quinta-feira, 23 de abril de 2009

Brad Mehldau


Alguns colegas torcem o nariz quando, ao comentarmos sobre novos talentos do jazz, eu cito Brad Mehldau. Alguns se queixam de seu estilo cerebral, muito europeu e, completam, sem swing. Mas, putzgrila, ele não é tão ruim assim. Eu também prefiro a velharada, mas ele tem seu valor. Brad é um desses caras que ainda insistem em insuflar vida nas veias do jazz - e isso já é um grande mérito. E o faz com competência. Do jeito que gosta.

Sim, sua linguagem é bastante contemporânea, mas, ora bolas, tudo que se faz é, de certo modo, legado pelos grandes nomes do passado. E não se trata apenas do legado de pianistas, mas de todos os grandes jazzistas. Quando ouvimos Brad é possível perceber isso.

Liguem aí o toca-disco e ouçam Introducing, o cd inicial do jovem pianista. Lá vocês encontrarão temas de Hammerstein, Rodgers & Hart, Ellington, Porter, Coltrane e alguns temas do próprio Mehldau, mostrando que também sabe compor. Aliás, suas composições trazem títulos um pouco pesados: Angst, Young Werther (aquele de Goethe, que levou uma cambada ao suicídio) e Say Goodbye (já estou vendo os colegas fazendo piadas), mas são temas muito bem estruturados. Para garantir um bom resultado, Brad se cercou com o que há de melhor na atualidade: Larry Grenadier (Double Bass, nas faixas 1-5), Jorge Rossy (Drums, nas faixas 1-5 ), Christian McBride (Double Bass, nas faixas 6-9) e Brian Blade (Drums, nas faixas 6-9).

Vocês poderão conferir no podcast do jazz contemporâneo.

O link: here!

12 comentários:

PREDADOR.- disse...

Não vou fazer cometário algum. Só o nome do pianista que mudarei para Brad MERDAU. Para com isso mr.Salsa!!!!

Sergio disse...

Êita, êita, o visinho parece que fareja essas ... o q direi? transgressões? Tentativas de fuga ao século 21? Melhdau é bacana. Um amigo muito fã apresentou-me à música dele em comecinho de carreira mesmo. Eu nem conhecia o Radiohead e já cantarolava Exit Music por causa do Melhdau. Mas confesso que já gostei mais. Ocorre que eu não conhecia tanto ou quase nada era o velho jazz. Minha educação veio do avesso, Salsa. Vou até baixar pq acabo de lembrar q não deve ter nada do Brad Melhdau.

John Lester disse...

Prezado Mr. Salsa, o pianista é excelente e o álbum citado é um dos melhores que ele já gravou.

Um dos músicos que têm mantido o bom jazz vivo.

Grande abraço, JL.

edú disse...

Esse disco é ,na verdade, seu segundo álbum.O primeiro pelo selo Warner.Seu primeiro disco foi gravado um ano antes, em 1993, na cidade de Barcelona com os irmãos(contrabaixista e baterista)Mario e Jordi Rossy de título "When I Fall in Love" pelo selo Fresh Sound.

Salsa disse...

Bem observado, Edu.
E vamos deixar o menino (já nem tão menino assim) fazer o seu som.

Érico Cordeiro disse...

