O festival de Rio das Ostras, para mim, começou na quinta-feira, 22/05. A longa viagem não venceu a expectativa de me encontrar com alguns ícones do jazz e do blues. Cheguei às 14:20h, mais excitado do que cansado. Não por menos: Wilson Garzon, do Clube de Jazz, conseguiu credencial que permitiria-me acesso ao backstage e, dependendo, assistir os shows do palco. Seria um ângulo inusitado para esse amante da música.
Por sorte, a pousada em que me hospedei fica próxima ao palco da Lagoa Iriry, onde o guitarrista Russell Malone se apresentaria, às 14:30h. O sol brilhante no céu límpido não impediu que o público se apinhasse no espaço mais que democrático da pequena arena incrustada no cenário paradisíaco. Todos confraternizavam movidos pela boa música (não aconteceu nenhum evento violento durante todo o evento).
Malone, que tornou-se mais conhecido do público por suas performances ao lado da pianista e cantora Diana Krall, empunhou a guitarra e destilou uma série de temas que agradou ao público presente. O autodidata guitarrista tem aquele modo peculiar de tocar que nos remete ao filão fundado por Wes Montgomery: notas límpidas, intercalando frases curtas, glissandos e alguns ataques mais performáticos recheados de notas.
A concessão (dispensável para alguns críticos mais ferrenhos) ficou por conta da interpretação de Unchained melody - o público aplaudiu, agradecido e emocionado. Gustavo, um dos colaboradores do blog CJUB, ficou intrigado pelos constantes e melosos apelos musicais que têm recheado os shows do guitar man - a tese maldosamente especulada por alguns colegas presentes foi intitulada "efeito Krall". O fato, inquestionável para mim, é que Mallone mostra técnica e feeling suficientes para freqüentar a constelação de bons jazzistas contemporâneos.
Merece mais que destaque a presença do jovem e competente pianista Martin Bejerano (foto), merecedor de atenção dos apreciadores do jazz por sua técnica apurada e por demostrar uma maturidade musical pouco comum (sabe usar o silêncio muito bem). O quarteto se completa com o comedido e eficiente baixista Tassill Bond e o não menos competente baterista Jonathan Blake (que acompanhou Aaron Goldberg, em Ouro Preto).
3 comentários:
Salsa, parabéns por fazer “olhos e ouvidos” aos visitantes com suas palavras.Breves considerações : Mallone, que parece já teve um “affair”(desgraçado) com a Sra.Elvis Costello tem um apego nas escolhas de uma ou outra canção bem “bregosa” e as coloca de forma desavisada em seus discos.Já fiquei tentado em copiar os quatro originais que possuo e extrair essas faixas terríveis deles.O melhor disco que já ouvi e que participa - provavelmente o melhor que a gravadora Telarc já produziu - é da sua união com o Monty Alexander e o Ray Brown em trio(ultima gravação em estúdio do mestre do contrabaixo).O pianista Martin Bejerano faz parte do grupo atual do lendário baterista Roy Haynes.Edú
E eu, que perdi a carona? Vai contando tudo, Salsa. Libera cenas dos bastidores.
Perfeito Salsa,
Tudo isso eu vivi em 2007, muito legal. Parbéns pelo texto, não precisei ir este ano já me dou por satisfeito. Um abraço Osvaldo www.mpbjazz.blogspot.com
Postar um comentário