Beber, comer, ouvir música. Essas coisas não podem ficar por conta do azar. Por isso, munimo-nos de precauções para que maus encontros não aconteçam, afinal, como nos alertou o escritor mineiro: "viver é perigoso".
Houve, no passado, experiências desagradáveis nos dois primeiros quesitos citados acima. No entanto, seguindo a solicitação de amigos, retornei ao Bené da Flauta, restaurante bastante louvado por aqueles que o freqüentam. Fui e não me arrependi.
Desta feita, o serviço foi eficaz (considerando-se o grande número de clientes) e a comida estava aprazível. Pedimos (eu, Zezé e Victor) pratos comuns ao universo butequinesco: língua e rabada. Ambos os pratos (com temperos mais sofisticados do que os encontrados em outros recintos) mantinham textura delicada que ainda povoam minha memória. O chopp gelado e a cachaça de boa índole casaram perfeitamente com os pedidos.
Melhor ainda ficou com a boa música do quarteto liderado pelo saxofonista Chico Amaral. Enfim, isso é o que eu posso chamar de um bom início de jornada.
* * *
Aguardei o segundo show da noite: Nnenna Freelon. Confesso que não a conhecia, por isso a impressão aqui exposta será relativa à sua apresentação. A bela representante dos afrodescendentes, ao adentrar o palco e emitir as primeiras notas com a sua sensualíssima voz, capturou de imediato a atenção deste pós-balzaquiano ouvinte. O quarteto que a acompanhou demonstrou equilíbrio suficiente para emoldurar suas belas interpretações. Brindou-nos a musa com, entre outros temas, I love you, Get out of town (de Porter) e uma envolvente Skylark mandada apenas com voz e baixo. Essa última eu faço questão que vocês confiram no vídeo:
A noite nos trouxe, em seguida, o nonagenário Jon Hendricks esbanjando energia ao lado de sua filha Aria e do tenor Kevin Burke, relembrando peças do repertório do sensacional trio vocal Hendricks, Ross & Lambert. Destaque para o quarteto que acompanhou esse ícone do jazz, que mostrou ao público presente o que é que o swing tem. Assistam e digam o que acham:
Encerrando a noite, entra em cena um trio de trumpetistas para ninguém botar defeito: John Faddis, Cláudio Roditi e Stafford. O bem-humorado Faddis (fazendo questão de mostrar os seus impressionantes agudos) comandou o grupo e levou o público para um passeio sensacional pelo universo musical do jazz de Louis Armstrong.
Abro parênteses para destacar a bela interpretação de Body and soul levada por Roditi, em singela homenagem a um amigo recentemente falecido. Vocês poderão curtir a versão de Mack the knife no vídeo:
7 comentários:
A internet estava bastante lenta e, por isso, não consegui postar o vídeo de Faddis e cia. Tentarei novamente hoje à noite.
Wilson Garzon está com toda a razão quando disse com muita propriedade sôbre o Festival: "nem tudo é jazz, mas não deixa de ser interessante".
salsa san,
a moça é bonita e canta bem...uma curiosidade...pensei que só fosse vício de brazuca fazer trumpete com a boca?...até com surdina...rs
valeô o relato...noitada bacanuda mesmo...
abraçsonoros
É, sêo Predador, tem algumas coisas que escapam - estão mais para "música instrumental", mas têm bons momentos.
Prezado Pituco,
Pena que, pelo que me disseram, ela seria casada com o baixista. Isso não impediu os devaneios da galera...
Lamento ter perdido esse almoço (ou seria jantar?) no Bené da Flauta.
Mas tb continuo com minha solitária campanha pela mudança na programação do festival; preciso de mais gente comigo. OU reduzem para 2 ou 3 shows por noite (barateando o custo) ou que cobrem, então, por cada show. Eu, sinceramente, não acho que alguém consiga aproveitar plenamente o programa, começando às 18h e terminando por volta de 2h da madrugada. É DEMAIS, NÉ?
Vc tem razão, meu caro,
é uma maratona e tanto. Gostaria de poder pagar por show.
Saudosismo e tabaco podem ser cancerígenos, mas que delícia...
Já tive o privilégio de encontrar Mestre Olney neste agradável restaurante.
Quanto à vocalista, bem, nem tudo é jazz, não é verdade?
Grande abraço, JL
Nota: O Desafio Jazzseen aguarda sua investida.
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