Quanto preconceito, Predador... Brad Mehldau pode até não ter a elegância de um Red Garland, a sutileza de um Tommy Flanagan, o virtuosismo de um Keith Jarret ou o swing de um Oscar Peterson (não vou falar em Bill Evans nem em Bud Powell porque aí é covardia), mas o cara é dos nossos. Como bem disse o Salsa, ele tem um toque contemporâneo (talvez cerebral demais em algumas faixas), mas mantém um pé muito bem fincado na tradição "jazz-pianística" (ou "piano-jazzística").
Além disso, ele geralmente está bem acompanhado em seus discos e o repertório, quase sempre, é de extremo bom gosto.
Destaco os dois discos com Lee Konitz (Alone Together e Another Shade Of Blue), que são maravilhosos. Além disso, apesar de não ser o meu disco preferido, o CD Live in Tokyo tem grandes versões de "Someone To Watch Over Me" e "How Long Has This Been Going On" - o que demonstra que ele também sabe improvisar.
Acho muito legal que caras como ele e Bill Charlap (outro que também recebe muitas críticas injustas) mantenham firme a chama do piano jazzístico, já que não há muitos pianistas novos por aí (diferentemente do que acontece com os saxofonistas, trompetistas e baixistas, que têm surgido em grande quantidade e qualidade). Aliás, esse assunto pode muito bem ser tema de um post do Jazzigo: quem são e onde estão os novos pianistas de jazz? Prá mim o último grande nome a surgir foi o Gonzalo Rubalcaba (que às vezes também sai com uns discos meio esquisitos, né?).
Abraços,

Salsa disse...

Realmente, meu caro Érico, nós não temos dado atenção aos jovens talentos/promessas que encaram o piano. A sua proposta é boa e vamos correr atrás.
Eu assisti, nos últimos três anos, alguns pianistas nos festivais de Ouro Preto, de Rio das Ostras e no TIm. Jovens como o russo Eldar(fiz comentário em post da época aqui no quintal), Martin Bejerano (acompanhou Russell Malone), o quase brasileiro Aaron Goldberg (creio que comentei lá no jazzseen) têm proliferado no território jazzístico, mas, creio eu, os meninos ainda têm um percurso a percorrer antes de serem comparados àqueles por você citados.
Recentemente, conheci o trabalho de alguns portugueses bastante convincentes e, em breve, seguindo a sua proposta, tentarei postar alguns trabalhos novos.
Valeu a sugestão.

edú disse...

Sugiro a busca de trabalhos com Makoto Ozone,Stephen Scott,Joey Calderazzo,Jason Moran,Bobo Stenson,Allan Pascqua,David Hazeltine,Dado Moroni,Enrico Pieranunzzi(fantástico),Jean Michel Pilc,Hélio Alves...Enfim, uma infinidade pianistas extraordinários e criativos que sustentam a tese q o jazz é um universo q se predomina o desconhecimento,tamanha vastidão.

Érico Cordeiro disse...

Caro Salsa,
Não conheço o trabalho dos pianistas que você mencionou, mas vou procurar me inteirar. Falando e Russell Malone, o Benny Green (que também não é tão novo assim) tem alguns discos bem interessantes, né?

Grande Edu, valeu a dica.
Desses pianistas citados por você só conheço o trabalho do Makoto Ozone (com o Gary Burton, já que os cd's em que ele lidera são difíceis de encontrar) e o Jason Moran.
Caros amigos do jazzseen,

Aproveito para fazer o meu comercial: criei um blog para falar, primeiramente, de música e, preferencialmente, de jazz, bossa nova e MPB em geral. Mas é um espaço aberto para todas as demais formas de música e de manifestações artísticas.
Convido os amigos do jazzigo para darem uma espiada e opinarem. O endereço é http://www.ericocordeiro.blogspot.com e o nome do blog é JAZZ + BOSSA + BARATOS OUTROS.
Salsa, Sérgio, Mr. Lester, Tandeta, Edu, Scardua e os demais amigos do jazzigo e do jazzseen estão mais do que convidados.
Abraços a todos

Sergio disse...

Opa, comercial é comigo mesmo (e sem fins financeiros-lucrtivos)!
Há 3 novas postagens bem interessantes lá em casa. Destacar uma, já q todas são raras e diferentes entre si, é muito difícil. Vou puxar a sardinha para a última, Dafnis Prieto que me deixou, como o texto irá provar, completamente atordoado. Não deixem de visitar e opinar.

Em tempo: Ô, seu Edu, não recebeu o meu emeio?

Salomão Soares disse...

Hoooo gente pera ai né?Quem fala mau do Mehldau não sabe nada!!!

joao_carreiro12@hotmail.com disse...

Mehldau é apenas o topo do jazz dos dias de hoje!!! Não vejo melhor