sábado, 31 de janeiro de 2009

Hubbard: veio para ficar!

Salsaroca, meu filho, não vá fazer como o CD e se escafeder no meio da floresta. Espero que continuemos nossa parceria jazzística e blogueira. Ah, e não saia por aí dizendo que eu sou fã de fusion. Eu até gosto de alguma coisa, mas minha discoteca dessa vertente é mínima. Agora, por exemplo, eu não estou ouvindo fusion, mas um dos músicos que deu uns bons palpites nessa área: o finado Freddie Hubbard.

Imagina só esse camarada, com algo aí pelas bandas dos vinte anos, despencando de Indianapolis direto para New York para encarar os grandes monstros de jazz? É óbvio que ele não amarelou. Logo, logo, ele se mostrou como sendo um deles, uma fera entre as feras. Aos vinte e quatro anos gravou um trabalho interessante, com a marca de um músico seguro, cujo título já dizia tudo: Here to stay. Veio, ouviu, tocou e convenceu. O seu sopro claro não nega a estirpe brass do seu instrumento. O moleque mandava muito bem.

Nesse disco, ele está acompanhado por Shorter (tenor), Walton (piano), Workman (baixo) e Joe Jones (bateria). Sonzeira hard para ninguém botar defeito (o Predador, talvez). Deixarei a faixa de abertura, um filé ao ponto e bem condimentado composto em homenagem ao baterista da banda: Philly mingnon. Pode pedir que o serviço é de primeira.

Link: HERE!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

The Bud Shank Quartet

Pois é, inscrevi-me em um concurso em Rondônia. Se aceitarem meu curriculum irei de mala e cuia para fazer a prova. Se passar, planejo abrir um boteco só para tocar jazz. Jazz selvagem. Taí um nome: jungle jazz bar.

Enquanto isso não acontece ficarei por aqui mesmo ouvindo o quarteto de Bud Shank, gravado em 25 de janeiro de 1956. Destaque-se a capa muito bem transada (daquelas que dá vontade de mandar estampar numa camisa). Bud é um cara cool. Sua sonoridade está ali pelos lados de Pepper e Desmond, com um sopro sem muitas arestas, frases curtas mas veementes, e muito, muito feeling. Destaque-se que aqui ele também encara a flauta (para mim, esse é um fator que reduz um pouco o valor do disco - prefiro Bud encarando o sax alto).

O disco inicia com um blues bacana (Bag Of Blues, de Bob Cooper), com muito balanço e bossa, com o qual todos (Claude Williamson - piano, Don Prell - baixo, Chuck Flores - bateria) parecem se divertir bastante. As seis faixas (mesmo aquelas tocadas com flauta ou em up tempo) mantêm um clima agradável que talvez ajude a refrescar as tardes da amazônia. Vale a pena conferir.
Como sempre, deixarei uma faixa no podcast Quintal do Jazz.

O link: HERE!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sunny side up

Lá estava eu, confuso e difuso (como mostra a foto) na bela natureza, sendo tragado pela praia no quintal da casa do bom camarada Fernando. Tudo bom. Música, bebidas, comidas e amigos. Retornei para casa na tarde quase noite de domingo em tempo para assistir o flamengo jogar. Aí começa o retorno ao real - ou do real, como preferirem. Time meia-bomba. Mas o real mesmo me esbofeteou na segunda de manhã: carro arrombado. Meu carro que nem tocadisco tem. Na garagem de prédio. Só o meu. Meu equipamento de som, que deixo no porta mala, todo espalhado. Sabiam, pois. Bem informado, o lalau. Mas alguém, desavisado, deve ter chegado e assustou o larápio. Isso aconteceu no domingo de manhã e os vizinhos nem tchuns para a esbórnia no meu carro.


Antes de saber o que já havia acontecido, eu fiquei ouvindo alguns discos que há muito eu não ouvia. Um deles foi o Sunny side up, do altoísta Lou Donaldson. Disco agradável gravado em duas sessões no mês de fevereiro de 1960. Gostei um bocado da performance do trompetista Bill Hardman, de sopro honesto e eloquente. O pianista Horace Parlan também marcou bem ali no meio do campo, distribuíndo as jogadas e se atacando. Sam Jones, vocês sabem, não é de deixar a bola cair e sabe conduzir bem o ritmo da coisa. Laymon Jackson, que substituiu Sam em algumas faixas, manteve bem o andamento. E Al Harewood, o baterista, também não é de brincadeira e não deixou nada passar. Segurança completa na cozinha.


