quarta-feira, 25 de junho de 2008

Para se sentir amado por Deus

A gente chega em casa e encontra o quê? Amigos discutindo sobre álcool... Não se preocupem, os bares já estão oferecendo motoristas para clientes, como brinde. Opções outras surgirão. Vocês, canívoros, podem ficar tranqüilos.

O jazz, por sua vez, ficou relegado ao limbo durante a minha curta ausência. Chego para acabar com essa lei seca sonora. Trago-vos a verdade, meninos. O som de verdade: Warne Marsh, tenorista que dispensa apresentações e que muitas alegrias proporcionou e proporciona aos adictos da boa música. Mas a alegria fica maior quando a gente descobre um disco que faz sentirmo-nos amados por Deus.

Agradeço ao Salsa por ter repassado uma cópia do cd Apogee, que ele ganhou do seu colega Tião Lírio. Ainda extasiado, só posso ficar grato pelo encontro do underrated tenorista Pete Christlieb com o velho Marsh. Encontro proporcionado pelos cabeças do Steely Dan, a saber, Becker e Fagen, ambos admiradores confessos do trabalho de Marsh, que em meados dos anos setenta andava meio de lado na cena musical. Pois bem, os meninos juntaram Warne com Christlieb e produziram esse discaço.

Pete, apesar de 20 anos mais jovem que Warne, traz em seu sopro toda a boa influência dos grandes saxofonistas dos anos quarenta e cinqüenta: força, suíngue e uma intensa criatividade. A união dessas duas almas nos presenteia com uma explosão sonora incomum para o período em que foi gravado.

A faixa Magna-tism, de Christlieb, abre os serviços como uma tsunami sonora, uma enorme e perfeita onda para os ouvintes se deixarem levar. Seja em uníssono, seja abrindo vozes, seja nos solos, o som é impecável. Marsh, por sua vez, não poderia deixar de lado aquele que abriu as portas para novas perspectivas em seus improvisos: Tristano. A justa lembrança vem com tema 317 east 32nd street, que permite a Lou Levy mostrar sua habilidade como pianista (apesar do som estar com uma eqüalização que puxa excessivamente para o agudo). Mas o show mesmo é dos saxofonistas. Warne exercita sua linguagem outside com a elegância de sempre, percorrendo os limites da música com a segurança de mestre que é.

Christlieb, para mim, imerso na minha ignorância musical, foi a boa notícia da semana. Já o encontro dos dois é mais que boa notícia, é uma dádiva. O disco, originalmente com seis faixas (as citadas mais Rapunzel, Tenors of the time, Donna Lee e I'm old fashioned), na sua versão cd ainda traz três faixas bônus: Lunarcy, Love me e How about you. Razão a mais para a imediata aquisição do disco, que está disponível nas lojas por preço acessível ao bolso, como diz Salsa, desvalido. Para matar a sede dos visitantes deixarei a faixa Love me

2 comentários:

Salsa disse...

De nada, Cd. Devemos agradecer ao Tião, que abriu as portas de sua discoteca para usarmos (mas não abusar).
Quanto aos bares, desisti. Estou fazendo caixa para ir para a Irlanda. Vou passar o resto da vida bebendo cerveja e tentando decifrar os hieróglifos de Joyce.

Anônimo disse...

Existem outros albums de Marsh "duelando" com saxofonistas: Lee Konitz, Art Pepper, Gary Foster, Charles Lloyd... e até com o trumpetista Chet Baker. Todos ótimos. Valeu sr.CD este com Pete Christlieb.