quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vozes

Uma das reclamações que meus amigos músicos fazem ao trabalharem com cantores e cantoras é a restrição do espaço harmônico para as possíveis viagens na hora dos improvisos. Todos cantores têm uma extensão vocal x que deve ser respeitada. Dependendo do cantor, limitar-se-á a um simples tom. Aí, meus amigos, fica-se a noite inteira chafurdando num La ou outro tom qualquer. Além disso, às vezes, a música fica melhor em um tom x mas, sempre em função do cantor ou cantora, tem que ser tocado em y, comprometendo a sonoridade. Graças ao bom deus, na cena do jazz isso não ocorre sempre. Existem exceções. Inúmeras, até.


Confesso que a minha discoteca carece de mais espaço para as vozes. São poucos os nomes que nela se estabeleceram. Mas tenho alguma coisa. Agora, por exemplo, estou a ouvir um grupo vocal que fez bastante sucesso: Lambert, Hendricks e Ross. Possuo uma coletânea: Twisted - the best of..., que tem excelentes momentos - sempre assessorados por grandes representantes do jazz (Sims, Nat Pierce, Basie, Burrell, Green, Harry Edison e por aí a fora). Anota aí: a extensão vocal dos componentes do trio é para poucos. Acrescente-se bons arranjos para as vozes e a grande habilidade que têm para brincar com suas cordas vocais. Cordas que são bastante exigidas quando eles reproduzem os solos dos grandes jazzistas (acho um grandissíssimo barato esse lance de fazer letras sobre os solos).

Confiram ali no pdcast Quintal do Jazz.

Link: here!

12 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Maravilha o som do Lambert, Hendricks e Ross,
Muito gostoso de ouvir e as vocalizações são bastante criativas (o Manhattan Transfer tentou fazer algo parecido, mas sem o mesmo charme).
Valeu Seu Mr. Salsa.
Abração!!

Salsa disse...

Curti pouca coisa do Manhattan. Você usou um adjetivo apropriado para o Trio L, H & R: charme. No encarte, o autor do texto sapeca um "sexy", que também é apropriadíssimo.

edú disse...

Basta Sing a Song of Basie para retirar o melhor de L,H &R.Com ajuda de alguns dos músicos originais do grupo recriam na forma de vocaleze os solos dos criadores.Trabalho considerado referencial pelos estudiosos de jazz na seara do jazz vocal.O trio é a única forma de tornar, na minha opinião, Jon Hendricks palatável - q é bem próximo do impossível.

olmiro muller disse...

Há algum tempo, Grijó reportou em seu blog um clip do youtube em que aparece Annie Ross cantando Twisted, acompanhada por Count Basie. Annie tem uma voz jazzística rspeitável e merece ser conferida.

Salsa disse...

Crueldade com Hendricks, hein, Edú.
Olmiro,
Vou lá conferir.
Abraços,

Celijon Ramos disse...

Bom Salsa, já que o tema é canto, gostaria de lembrar que quem se apresentará em Vitória nos dias 24 e 25 de julho, no Spirito Jazz, é o excelente Delicatessen com a maravilhosa Ana Kruger.
Que inveja, hein!
Bem, um dia os trago para tocar em São Luís!

Salsa disse...

Prezado Celijon,
Tive o prazer de um breve papo com a Ana em Rio das Ostras no ano passado. Muito simpática, ela me falou que não tinha nenhuma pretensão na área jazzística, mas foi convidada por um conhecido e a coisa a cabou rolando. Está registrado no blog mpbjazz: http://mpbjazz.blogspot.com/2008/05/rio-das-ostras-ii-delicatessen.html

edú disse...

Annie Ross já esteve no Brasil nos anos 80, especificamente na cidade de São Paulo, se apresentando no finado 150 Jazzclub (o primeiro ambiente de jazz q pisei na vida).Ross teve a carreira solo muito prejudicada, infelizmente,após a passagem pelo trio, pela dependência química.Hendricks além de ser, na minha opinião, um chato de galochas apertadas, verteu todas as canções de Jobim q colocou às mãos para o inglês para garantir sua previdência particular.Jobim detestava suas versões e as de Norman Gimbel.

Salsa disse...

Eu nunca entendi direito porque as versões para o inglês tinham que ser tão distantes do riginal. Tom tem razão em se irritar.

edú disse...

Ele se irritava tb pq eles lucravam inescrupulosamente sobre a inspiração alheia.A experiência nos lega q não devemos comprar carro usado de Jon Hendricks e Quincy Jones.

Celijon Ramos disse...

Ah! Salsa, li seu post muito bom sobre o Delicatessen. Tive a oportunidade de tecer comentários sobre o último disco do grupo, "My baby just cares for me", em maio. Está disponível no link http://soblonicas.blogspot.com/2009/05/delicatessen-my-just-cares-for-me.html

Um abraço!

Salsa disse...

Caro Celijon,
Eu já havia passado por lá e lido sua resenha.
Abraços,