Agora, atrasado, vou à DP registrar a ocorrência. Antes, deixarei uma faixa ali no podcast Quintal do Jazz.


O link é aqui: HERE!


domingo, 25 de janeiro de 2009

São João Coltrane

Bem, alguém tem que trabalhar nesse sítio. Salsa, pelo que parece, deve ter colocado o fígado no quarador depois da esbórnia em erma e recôndita praia (e deixou o telefone desligado). Eu, cá, não consegui nada de festa nenhuma em nenhum lugar para ter o que reclamar da natureza do álcool e dos petiscos insalubres servidos. Tive que me satisfazer com um ou outro disco em minha velha vitrola garrard e uma surrada garrafa de vodka com suco de laranja.

Um dos discos que me fizeram companhia foi o Settin' the pace, de São João Coltrane, que, como nos alerta as notas da contracapa do cd (eu tenho o lp), não se trata do tema imortalizado pelas interpretações de Dexter Gordon e Leo Parker. O título refere-se ao lugar ocupado no cenário jazzístico pelo genial Coltrane: ele estava realmente marcando um novo rítmo, impondo sua marca entre os jazzistas e os apreciadores desse estilo musical.

O disco é, como os outros por ele gravado no final dos anos cinquenta (sem trema, só para implicar), muito bom. São quatro temas (I see your face before me, If there is someone lovelier than you, Little Melonae e Rise'n'shine, sendo esta a única em up tempo) nos quais Garland, Trane, Chambers e Taylor conseguem construir um clima aconchegante sem resvalar para a melancolia. Poderia dizer que o clima das três primeiras faixas é totalmente cool não fora o sax incandescente de nosso herói, que tira faíscas com sua peculiar forma de tocar.

Deixarei a balada If there is someone lovelier than you para os navegantes, lá no podcast Quintal do Jazz

Caminho das pedras: Here

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Red Garland

Ficarei afastado durante o fim de semana, convidado que fui para uma festa em aprazível lugarejo do litoral capixaba com mar calmo, tépido e aconchegante, mais, pelo que conheço do povo, muita, muita, muita bebida de boa estirpe e acepipes ídem.

Antes de içar velas, deixarei mais um disco do grande pianista Red Garland. Um daqueles gravados no final dos anos cinqüenta (57, para ser exato) que o Predador disse ser dos melhores gravados por Garland, a saber, All morning long.

Ira Gitler esclarece nas liner notes que o grupo não era bem um grupo fixo, que excursionava e coisa e tal. A rapaziada (Coltrane, Red, Byrd, Joyner e Taylor) costumava se reunir para uns trabalhos aqui e acolá, contando, às vezes, com outros músicos como o altoísta Lou Donaldson, por exemplo. O fato é que é um disco realmente muito bom. São três faixas longas, nas quais Red Garland mostra sua capacidade de construir belas passagens em improvisos pouco ou nada repetitivos. O mesmo pode se dizer de todos os participantes, que têm espaço de sobra para mostrarem suas peculiaridades ao pilotarem seus instrumentos (confesso ter até curtido o longo solo do baixista George Joyner, na faixa All mornin' long - abertura do disco).

Ali no podcast do Quintal do Jazz vocês poderão ouvir Coltrane, Byrd e Garland dissecando They can't take that away from me.

Para os gulosos, eis o link do sítio que fornece o disco para download

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dizzy Reece

É impressionante a quantidade de coisas que a gente encontra na rede. O trabalho (mais que agradável) fica por conta do selecionar algumas delas (são muitas opções) que agradem ao meu ouvido para que eu possa partilhar com os colegas visitantes. Pelo andar da carruagem, creio que passarei o resto dos meus dias falando sobre discos que me surpreendem, que prendem minha atenção, que me fazem sentir uma inveja danada daqueles que conseguem tocar um instrumento (eu tenho duas mãos esquerdas sem sincronia).


