Era o começo da noite de sexta-feira. Um senhor grisalho, trajando camisa com motivos tropicais, parou próximo ao portão principal do Palco da Lagoa Azul e, com gestos pacientes, começou a montar uma pequena mesa. Sobre ela, um cartaz anunciava o lançamento dos discos devidamente expostos. Postou-se sereno ao lado e aguardou os possíveis clientes. Aproximei-me e cumprimentei-o. Era John Mayall "mangueando" seu último trabalho.
Ali estava eu, ao lado de um dos caras que me apresentaram o blues. É isso mesmo: conheci o blues via Inglaterra - via Mayall, Led Zeppelin e Jimi Hendrix (que não era inglês, mas só se tornou conhecido após sua estadia em Londres). Mayall, hoje, para mim, é mais mito do que músico. O seu grande mérito é, assim como Miles, saber se cercar de músicos competentes. Creio que todos os guitarristas que emergiram nos anos sessenta e setenta na Inglaterra passaram pelo grupo do velho roqueiro.
No show em Rio das Ostras conheci mais um bom músico selecionado por Mayall: o guitarrista e cantor Buddy Whittington, um texano com todo o sotaque possível e com uma pegada nervosa (ao modo do Texas), que é membro dos Bluesbreakers desde 93. Em nosso papo no backstage, ele ficou um pouco irritado quando eu, insensível que sou, perguntei se o blues havia se mudado definitivamente para a Europa, assim como o jazz. O blues é e sempre será dos EUA, disse-me. Mayall sabe disso e, por isso mesmo, atualmente está cercado por músicos norte-americanos.
A banda, aliás, está com uma formação bastante duradoura. O também competente baterista Joe Yuele (foto) está no grupo há mais de vinte anos. O membro mais recente do time é o baixista e ex-engenheiro mecânico Hank Van Sickle, que está com Mayall desde 2000. O fato é que a plateía, reunindo várias gerações, foi até lá para assistir o velho ídolo. E não se decepcionaram.
Foto de Mayall tocando: by Cezar Fernandes
5 comentários:
Quem me dera...
Mayall teve bons momentos no passado, ao lado de Clapton gravou discos excelentes.
Prezados senhores Dias, Vinhas e Salsa gostaria de dividir a informação , fornecida pelo CJUB , da morte do saxofonista,arranjador e compositor J.T.Meirelles.Um dos criadores do chamado movimento “samba jazz”, Meirelles é o arranjador original do tema “Mas Que Nada” de Jorge Ben e foi objeto de duas resenhas do Salsa no Jazzseen.Edú
Eu passei lá e soube. Estou ouvindo discos do JT.
Repito o Lester: quem me dera...
Quando for "di maior" ano que vem eu vou...
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