? Beija ou não beija?

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Vinhas

Concordo plenamente com você: Michael Brecker foi um grande músico, mas carecia de "feeling" jazzístico.

Olmiro Müller

ReAl disse...

É verdade. Ouvi alguns discos dele e sempre fica aquela impressão de que está faltando alguma coisa: o tal feeling.

Anônimo disse...

Mas ouvindo esse "timaço" que gravou com ele eu saio beijando todo mundo (mulher, claro)!
olney

Anônimo disse...

Michael Brecker em sí nunca careceu de "feeling jazzistico". O que na verdade ocorre, é que o fusion, que marcou muitos dos seu trabalhos, envolve o rock, que pode em alguns casos anular o suinge. Porém é só ouvir seus trabalhos mais jazzisticos como o CD "Tales from the Hudson", "Time is the Essence" e "Two Blocks from the Edge" que você vai ouvir um suingue impressionante e um senso de interpretação melódica que reflete esse caratér do jazz mas "puro" (eu realmente odeio esse termo, mas ele se faz necessário...). Porém, de fato este ultímo CD (e o penúltimo "Wide Angles" também) não é um trabalho essencialmente jazzístico no que diz respeito a essa "pureza" de suinge, e sim um grande resumo de sua carreira musical, mas que vai muito alem disso: nos dá uma visão de onde iria a sua música se ainda estivesse entre nós.
Com certeza, se você é um purista do jazz não vai gostar desse CD. Mas se você não tem uma visão tão limitada do estilo com certeza vai se deslumbrar com as sonoridades complexas, angulares e incrivelmente belas.