domingo, 8 de novembro de 2009

Blues cross country

Estou aqui tentando lembrar de algum branquelo ou branquela que convença cantando blues. Ninguém me vem à mente. É possível, isso sim, encontrar algum disco honesto, bem arranjado, com bons músicos acompanhando o dito cujo. Mas fica por aí.

Dia desses, em meus diários passeios pela web, deparei-me com um disco curioso. Chamou-me a atenção o título: Blues cross country, gravado em 1961. Como sugerido, é um passeio por diversas cidades e regiões dos EUA representados nas letras de músicas desse envolvente estilo. De Los Angeles, passando por Kansas City, até chegar em New York, do oeste ao leste, do norte ao sul, todos devidamente amarrados em 14 bons blues.

Proposta mais que interessante e que mais interessante fica quando a cozinha fica por conta da orquestra de Quincy Jones (que cuidou dos arranjos, exceto dois que ficaram aos cuidados de Benny Carter e Mandell). As reticências surgem quanto à intérprete. Trata-se da Pat Boone de saias, miss Peggy Lee. A menina é afinadinha e coisa e tal, mas está mais para noviça rebelde do que para cantora de blues - falta mojo. Isso não chega a matar o disco, mas abala. O resultado final não é ruim, achei até agradável. É daquele tipo de disco que a gente pode deixar rolando enquanto folheamos o jornal ou lemos o romance do dia.

Ouçam ali no podcast Quintal do Jazz

Link: Avax

8 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Ô Seu Mr. Salsa,
Miss Peggy Lee é uma tremenda cantora - conta a lenda que quando gravou oseu primeiro disco pela Capitol, Frank Sinatra exigiu fazer os arranjos.
Recebeu elogios de ninguém menos que Duke Ellington e Louis Armstrong e sua voz é prá lá de afinada (é uma cantora de jazz das mais competentes).
Sugiro o disco ao vivo no Basin Street - fenomenal!!!
Não conheço esse álbum, mas deve ser bem bacanudo - e branquelo cantando blues, só o Johnny Winter!
Abração!

Salsa disse...

Ah, Érico, aí eu discordo. Ela pode ser uma boa cantora.Ponto. Mas ela não arrisca um pentelhésimo fora do estabelecido. Para mim, ela continuará sendo uma cantora convencional de standards.

PREDADOR.- disse...

Quem por certo gostará desse album é o professor Luiz Paixão, um dos adoradores de Peggy Lee.

Salsa disse...

Prezado Predador,
eu não desgostei do disco. Só não acho a Peggy Lee uma cantora de jazz. Luiz Paixão, com certeza, deve tê-lo na cabeceira.

Cinéfilo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Grijó disse...

Luiz Salsa, meu caríssimo, há quem diga que não é preciso ser preto catador de algodão para produzir jazz. Tenho uns exemplos de Blossom Dearie com uma pegada blueseira.

Certa vez ouvi uma gravação de Give Me a Simple Life, tema jazzístico, com andamento de blues. Muito bacana. A cantora era Annie Ross. Brancona.

Abraço.

Salsa disse...

Concordo quanto ao "produzir jazz" - especialmente o instrumental. A cor da pele realmente não é pré-requisito. Já na cantoria, mesmo não sendo a tez uma exigência, poucos branquelos conseguem se destacar.
PS: Creio que tem uma versão de Twisted na radiola - com Ross. Ela se sai bem melhor do que Peggy Lee - mas ali é jazz (swing).

John Lester disse...

Mestre Salsa, branquela cantando blues é Janis Joplin. Mas a Peggy mandou direitinho. Boa a dica, não conhecia.

Grande abraço, JL.