Onde você estava em 1964, nobre visitante? Eu devia estar no terreno baldio ao lado de minha casa brincando com a molecada. Jogando pião ou futebol. Enquanto eu me divertia com os amigos, outro camarada - Chet Baker - também devia estar se divertindo em um estúdio durante aqueles três dias (23-25) de agosto, que culminou com a produção de cinco discos para a Prestige: Smokin', Groovin', Comin' on, Cool burnin' e Boppin'. Em todos eles Chet empunhou o flueghel. E o fez com a sua patente maestria. Eu lhes trago, hoje, o Boppin' with Chet baker Quintet (curiosamente pouco se fala desse disco - nem no allmusic eu achei um comentário).
O título parece ser extemporâneo, considerando-se tudo que estava acontecendo com o jazz naquele período. O nome mais reflete o seu reencontro com o som e com os amigos ianques, pois ele estava retornando após uma estadia de cinco anos na velha Europa (provavelmente fugindo de alguma encrenca - amargou uma temporada em uma cadeia italiana). O fato é que Chet era um cara cool e não embarcava em qualquer onda.
Chet chegou trazendo a tiracolo um fluegelhorn (o primo gordo do trompete) que ganhara de um amigo após ter seu trompete furtado em um boteco europeu. O novo instrumento ainda lhe causava alguma estranheza - embocadura diferente, mais ar para fazer o bicho cantar e por aí vai. Quem ouve aquele som aveludado não imagina a complexidade para tocá-lo. Isso, contudo, não atrapalhou a performance do nosso herói maldito, que contou com uma boa equipe para assessorá-lo na gravação: Roy Brooks (drums), George Coleman (Tenor), Kirk Lightsey (Piano) e Herman Wright (Bass).
Vocês poderão conferir ali no podcast Quintal do Jazz ou, se quiserem, poderão baixar no link: here!
11 comentários:
Eu tenho os cinco discos. Realmente uma boa série. Acho que o pessoal resolveu fazer esses discos como um meio para preservar algo da arte de Chet. A gravadora deve ter imaginado que, pelo andar da carruagem, Chet não deveria durar muito. Erraram no prognóstico.
Equivoco seu, prezado Salsa.Esses discos representam um período relativamente morno nas atividades alucinantes de Chet como vc pode comprovar na leitura na biografia escrita por James Gavin - No Fundo de um Sonho - A Longa Noite de Chet Baker lançado por aqui pela Cia das Letras.As gravações ocorriam por noite adentro num estúdio em NY num clima bem “cool” e equilibrado.O sensacional Kirk Lightsey trabalhava em Atlantic City na época e enfrentava os 240 km de "buzão" de ida e 240 km na volta de manhã durante a semana inteira pra estar presente.Valeu o sacrifício.
É verdade. Eu ainda não havia nascido, mas absorvi da mesma fidedigna fonte de Mr. Edù que, para Chet, tais gravações não passaram de "bicos rápidos" para obter pecúnia que saldasse as aquisições de heroína. A coisa estava tão negra na época, que Chet chegou ao cúmulo de roubar seus próprios álbuns para revendê-los nas ruas de NY, tudo ainda em função do vício. Excelentes gravações, assim como excelente a biografia.
Grande abraço, JL.
Prezado chefe, tive a chance de conhecer o James Gavin apresentado pelo Zuza numa da edições do finado Free Jazz Festival.Ambos,vc e eu - em comparação com Gavin,somos anciões.O rapaz hoje deve ter uns 31 anos.Quando escreveu o ótimo livro tinha vinte e poucos.Abraço.
Salsa, lester e edú,
Quem me emprestará a tal biografia?
Prezado Vinhas,
a melhor forma q posso auxilia-lo residindo a 900 km de seu QG é dessa forma : http://www.estantevirtual.com.br/mod_perl/info.cgi?livro=15948977
Prezado Vinyl, infelizmente não empresto mulher, carro, livro, vinho e disco de jazz. Vai um álbum de clássico ou chorinho?
Grande abraço, JL.
Dependendo do chorão, eu encaro.
Eu estava quase que nascendo e acabo de conhece-lo aqui.
Como sou ruizinha de baixar arquivos, fui no youtube (cada um usa dos recursos que tem)e adorei
Valeu a visita quietinha, Quietinha. Para o download, basta clicar.
Volte mais.
Ai Salsa eu Clico, Juro, Mas o ruizinha também é verdade, Juro !
A lei de MurphClics comigo, impera.
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