quinta-feira, 16 de abril de 2009

Intensive care

Na última reunião do club das terças, João Luís, um dos patronos, incumbiu-me de procurar alguns discos de Paul Smith, pianista da velha guarda. Eu só possuo alguns poucos, mas com ele como sideman (o com Anita O'Day - com temas de Porter - é muito bom). João queria This one cooks! e At home, os quais infelizmente não possuo.


Mexe aqui, remexe acolá, encontrei um de 1978, que saiu por dois selos. Em um, o primeiro nome do trio (sugerindo o band leader) é o do baterista Louie Bellson, completado por Ray Brown e por Paul Smith; noutro, prevalece o nome do pianista. O disco é o Intensive care, com uma capa bastante sugestiva: um lp num leito hospitalar recebendo os devidos e intensivos cuidados. Leva-nos a perguntar como tem andado a saúde do jazz.


A reunião desses três nomes históricos para gravar um disco, cuja proposta é bastante tradicional, mostra-nos a preocupação com os caminhos trilhados pelo jazz. Smith, com linguagem que lembra uma mescla de Tatum com Peterson, manda os dedos com firmeza, percutindo seu instrumento em levadas stride, às vezes harpejando em ondas (mas sem excessos melacuecas), noutras bebopeando ferozmente, parece nos dizer: vamos injetar vida nesse som! Bellson, por sua vez, mostra-se a precisão ritmica de sempre - um baterista para ser imitado - e faz o coração do convalescente bater com mais alegria. Brown, com o seu baixo, faz o som pulsar aveludadamente, impondo alguma ternura à construção sonora. O resultado é terapêutico e consegue manter-nos ligados. Vale a conferida.


Deixarei alguma coisa ali no podcast Quintal do Jazz.


O link, trabalhoso, está aqui!

5 comentários:

figbatera disse...

Estou agora ouvindo o trio; gostei muito.
Uma pena só ter o download assim, faixa por faixa, trabalhoso mesmo.
E a capa do disco é sensacional!
Ilustra bem o tipo de tratamento intensivo a que eu tb me submeto; música na veia...

Salsa disse...

é verdade, fig,
O link é trabalhoso mas a gente ganha na qualidade.

Sergio disse...

Ainda não fui baixar, aliás, nem sei se baixarei por aqui, música por música é um pé na saca. Mas que capa maneiríssima, hein, amigo! Nos meus tempos de rato de 'éLePêrias', disco assim eu comprava só pela capa, sem nem conhecer o som ou os artistas.

Salsa, tem um triozinho curioso lá em casa tbm: Elddee Young & Red Holt (Feature Spot) 1967.
Mais curiosa, esses pra alimentar o teu lado roqueiro, é a coletânea dupla dos alemão do Amon Duul. Enfim, desobrigue-se, afinal é tanta oferta q é phoda. Mas que a coisa lá tbm está bastante inusitada e interessante, lá isso tá.

Salsa disse...

Vou lá conferir.

Sergio disse...

Ainda sobre o trio Eldee Young & Red Holt no sônico: Então vc viu, ouviu e confirmou as expectativas do texto, né? Salsa, vc não sabe o prazer q tenho em apresentar artistas novos, quando, claro, surtem o efeito de agradar em cheio o gosto do próximo - quer dizer, certeza se apresentei, não tenho, mas, Eldee Young & Red Holt, agora que já fez mais de 3 anos que freqüento a escolinha do professor John Lester, não são os caras mais famosos do mundo, certo? Os álbuns solos deles, então... Então voltando ao prazer de apresentar (quase) novidades, junte ao álbum “Feature Spot”, um bonustrack cortesia.

http://www.4shared.com/file/100106214/305b191c/Elddee_Young__Red_Holt__Feature_Spot__12_Mr_Kicks__Bt_.html

Sobre a faixa:
Todos nós sabemos que quem inventou o RAP (rhythm and poetry) não foi nenhum negão oprimido e mal encarado do Bronx, mas um quase bobo-alegre capiau que atende pelo nome de Jair Rodrigues, em 1964 e deixa isso pra lá!... Salsa, Agora não estou tão certo, ouça a faixa deixada aí encima “Mr. Kicks” da dupla Eldee Young & Red Holt, com Mal Waldron no piano. O disco de origem é de 1962, e chama-se “Just For Kicks”.

Pra encerrar: infelizmente não encontrei o álbum ainda, se quiser juntar-se a mim na busca... A faixa solitária está tbm numa coletânea de nome “From Latin To Dance Vol.2”. Por favor me diz o que achou.