Hoje, por exemplo, estou às voltas com um disco de um trompetista que pouco conhecia (creio que tem alguma coisa postada lá no jazzseen). Trata-se do jamaicano Dizzy Reece, que, não se desesperem, não é músico de reggae. As liner notes do disco afirmam que ele foi "importado" de Londres, em 1959, por Alfred Lion, um dos papas da Blue Note, que se deixou levar pela sonoridade do então jovem de 28 anos que destilava seu veneno nos botecos londrinos.

Star bright marca sua chegada ao solo dos Estados Unidos. Chegada recepcionada pelo excelente time da Blue Note formado por Hank Mobley (tenor), Wynton Kelly (piano), Paul Chambers (baixo) e Art Taylor (bateria). O resultado não poderia ser outro: excelente.


Deixarei no podcast Quintal do Jazz o tema The rake, composto por Reece.


O disco está aqui no avax: here!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Pee Wee Russell



Lembro-me que, em 1982, meu irmão me deu uma clarineta (de ébano - está completamente desmontada em um armário). Junto com a clarineta, ele trouxe uns discos de dixieland. Pura festa, aquele som. Achei genial aquele som aveludado, aconchegante, mas que consegue impor uma grande dose de alegria quando devidamente solicitado. Provavelmente, naquelas coletâneas, devia ter alguma coisa com Pee Wee Russell, esse ícone do jazz.


Lembrei-me da cena por estar agora ouvindo um disco muito bom - Ask me now! - de Pee Wee, gravado em 1965, no qual ele divide a cena com outro músico que surgiu no meio dixie: o trombonista Marshall Brown (que também encara o trompete baixo). Só que, no caso desse disco, eles estão se arriscando na nova seara jazzística e interpretam, ao lado de alguns velhos standards, temas de Coltrane, Monk e, pasmem, Ornette Coleman. O resultado, para mim, ficou sensacional.


O time se completa com o bom baixista Russell George e com o educadíssimo baterista Ronnie Bedford, que souberam manter o clima sóbrio e envolvente dos temas interpretados. Não me deterei em mais divagações. Vocês poderão ouvir Turnaround (Coleman) e Hackensack (Monk) no podcast Quintal do Jazz.


Para aqueles que quiserem mais, eis o caminho das pedras: Link here

domingo, 18 de janeiro de 2009

Curtis Fuller

Ah, meus amigos, mais duas boas coisas caíram no meu colo, via avax, enquanto eu brincava na rede. Não há como não falar disso: dois representativos discos de Curtis Fuller, o grande trombonista que a partir do final dos anos cinqüenta (não abdico do trema, como também defende meu parceiro Salsa: reparem como o u fica como uma cara sorridente) torna-se referência para a nova geração de trombonistas.


O primeiro é The opener, de 1957, sua primeira gravação para a Blue Note, ladeado pelas feras Hank Mobley (tenor), Bobby Timmons (piano), Paul Chambers (baixo) e Art Taylor (bateria). Na bela balada A lovely way to spend an evening, que abre o disco, Fuller consegue nos convencer que ouvi-lo é justamente o que sugere o título da canção. O grupo, aliás, compõe a cena de modo sublime.


Em Hugore, quem inicia o passeio é o grande Mobley, admirável e versátil tenorista, com um solo na medida certa. Esse tema, mais balançado, permite a Fuller mostrar sua face hard. Ele mostra que sabe acariciar mas também sabe ser firme quando necessário. O disco ainda contém as faixas Oscalypso, Here's to My Lady, Lizzy's e Soon, nenhuma delas é dispensável.


Deixarei Hugore no podcast Quintal do Jazz


O link avax: here


PS - O segundo disco fica para o próximo post.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Chet Baker Boppin'

Onde você estava em 1964, nobre visitante? Eu devia estar no terreno baldio ao lado de minha casa brincando com a molecada. Jogando pião ou futebol. Enquanto eu me divertia com os amigos, outro camarada - Chet Baker - também devia estar se divertindo em um estúdio durante aqueles três dias (23-25) de agosto, que culminou com a produção de cinco discos para a Prestige: Smokin', Groovin', Comin' on, Cool burnin' e Boppin'. Em todos eles Chet empunhou o flueghel. E o fez com a sua patente maestria. Eu lhes trago, hoje, o Boppin' with Chet baker Quintet (curiosamente pouco se fala desse disco - nem no allmusic eu achei um comentário).

