quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Goodrick & Diorio - Avis rara

Mudanças atraem-me. Gosto de me arriscar com o novo.

Lembro-me de, há vários anos, uma cigana amadora ter dito, ao ler minhas mãos, que a minha vida passaria por grandes tranformações quando chegasse aos 50. Cá estou, pois, à espera. Enfim, a cigana me avisou. Novos ares podem fazer bem à alma. Disse-me Érico, que os ares ludovicenses são interessantes. Espero poder comprovar esse também bom presságio.

Mudanças, no entanto, não dependem apenas da sorte. O trabalho e os dias regados pelo suor e dedicação contam. Vejam, por exemplo, os dois dedicados guitarristas Mick Goodrick e Joe Diorio. Ambos são exemplo de investimento em seu campo. A longa estrada percorrida permitiu que eles se consolidassem como mestres dos seus instrumentos (professores mesmo).

Mick enfileirou trabalhos com Gary Burton, Pat Metheny, Charlie Haden, John Scofield, Jack DeJohnette, Paul Motian, Dewey Redman, John Abercrombie, Dave Liebman e mais um monte de gente, além de publicar uma série de livros didáticos sobre a arte de tocar guitarra.

Joe Diorio, nascido em 1936, também tem uma série de trabalhos como sideman de diversos nomes do jazz, marcadamente aqueles mais ligados ao mainstream jazzístico: Sonny Stitt, Eddie Harris, Ira Sullivan, Stan Getz, Horace Silver e Freddie Hubbard. O seu trabalho como professor também é bastante reconhecido - é um dos fundadores do respeitado Guitar Institute of Technology, na Califórnia. Aliás, dizem que ele costumava dar aulas aqui no Brasil.

Pois bem, em Rare birds, gravado em 1993, Mick e Joe trocam impressões sobre 12 temas de diversos matizes (seis são de autoria da dupla): de baladas como My funny valentine, passando por uma curiosa construção em contraponto a partir de Manhã de carnaval e até explorações na área modal, em Blue and green. É um daqueles discos que podem chamar de música para músicos. Isso fica patente principalmente nas seis faixas construídas no estúdio de gravação: quando apertavam o botão de gravação, os meninos mandavam os dedos, criando na hora os seus diálogos. Experimentação, reflexo, conhecimento de causa, ousadia, um pouco de delírio, tudo está em jogo nesse disco.

Confiram ali no podcast do jazz Contemporâneo.

Link: Avax

17 comentários:

pituco disse...

salsa san,

bacana postagem,

coincidentemente, tenho vários cds com duo de guitarra...esse inclusive...

agora, o que chama a atenção do texto bacanudo é o termo...cigana amadora...rs...significa que não sobrevive de suas advinhações, é isso?

eu tb, daqui a pouco completo meio século, e aguardo mudanças...principalmente na música pop mundial...rs

abraçsons

Salsa disse...

É isso, mr. Pituco. A "cigana" era a mãe de uma colega que possuia um barzinho na Praia do Canto, em Vitória. Entre um gole e outro rolava uma sessão de quiromancia.
E vc, hein?, tem tocado de montão.
Parabéns pelo trabalho.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Saalsa,
Welcome to São Luís.
Se tudo correr bem, haveremos de dessfrutar da sua excelsa companhia e do seu melodioso sax tenor por estas plagas.
Até lá, ouçamos o belo trabalho da dupla (que eu não conhecia).
Abração!!!

Salsa disse...

Espero que sim, mr. Érico, espero que sim,

Unknown disse...

It looks so fun... and sad!
It's so blue!

I miss you. Ever!

Mulberry.

Salsa disse...

Tem uma canção - But beautiful - que começa assim como vc descreve:


Love is funny, or it's sad,
Or it's quiet, or it's mad.
It's a good thing, or it's bad,
But beautiful...


Beautiful to take a chance
And if you fall, you fall,
And I'm thinking,
I wouldn't mind at all.


Love is tearful, or it's gay,
It's a problem, or it's play.
It's a heartache either way,
But beautiful...


And I'm thinking, if you were mine,
I'd never let you go.
And that would be but beautiful,
I know

PS - o "gay" da terceira estrofe significa alegre, ok? Acho que já ouvi alguém que substituiu por "glad"

PREDADOR.- disse...

Sr.Salsa, você fica postando essas "coisas" e depois não venha me dizer "que a cigana te enganou"

Salsa disse...

Predador,
Sei que você foi exilado pelos incas venusianos devido as suas posições - consideradas mais ortodoxas do que penico de esmalte.
Não seja tão resistente às mudanças, meu caro alien, algumas podem ser interessantes.

figbatera disse...

É como eu disse lá no Jazzseen; esse Predador não é o mesmo que comenta no blog do Érico. (rs)

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Mr. Salsa

retribuindo sua visita, também voltarei sempre a esta tua casa virtual, gostei muito, e esse disco é um petardo, excelente. Em breve lá no HBJ vou postar um cd fantástico do Goodrick com o Abbercrombie, na verdade o cd é do baixista Harvie Swartz, chamado Arrival. Sei que vai gostar.

Em tempo, farei um link do teu blog lá HBJ, agora mesmo!

Abraço

Ô¬Ô

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Outra coisa,

gostaria de colocar teu podcast de jazz contemporâneo lá no HJB, como fiz com o do Érico, aguardo teu consentimento

Abraços

Ô¬Ô

Salsa disse...

Vamos passar a exigir o passaporte interestelar do Predador. Só assim para dirimir a dúvida do Fig.
Prezado Hotbeatjazz,
Mi casa, su casa. A porta está sempre aberta.

PREDADOR.- disse...

Srs.Figbatera e Salsa, como já mencionei no blog do sr.Lester, novamente volto a afirmar que o Predador daqui é o mesmo que comenta no Jazzseen, Érico Cordeiro e Jazzigo. Sou radical no que diz respeito ao JAZZ e quem "pisar no tomate" será detonado. Meu passaporte interestelar está em dia.

Celijon Ramos disse...

Boa, Salsa.
Tomara que dê tudo certo e a gente possa se conhecer. Ah, adorei o som das guitarras. Vou mostrar a um amigo meu que está apredendo guitarra.
Um abraço e muito boa sorte!

Salsa disse...

Valeu, Celijon.
Também estou torcendo.
Abraços

John Lester disse...

Bem, lá no fundo, gostaria que desse tudo errado e que Mestre Salsa continuasse por aqui mesmo, espalhando jazz pela ilha.

Mas, se a cigana falou, melhor não contrariar. Como amigo, espero que o melhor aconteça, aqui ou acolá.

Grande duo.

Qualquer coisa, mande um abraço pro Sarney.

JL

Salsa disse...

Valeu, Lester,
Mas não vou antes do feijão amigo.