Domingão (escrevo na segundona, à 00h:23'). Fui com meus filhos ao cinema. Era um desses romances juvenis modernos: Lua nova. Achei uma b****! Avaliação: quatro pinicos. Tentativa chula de representar as transformações amorosas juvenis. Minha filha (13 anos) não gostou. Não perguntei a razão. Deveria. Meu filho (10 anos) gostou. Sei que ele anda apaixonado por sei lá quem - como ainda não tem cabelo no sovaco, achei razoável.
Ah, o amor. A cada dia uma versão nova. Podem anotar. Suas experiências. Se não mudarem, procurem um analista. A não ser que as considerem boas, obviamente. Para mim, as experiências ruins foram justamente fruto da inexperiência. Hoje, os encontros são escolhidos com um misto de razão e intuição. A razão diz: "isso não vai dar certo". A intuição rebate: "vai fundo, mané! Quais estórias você poderá contar para seus descendentes se não se arriscar?"
Hoje, eu sinto boas saudades. Aprendi a ver o belo, retrospectivamente (com alguns senões - nem tão Polyana assim), naquilo que a maioria pode considerar desastre. Permito-me arriscar. Até mesmo reviver - recalcular o desastre passado.
Enquanto enchia a cara no Cochicho (boteco vitoriano) com um amigo, comentei sobre o tema. Deixem-se levar, meus caros. Lembrem-se apenas que toda estória tem fim. As tais pedras no caminho. Não as reneguem. Podem render estórias interessantes.
Experiências novas... As reticências são justificáveis. O novo é estranho. Ouço algo que sonoramente não é tão novo assim (enquanto poposta musical): Sky and country, do grupo Fly. Fazem parte do grupo Mark Turner (tenor e soprano), Larry Grenadier (baixo) e Jeff Ballard (bateria). Um trio, pois. A formação me agrada, desde quando ouvi os trios de Rollins. O som é bem ao gosto da ECM, cheio de experimentações e devaneios sonoros, predominando um certo lirismo que rompe com as velhas canções. Sim - é meio cerebral. Mas parece que esse é o novo campo gozoso. Estória que remonta ao bebop. Lembro-me de ter lido em uma faixa em um filme de um show de bebop: "por favor, não dancem" - ou algo similar. Música para ser ouvida, para dançar com a cabeça.
Confesso que achei divertido ouvir como a rapaziada brinca com seus intrumentos. Baixo, bateria e sax se revezam num jogo interessante de condução dos temas. Enfim, são novas maneiras de se contar estórias. Se nos permitirmos a experiência de ouvi-las, pode ser que surja mais um bem vindo caso de amor.
Ouçam ali no podcast Jazz Contemporâneo.
Link: Avax
9 comentários:
O título do post atraiu, claro! Nossa, q imagem mais linda, a das caveiras! (Ñ importa se eh ou ñ 'fake'.)
Caro Salsa ,
Bem que tento gostar, + Não faz a minha cabeça. Será por causa dos meus cabelos brancos !?!
Abraços sonoros !
Ô, Gabi,
Enfim, a graça de sua presença. A foto não é fake não. São as tais duas caveiras que se amavam.
Edinho, meu caro,
Tem certas coisas na estética modernosa que é difícil de deglutir, mas a gente pode fazer concessões de vez em quando e colocar alguma coisa na vitrola. É aquela estória: "para não dizer que não falei"...
salsa san,
experimento hoje um amor repleto de companheirismo, após esses anos todos de convivência...
e o experimento musical é bacanudo pacas...curti o que ouvi...valeô a dica
abraçsons
Prezado Mestre, Mencken dizia que o sonho de toda mulher é estar casada e o sonho de todo homem é estar solteiro.
Certas vezes, contudo, o amor brota sorrateiro, confundindo a cabeça de homens e mulheres e, na maioria das vezes, produzindo resultados nefastos, como camas de casal, churrascos em família e fraudas descartáveis.
Para onde esse mundo vai?
E a feijoada com os amigos... limbo!
Pituco san,
Que assim permaneça.
Pois é, Salsa, hoje, com mais experiência, cheguei à conclusão que se deve sempre seguir a voz do coração (intuição).
Já perdi muita coisa por causa da tal "razão"...
Abraços!
Seu Mr. Salsa,
Foi abrir o baú das reminiscências sentimentais...
Bom, o sonzinho é bacanudo, mas não sei se levaria pruma ilha deserta (rs, rs, rs).
E, falando em Mencken, meu capitão, lembrei de Wilde: o casamento é o preço que os homens pagam pelo sexo e o saxo é o preço que as mulheres pagam pelo casamento (frase dita alguns séculos antes das cachorras, preparadas, popozudas, mulher abobrinha, e assemelhadas, figuras icônicas de um tempo em que sexo e casamento são tão complementares um ao outro quanto goiabada com cerveja).
Boa observação, Mr. Érico. Fica a questão: diante de tal inadequação, qual o motivo para acreditarmos que daí pode sair boa coisa? A resposta está com Pituco e outros laureados com a sorte.
Fig,
Diante do exposto por Érico e do fato que as pessoas casam, creio que o casamento é o ato extremo que só o extremo e louco senso de aventura humana pode justificar. Pura desmesura, hybris - como diziam os gregos. E vamos nessa....
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