O título parece ser extemporâneo, considerando-se tudo que estava acontecendo com o jazz naquele período. O nome mais reflete o seu reencontro com o som e com os amigos ianques, pois ele estava retornando após uma estadia de cinco anos na velha Europa (provavelmente fugindo de alguma encrenca - amargou uma temporada em uma cadeia italiana). O fato é que Chet era um cara cool e não embarcava em qualquer onda.

Chet chegou trazendo a tiracolo um fluegelhorn (o primo gordo do trompete) que ganhara de um amigo após ter seu trompete furtado em um boteco europeu. O novo instrumento ainda lhe causava alguma estranheza - embocadura diferente, mais ar para fazer o bicho cantar e por aí vai. Quem ouve aquele som aveludado não imagina a complexidade para tocá-lo. Isso, contudo, não atrapalhou a performance do nosso herói maldito, que contou com uma boa equipe para assessorá-lo na gravação: Roy Brooks (drums), George Coleman (Tenor), Kirk Lightsey (Piano) e Herman Wright (Bass).

Vocês poderão conferir ali no podcast Quintal do Jazz ou, se quiserem, poderão baixar no link: here!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Crisis? What crisis?

Assistam o especialista explicando a crise financeira mundial. Realmente hilário:

PS - Pesquei lá no Don Oleari

sábado, 10 de janeiro de 2009

High Pressure

O pessoal tem me alertado por estar facilitando links para download. A minha verve paranóica associada à minha histórica filiação à lei de Murphy faz-me ficar apreensivo. Um dia a casa cai - mais um pouco. Mas, putz!, os links estão disponíveis na rede - são milhares e milhares - e eu só estou mostrando alguns (não faço uploads). Se vocês visitarem alguns dos blogs listados ali ao lado, vocês ficarão chapados com a profusão de gravações dos mais diversos estilos disponibilizados aos navegantes.

Veja só, por exemplo, o que achei (acho que no jazzever) a semana passada (o lp eu já possuía): High pressure, do grande pianista Red Garland. Esse é um bom disco entre muitos outros que a gente esbarra aí pela rede. Foi gravado em 1957, no famoso Hakensack, em duas sessões, contando com a participação de Saint John Coltrane, Donald Byrd (sem surdina), George Joyner e Arthur Taylor.

Garland é realmente uma máquina de produzir som - são inúmeras as gravações que ele nos legou entre os anos cinqüenta e sessenta. É um daqueles que sempre privilegiam a melodia, mas sem deixar de se arriscar em construções harmônicas cheias de acordes marotos (daqueles que abrem imensas janelas para o improvisador da vez se deleitar). Aí, meus amigos, Byrd e Trane deitam e rolam. Observem como os dois sopradores brincam à vontade.

Deixarei a belíssima balada Solitude (Ellington, Mills e DeLange), que me deixou emocionado, no podcast Quintal do Jazz

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

John Scofield & Ray Charles

Indiscutível a importância de Ray Charles para música pop moderna. Homenageá-lo, então, torna-se uma obrigação. O excelente filme dedicado a ele, dirigido por Taylor Hackford, é um bom exemplo de justa e bem feita homenagem. Outro bom momento é o disco That's what I say, de John Scofield.


O bom guitarrista, que, dizem, foi chamado de desafinado por Miles Davis, produziu um trabalho que condiz com a estatura de Ray Charles. Os arranjos conseguem unir bem o groove de Scofield com o peculiar balanço de Ray, tornando o disco bastante agradável aos meus ouvidos. Destaco o fato de Scofield estar usando pedais mais discretos, deixando o som de sua guitarra mais incorpado e permitindo que ouçamos mais suas peripécias com as escalas musicais (eu não gosto de efeitos muito carregados, que acabam embolando as notas e arranhando meus sensíveis tímpanos).


Deixarei duas faixas no Podcast do Jazz Contemporâneo. Digam-me o que acharam.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

The Rosenberg Trio

Estou ouvindo um disco de um grupo para o qual não me vem à cabeça nenhuma classificação que não seja excelente. Trata-se do The Rosenberg Trio. Pelo menos nesse disco, que é o único ao qual eu tive acesso, o padrão musical é irrepreensível.



