sexta-feira, 3 de julho de 2009

Phil & Quill

Às vezes, insidiosa e envenenadora Tristeza bate à minha porta. Ela tenta imitar um sorriso ao me ver. Entra como se dela a casa fosse. Esparrama-se na sala e reclama do meu uísque, dos frios parcos na geladeira, do filme na tv (ponto em que concordamos), da paisagem que desapareceu atrás do arranha-céu, da sexta-feira sem noite. Tenta me provocar, a maledicente.

Abro a garrafa e me sirvo de uma dose do desprezado Famous Grouse. Vou à discoteca e busco um disco (sei que Tristeza odeia jazz - pelo menos essa que me persegue - ainda mais quando é o tal do bebop). Escolho um que reúne dois grandes altoístas: Phil Woods e Gene Quill, seguidores da trilha parkeriana. Quill é menos badalado mas, para mim, seu sopro é merecedor de muitos aplausos. Em post anterior, em que ele atua ao lado do trombonista Knepper, eu já havia ressaltado a boa impressão por ele causada. No disco que agora ouço - Phil talks with Quill - gravado em 11 de setembro de 1957, os dois saxofonistas estão acompanhados por Bob Corwin (piano), Sonny Dallas (bass) e Nick Stabulas (drums) e promovem uma sessão especialíssima. O diálogo por eles entabulado é de altíssimo nível, o qual, como esperado, é insuportável para a indesejada visita, que sai reclamando do meu mau gosto musical.

Melhor assim. Só, com a minha música.

Ouçam ali no podcast Quintal do Jazz

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15 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Mr. Salsa,
Se a sua Tristeza se escafede com a vibração bop e a pulsação das palhetas, ainda mais de uma dupla tão afiada, pois então corra-a porta afora, ouvindo no último volume esse disco que suponho precioso.
Não tenho a felicidade de tê-lo, mas conheço o belíssimo entrosamento da dupla por meio do também ótimo Phil & Quill, também de 1957 e também com o Stabulas, mais Teddy Kotick no baixo e o desconhecido (pelo menos prá mim) George Syran no piano.
Boa audição e um grande abraço!!!!

PS.: Duas novas aquisições, de quem nunca tinha ouvido falar mas são dois ótimos discos: The Dave Kain Group (disco No Pain, No Kain) e Doug MacDonald (disco Beautiful Friendship).

Pode ir atrás sem medo, viu seu Sônico!!!

Salsa disse...

Sempre atento Érico,
Esse disco é realmente difícil de ser encontrado nas lojas. Uma peça rara.
Vou à caça das indicações.
Abraços,

Borboletas de Jade disse...

Parnasianismo de puro sentimento.
Essencialmente poético, contemporâneo do Realismo-Naturalismo e com um pitada de bebop de altissimo grau.O seu preciosismo me deixa com uma fome de ouvir tamanha lastimação meste forno de grande recheios.Por curiosidade, dei uma olhada na discografia de Phil Woods e fiquei atonico. O cara deixou um legado de tirar o folego. Abraços e fique na paz.

Salsa disse...

Êh, esse neobucolismopessimistaurbanóide sempre me traindo.

figbatera disse...

Ainda bem que temos o jazz pra espantar nossas tristezas...

jazzlover disse...

Obrigado Mr.Salsa por este Phil Woods. Gosto muito, principalmente seu trabalho em "Pairing Off".Gene Quill nunca ouvi tocar porem,gostei doque ouvi em seu podcast. Matou a cobra e mostrou o pau.

João Luiz disse...

Famous Grouse é um "whisky" muito bom mr.Salsa e o disco Phil Talks With Quill melhor ainda. Só você mesmo para resgatar essas preciosidades. Continue nesse rítmo, os albums gravados em 1957 são da melhor espécie, principalmente os da OJC(com aproximadamente 40 minutos e gravações de excelente qualidade). Ideal para se ouvir de um só folego e ficar com gostinho de quero mais. É isso!

PREDADOR.- disse...

O disco comentado por mr.Salsa, é da gravadora Epic. Procurem ouvir também, com a mesma dupla, "Phil & Quill with Prestige", gravado em 1957 e com as características sugeridas pelo sr.João Luiz.

Salsa disse...

Olney, Jazz e João,
Prazer recebê-los em meu quintal. Gene Quill levanta qualquer astral, ainda mais quando acompanhado por um uisquezinho.
Quanto à duração dos lps, esse tempo é a justa medida (um rolo de fita usado em gravações dura aproximadamente quarenta minutos). Eu também prefiro que assim seja. Alguns discos contemporâneos tendem a durar 60-70 minutos. Acho excessivo.

Salsa disse...

Ops, bem-vindo você também, meu caro inca venusiano.

Sergio disse...

Parabens Salsa. Classudaça a peça. Talvez acompanhe a pedida com algo do gênero. Certos sons contaminam o próximo.

John Lester disse...

A Tristeza aqui chega quase sempre no fim do mês, trazendo debaixo do braço as contas a pagar.

E o tal de Famous Grouse é mesmo de lascar rs.

Chora não, viu?

JL.

Salsa disse...

Choro não. Mas se rolasse um daqueles uísques acima de dezoito que estão em seu bar acho que a tristeza ia ficar por aqui mesmo - só para aproveitar a boa safra.

Sergio disse...

Meu bom Salsa e blogconvivas, eu prometi q colocaria algo do gênero lá em casa, certo? Por favor, compartilhem comigo um disco, um tanto semelhante, digamos, mas que certamente acará com essa onda deprê-tristeza do amigo.

Agora ao Parker's Mood. Ê, trabalhinho bom!

figbatera disse...
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