sábado, 5 de dezembro de 2009

Dinah sings Bessie

Às vezes acontece: eu acordo com um fino véu de melancolia envolvendo os sentidos. Hoje, por exemplo, nessa agradável manhã chuvosa que afastou o calor sufocante que por aqui grassava, assim sucedeu. Fico matutando um tempo até me recordar: as faturas dos cartões de crédito estão chegando. Pronto. Melhor seria não lembrar.

Lembrei-me também de uma conversa com um amigo. Falava de amores, de mulheres, de uma mulher que Destino deixou no seu caminho. De um Destino sacana e seu comparsa Eros, que parecem gostar de ver como a embriaguez amorosa faz-nos trocar as pernas, confundir norte com sul e achar que a lua é algo além de um pedaço de rocha estéril. Disse-me ele que esse tipo de oceânico sentimento o assustava e, por isso, deixou a sua menina ir embora nos braços de um Mané que nem um pedaço dele poderia ser. Gaguejou um pouco de trôpego Lupicínio: eee-sssses moços, po...bres hic! mo-ços...

Pedi ao Geraldo, dono do boteco, para rodar o cd que Dinah Washington gravou em homenagem a grande Bessie Smith (que sabia como poucas cantar um amor bandido e naufragado). Digo sem titubear: homenagem mais que bem feita. Dinah deixa-se levar pelo espírito da cantora dos velhos cabarés e nos lega um disco excelente. As gravações em estúdio contam com Eddie Chamblee and His Orchestra, que soube manter aquele clima da década de 30 do século passado. De quebra, ainda rola umas faixas gravadas em Newport (1958) com os All-Stars Sahib Shihab, Blue Mitchell, Wynton Kelly, Paul West e Max Roach.

Indiquei Send me to the 'letric chair para meu desalentado amigo, que se lamentava por ter, de certo modo, assassinado o seu amor. Uiva pra lua, moleque!

Ouçam ali no podcast Quintal do Jazz.

Link: Avax

10 comentários:

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Mr. Salsa,

fantástica a Dona Dinah, este é um dos álbuns dela que mais gosto, ao lado daquele em que ela se faz acompanhar por Clifford Brown.
Por falar em certa melancolia de um pulo do HBJ e veja o post que fiz do eterno Dick Farney, tem um também, além do álbum 5 Anos de Jazz, um depoimento dele, pouco antes de falecer, gravado no MIS de SP, ele fala de vida, jazz, influencias e aida toca aquele magistral piano. Perfeito para as manhãs e tarde chuvosas e melancólicas!

Abraços
Mauro

Ô¬Ô

HotBeatJazz disse...

um comentario vazio agora pq esqueci de apertar o botãozinho de seguir os comentários. rs

Salsa disse...

Valeu, meu caro.
Farney nunca é demais. Passarei lá.

PREDADOR.- disse...

Agora sim mr.Salsa, acertastes em cheio com esse álbum: bela homanagem da fabulosa Dinah Washington a fantástica Bessie Smith. Ótimo.

Salsa disse...

Prezado ET,
O filme já está disponível.Deixarei na encruzilhada na terça-feira.

O Pescador disse...

Caro Mr. Salsa.
Que crueldade! 'Lectric chair? :-)
After you've gone seria um pouco mais simpático. :-)

There'll come a time, don't you forget it,
There'll come a time when you'll regret it.

Saudações lusitanas.

Salsa disse...

Bem, nós ouvimos essa também. Mas 'letric chair tem um clima e tanto. Dramalhão de primeira. Às vezes a crueldade faz-nos rir. E foi o que aconteceu.

Érico Cordeiro disse...

E a cantora portuguesa Jacintha, Mr. Salsa, que também gravou um fabuloso disco em homenagem a Bessie Smith?
Esse disco postado é fabuloso: merece ser levado pruma ilha deserta!!!!
Valeu, Salsa-boy!!!

Salsa disse...

Intervalo da pelada. Que saudades de Zico, Adílio e Adão, meu deus!
Eu não conheço o disco da Jacintha, mr. érico, mas tem um muito bom da maria joão que postarei em breve.

John Lester disse...

Prezado Mestre, embora eu não seja chegado a vocalistas, Dinah é uma das poucas que dispenso atenção.

Grande abraço, JL.