sábado, 20 de dezembro de 2008

Quem não chora não mama

Sim, senhores, é possível ouvir um bom som na Estação Porto, em Vitória. Nós, que tanto sofremos em eventos anteriores (bossa, jazz, pop e outros que acontecem quase que semanalmente nesse esoaço), vimos a luz no fim do túnel ( e não é o trem chegando). Durante essa semana que finaliza aconteceu um festival de Choro, com a curadoria do cavaquinista Henrique Cazes (foto), um dos nomes (se não "o" nome) do choro contemporâneo, homenageando outro grande nome: Joel Nascimento, bandolinista fora de série.



Primeiro ponto a favor dos organizadores: convidaram alguém do ramo para ajudar na programação. Com essa estratégia, conseguiram propiciar um desfile do que há de melhor na cena do choro contemporâneo e permitiram aos nossos chorões partilharem o palco com aqueles que lhes servem de inspiração.



Segundo ponto favor: contrataram um engenheiro de som também de primeira linha: o simpático e bom papo Marcelo Sabóia (41, filho de Ed Lincoln), que mostrou ser possível ouvir música naquele espaço. Ele veio alguns dias antes e solicitou algumas adaptações simples (umas cortinas aqui e acolá, rebaixamento do teto do palco, alteração no posicionamento dos falantes etc e tal), e, constatando o que tinha de equipamento, trouxe alguns microfones para auxiliar na labuta.



Aí entra o ponto negativo: a sonorização continua a mesma. Ruim e obsoleta. Marcelo, muito educadamente, disse que se ele não trouxesse alguns equipamentos (assim como os músicos convidados, que trouxeram seus microfones e que tais) o som não teria o resultado obtido. E foi Marcelo que disse: "Conseguimos provar que é possível fazer um bom som nesse espaço". É certo, acrescento, e isso acontecerá se os responsáveis pelo Porto atentarem para as observações feitas: ajustes na acústica e um bom equipamento. São esses elementos que permitem ao ouvinte reconhecer quem está no palco, que permitem distinguir o profissional do amador, que permitem aos amadores absorverem as informações que os mestres passam em cada palhetada em suas cordas, que permitem ouvir o silêncio, que permitem perceber a dinâmica nas interpretações dos temas, e por aí vai.



Outro ponto negativo (ô, inferno!) é a boa parcela do público que fala pra caramba, maculando a beleza de alguns momentos sutis que nos foram apresentados. Mas isso é um hábito que, espero, com tempo e insistência, será resolvido.



Mas o que interessa mesmo é a iniciativa dos organizadores em buscarem solução para os problemas. Parabenizo-os por isso. E torço para que o nível melhore ainda mais, pois o povo merece, os músicos merecem, todos merecem. E viva a música!

3 comentários:

Gabriela Galvão disse...

Ñ pode deixar de bater peh para os botarem a boca no trombone sem medo de serem infelizes!

; )

John Lester disse...

Com o emburrecimento geral do Brasil, ou do mundo todo, Vitória sofre ao tentar promover boa música gratuitamente a um público cada vez mais grotesco e embrutecido. Mas a esperança nunca morre! E viva o choro, afinal choro também é jazz.

Grande abraço, JL.

Anônimo disse...

Choro aliado ao Samba são os dois ritmos brasileiros mais sólidos.Choro não é Jazz e nem Jazz é Choro. Que o diga Joe Pass.Em 1978, o eminente guitarrista esteve por São Paulo para participar do São Paulo Montreux Festival.Maior festival de jazz realizado em todos os tempos no Brasil.Participando de um trio de guitarristas com Heraldo do Monte e Hélio Delmiro.No dia seguinte levaram Pass para almoçar no bairro paulistano de Pinheiros.Um grupo de choro tocava na esquina.Fascinado pela musicalidade q ouvia,Pass pegou sua guitarra e foi lá participar do grupo.Deu cinco minutos e saiu dizendo :I cannot play this wonderful music.Edú