Ah, eu fui surfar com as crianças. Constatei que manter distância do mar deixou-me completamente enferrujado. Mal consegui dar umas remadas e, pior, a prancha, em função do mar baixo (pequeno), não suportou meu peso. Naufraguei, pois. Mico geral! Os filhos, lá, rindo do velho pai e coisa e tal.
Em casa, voltei-me para a discoteca e peguei um disco de Art Pepper. Peguei uma coletânea que reúne gravações de 52 a 54 sob o sugestivo nome Surf Ride. A capa, vocês podem conferir, traz a boa e velha long board de madeira pilotada por uma californiana. Isso foi o que faltou em meu revival: uma longboard poderia ter-me poupado do vexame no meu familiar surfari. Fica para a próxima.
Retornemos a Pepper. O disco é excelente. Foi recheado com doze temas (dez deles do próprio Pepper) em gravações curtas mas intensas. As faixas mais antigas, gravadas em 4 de março de 1952, conta com Hampton Hawes (piano), Joe Mongragon (bass) e Larry Bunker (drums). Um ano depois, em 29 de março, os acompanhantes do nosso altoísta são Russ Freeman (piano), Bob Whitlock (bass) e Bobby White (drums). Em agosto de 54, o caldo engrossa com a presença do tenorista Jack Montrose (Claude Williamson carrega o piano, Monty Budwig pilota o baixo e Larry Bunker conduz a bateria). Os camaradas fazem manobras mais que radicais nesse disco. E pensar que o ídolo dos surfistas contemporâneos é um tal de jack johnson ou sei-lá-qual-é-o-nome-do-cara.
Vocês ouvirão uma amostra no podcast Quintal do Jazz
Maybe you find complete cd Here
10 comentários:
Art Pepper nâo criou o bebop, mas é da mesma estatura de Charlie Parker, assim como também o sâo Benny Carter, Johnny Hodges, Paul
Desmond, Phil Woods e Cannonball Adderley, entre outros grandes altoistas da história do jazz.
O naufrágio pode ter sido um fiasco, Salsa, mas a trilha sonora é excelente.
Prezado Mr. Salsa, momentos assim devem ser registrados ao menos em fotografias, mas preferencialmente em vídeo, com youtube, é claro. São História.
E, aviso, a prancha "banana" nada pode contra uma singular barriga de 55 anos. Sugiro uma excitante partida de xadrez ou, se estiver especialmente disposto, de dama.
Pepper dispensa comentários.
Grande abraço e cuidado com as violentas marolas de Camburi, JL.
foi em Manguinhos...
Na minha época chamavam "jacaré". Pra não pagar mico sobre pranchas, me especializei em lagartear de peito aberto nas ondas. Pode acreditar, Salsa, eu era bom nisso. Hoje em dia nem entro mais no mar, já que adiquiri uma enfermidade esquisita que quando dava um mergulho o oceano inteiro entrava pelos meus ouvidos, de modus que ficava pelo resto de um mês ou mais, surdo feito uma porta. Daí desisti. Como poderia ficar sem as maravilhas musicais q vcs me indicam - além, claro, das que descubro sozinho...?
Jacaré também é bom. Mais democrático, até. Agora, bom seria se pudesse plugar alguma coisa no ouvido para pegar jacaré sem entrar água e, de quebra, ouvindo música.
A autobiografia de Art Pepper – de título Straight Life – em conjunto com a de Dizzy Gillespie – To be or not...to bop - são os dois melhores livros de memórias de músicos de jazz q já li.Num contexto de uma enciclopédia virtual , Art Pepper seria um enorme verbete, rico e detalhado de um dos grandes sax- alto do jazz.Charlie Parker, por sua vez, seria o próprio tomo em si.Johnny Hodges foi definido como maior sax-alto do jazz – antes do aparecimento de Parker e reassumindo a posição depois da morte de Bird.Opinião q conta com minha absoluta concordância.
Têm razão, Edú e Olmiro,
Os nomes citados por vocês formam a linha de frente dos sopros no jazz. Agradeço por não morrer sem tê-los ouvido.
Ainda rirão mtas vezes disso!
Q capa linda!, mas me vem uma coisinha rockabilly, preciso conferir como eh d vera.
Bisous
Gabi,
Quero ver você dar sua risada.
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