Amanha cedo partirei para Ouro Preto. A intenção é curtir o Tudo é jazz, festival anual que lá acontece. Confesso dantanho que vou não muito empolgado. O show que eu gostaria de assistir seria o do jovem pianista (já nem tão jovem assim) Eldar e Joshua Redman, que acontece hoje. Ou seja, perderei o que me interessa. Mas vou assim mesmo, em nome do jornalismo verdade.
Na bagagem, levarei um disco (dois, aliás) de um instrumentista que nunca mereceu maiores comentários aqui neste espaço. Eu o achava enfadonho (ainda me incomoda quando ele estica em demasia os acordes/notas - e ele faz isso nesse disco também). Digo achava porque tenho que admitir, após reconhecer um boa dose de preconceito em minha aversão ao som do órgão, que Jimmy Smith é um músico ímpar. Sua capacidade de criar longos discursos sem se repetir é impressionante.
Ouvi algumas vezes a primeira faixa do disco Live at the Club Baby Grand v. 1 - Sweet Georgia Brown - movido pela curiosidade suscitada pela observação do autor das liners notes do cd. Segundo ele, são quarenta chorus sem se repetir. Não contei para conferir, mas é um fato que Smith constrói uma intrincada e bela rede de frases em seu improviso. Realmente impressionante.
Acrescentemos ao bolo a boa presença do para mim desconhecido guitarrista Thornel Schwartz que, apesar de não ter tido tanto espaço como solista (teve mais espaço no volume 2, que inicia com uma boa versão de Caravan), soube aproveitar os momentos para mostrar sua habilidade (como harmonizador é excelente). A bateria de Donald Bailey soou-me bastante versátil, apresentando facilidade em administrar as alterações rítmicas e preenchendo os espaços com acentuações muito bem postas, mantendo uma "parede" harmônica firme e bem decorada.
A gravação é de 1956 e merece a atenção dos que curtem o som de Jimmy Smith. Eu gostei mais do volume 2, pelo espaço cedido ao guitarrista e pelo clima mais leve. Ouçam ali na radiola.
5 comentários:
salsa san,
boa viagem e aproveite o som...
ouro preto...fiquei por lá, quando prestei vestibular pra fac.federal de geologia, em 78 ou 79, não me recordo...havia o fest.de inverno(não sei se existe mais?)...bom, talvez tenha mudado bastante, ou não?...apesar de ser uma cidade estórica e coisa e tal foi insuportável imaginar 3 ou 4 anos por lá...desisti e voltei pra sampa...rs
abraçsonoros
Ainda existe, mas eu nunca fui. Curto o fest de jazz, que tenho frequentado nos últimos anos. Eu também não encararia uma temporada longa naquelas altitudes...
Há muito tempo não ouvia a palavra "dantanho". Dantanho é supimpa mr.Salsa. Orgão e vibrafone são instrumentos para se ouvir parcimoniosamente senão enjoa, mas não podemos negar que Jimmy Smith é "um senhor organista", um dos melhores no mundo do jazz. Procure ouvir do Smith o álbum "Plays Fats Waller". Não é uma "brastemp" mas um disco em que ele toca as músicas do Waller completamente diferente: arranjos e sonoridade do orgão.
Também não curto muito o som do órgão, embora tenha alguns discos de caras como Jack McDuff, Jimmy McGriff, Larry Young, Richard Groove Holmes e vários do Jimmy Smith (além de muitos álbuns com a presença da Shirley Scott, baby face Willete, etc). Como bem disse o Predador, órgão é prá ser ouvido com parcimônia.
Não conheço esse disco, mas deu prá ter uma boa noção - e o formato guitarra-órgão-bateria usado aqui é bem instigante, com muito groove.
Mais um golaço do Mr. Salsa!
Divirta-se em Ouro Preto e tome todas lá por mim!
Abração!
Aguardamos suas reportagens. Se possível, com fotos e áudios.
Grande abraço, JL.
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