A única anterior notícia que eu tive desse trio foi durante a busca de uma música que eu só conhecia de partitura. Achei a música interpretada pelo grupo. E por aí ficou durante longo período. Em dezembro de 2008, em meus passeios noturnos pela rede, tropecei no cd Live in Samois, um tributo a Django Reinhardt. Que grata surpresa, senhoras e senhores. Creio que o espírito do cigano homenageado deve estar sorridente até hoje por causa dessa homenagem.



O trio é formado por Stochelo Rosenberg (guitarra solo), Nous'che Rosenberg (guitarra base - rítmo) e Nonnie Rosenberg (double bass). Vocês constatarão com facilidade que Django não é apenas homenageado, ele está presente no modo como o trio toca. Ele é influência direta e assumida. O swing e a mandada cigana transbordam em cada um dos temas executados pelos holandeses. Para mim, foi impossível interromper a audição.


Partilharei com vocês, ali no podcast Quintal do Jazz, os temas Belleville e It don't mean a thing

Link here & here

KW - simsim

sábado, 3 de janeiro de 2009

Jazz Sahib

Ontem, sol rachando a moleira, fomos à praia, eu e as crianças. Objetivo 1: comprar uma prancha de surf (surfboard) e, 2, pegar umas ondas. É isso. Só assim para eu fazer exercício - dentro d'água, do marzão azul/verde de Manguinhos. Mar pequeno, para aprendizes, tostamo-nos ao ponto de camarão.


Na areia, enquanto as crianças nadavam, pluguei-me no mp3 e fiquei curtindo o bom disco Jazz Sahib, safra 1957, capitaneado pelo baritonista Sahib Shihab. Ao seu lado estão Phil Woods e Benny Golson (sax alto e tenor, respectivamente). A sessão ritmica conta com duas formações: uma com Hank Jones (piano), Paul Chambers (baixo) e Art Taylor (drums) e outra com Bill Evans (piano), Oscar Pettiford (bass) e mantém Art Taylor (drums).



O som pode ser aproximado ao do disco Wilburn & Coltrane aqui postado há poucos dias, com boa dose de blues e com algumas faixas soando um clima a moda de Mingus em seus bons momentos (The moors, por exemplo, em que Shihab faz um solo excepcional) . Eu achei uma boa aquisição. espero que vocês curtam a faixa que deixei no podcast Quintal do Jazz


quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Trane whistle

Li num blog ali ao lado, nos comments, escrito por um tal Ovídio: "Não são seus esses seios que são seus em minha boca". Ê, saudade, hein? Alguém amado. Interferências desse tipo podem afetar a percepção da beleza presente. De quem, enfim, são os seios? Não sei se a menina gostaria de ouvir isso. A atual, digo. A que está servindo de suporte para o delírio poético.


Bem, superposições existem. Alguém nos faz lembrar de outro alguém e assim vai. Boas lembranças, espero. Quando, entre amigos, ouvimos jazz é comum dizermos "fulano lembra cicrano" no período tal etc e os cambau. Referências que nos marcam, como os seios parecem ter marcado o poeta.


As homenagens prestadas a alguns grandes nomes do jazz, de certo modo, guardam esse tipo de experiência afetiva. Ouço agora um disco muito interessante - Trane Whistle - encabeçado por Eddie "Lockjaw" Davis e arranjado por Oliver Nelson e Ernie Wilkins. O título/primeira faixa, literalmente "apito do trem", composta por Nelson, em sua grafia traz o diminutivo carinhoso de São João Coltrane. Não sei se era essa sua intenção, mas, de qualquer modo, pode ser visto como uma homenagem sutil ao herói do tenor. Homenagem magistralmente interpretada por um super time, que inclui Clark Terry, Richard Williams e Bob Bryant (trumpets), Oliver Nelson, Eric Dolphy, Jerome Richardson,George Barrow e Bob Ashton (palhetas) Melba Liston e Jimmy Cleveland (trombones); Richard Wyands (piano); Wendell Marshall (bass) e Roy Haynes (drums).


O disco é espetacular. A big band de Davis está afiadíssima e vale todo centavo investido na aquisição do cd, se encontrá-lo. Deixarei duas faixas no podcast Quintal do Jazz - Trane whistle e The stolen moments.


Caso fiquem interessados em ouvir o disco inteiro, eis o link para download