quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Herbie

Ô, bô', sa' on' qu'eu fui? Em Belzon'. Fui até lá para comer um bom pão de queijo (dizem que a invenção é goiana) e beber cachaça. Tenho viajado muito nesses dias. É o final de ano - o natal - se aproximando. Aí, já viu: é aquela correria para atender a clientela. E, para entrar no clima natalino, eu me dei a caixa Herbie Hancock-Complete Blue Note Sixties Sessions. Como ele também tocou em disco aqui comentado, mantenho-me no critério estabelecido e deixo umas poucas linhas sobre esse grande nome do jazz da geração dos anos sessenta. Nessa caixa estão os discos Takin' off, My point of view, Inventions & dimensions, Empyrean isles, Maiden Voyage, Speak like a child e The prisioner. Uma seleção que mostra a solidificação do trabalho de Herbie, numa linguagem que se tornou facilmente identificável para os ouvintes de jazz. Confesso que o que atraiu minha atenção inicial para obra de Hancock foi a vertente funky de algumas de suas composições (Cantaloupe island e Watermelon man, principalmente). O seu trabalho como band-leader foi marcado por algumas ousadias e por um certo requinte nas suas composições e arranjos, que escapam à tradição. É, sem dúvida, um músico que influenciou toda uma geração com a sua perspectiva musical. Ao seu lado, nesse percurso, estão músicos como os trompetistas Byrd, Hubbard, Thad jones e Johnny Coles; os tenoristas Dexter Gordon, Mobley e Henderson; os baixistas Butch Warren, Chuck Israels, Paul Chambers, Ron Carter e Buster Williams; os bateristas Billy Higgins, Tony Williams, Willie Bobo, Mickey Roker e Albert "tootie" Heath. Esse tipo de caixa, como todos sabem, sempre traz um bocado de alternate takes e algumas curiosidades. No caso, é uma ou outra faixa de um projeto R&B, que foi abortado. Deixarei as faixas Don't Even Go There (a tal r&b), Watermelon man e a belíssima Dolphin dance.
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5 comentários:

ReAl disse...

Esse sotaque mineiro foi de matar. Não sei se os colegas de Minas gostarão da versão brasiliana, ainda mais dizendo que o pão de queijo é invenção dos goianos. Quanto ao Hancock, apesar do bom nível dos discos citados (tenho todos), eu prefiro seus trabalhos ao lado de Donald Byrd. Concordo que o balanço de seus temas funky/gospel são irresistíveis, mas o pai desse groove, para mim, é o Horace Silver.

Anônimo disse...

Se ao sofrermos qualquer experiência prenuncia o inicio da nossa jornada em direção a sabedoria, os sessenta e sete anos vividos e a sucessão freqüente e inovadora de experiências musicais,( não apenas restrita aos anos 60, como equivocadamente informa o resenhista) e pessoais garantem a Herbie Hancock a condição natural de sábio. Para o precoce pianista, q aos 7 anos de idade se apresentava com a Orquestra Sinfônica de Chicago, sua cidade natal, com uma peça de Mozart,sua versatilidade e o desembaraço em “fluir” por linguagens opostas e aparentemente conflitantes como o bebop,funk, fusion,pop, dance,hip-hop e world music(dos mencionáveis) , não aparenta absoluta dificuldade.Sim, uma espontânea e despremeditada atitude.Influenciado pelas harmonias dos arranjos vocais q Clare Fischer escrevia para o grupo vocal Hi-Los e os orquestrais de Robert Farnon, Hancock mal vestia calças compridas e já acompanhava Coleman Hawkins e Donald Byrd nos clubes de jazz de Chicago, no final dos anos 50.Por interferência de Byrd, foi convidado a iniciar, em 1962, aos 22 anos, sua carreira fonográfica pelo legendário selo Blue Note.Período compreendido,de quase 8 anos, da caixa adquirida pelo resenhador.Com 4 títulos fabulosos condicionados neste Complete(My Point of View,Empyrean Isles,Speak Like a Child e ,com especial destaque, Maiden Voyage, seu melhor , até hoje, disco, cercou-se,nestas gravações de “nascentes talentos” q abandonarão ,em razão de seu brilhantismo, a “plebe” do jazz: Ron Carter,Freddie Hubbard,Wayne Shorter,Tony Williams.Além da indispensável companhia de “sêniors” como seu “tutor” Byrd, Thad Jones e Dexter Gordon. Pianista com pleno exercício de preciosa técnica, num estilo em q sofisticadas e complexas soluções harmônicas são colocadas em frases, na maioria da vezes, curtas , numa espécie de adorno, Hancock concilia um trabalho sólido como compositor (entre outros temas, é autor de clássicos do jazz como Maiden Voyage, ,Dolphin Dance, além da citada Canteoloupe Island ).Concomitantemente a esse período de fértil criação registrado nos cds, associou-se a Miles Davis na formação de seu segundo lendário quinteto(com Carter,Williams e Shorter na escolta).Edú

cd disse...

Creio que o "mineirês" afetou a compreensão do visitante. Não disse, nem escrevi, que a produção de Hancock se restringe aos anos sessenta, mas sim que nesse período o seu som tomou uma consistência própria que propicia a sua identificação aos ouvintes. Não creio que isso seja um equívoco.

Anônimo disse...

Não afetou de maneira alguma já q sou admirador de Otto Lara Resende,Drummond,Guimarães Rosa,pego nos braços , aos meus 2 anos de idade, pelo saudoso Hélio Pellegrino e amigo do Tostão."deixo umas poucas linhas sobre esse grande nome do jazz da geração dos anos sessenta" assim meu desconhecido e prezado amigo se expressou.A capacidade e a genialidade de Hancock prescindem esse restrito período numa continua renovação, sob vaias e aplausos, q persevera até os dias de hoje.Aprecie bastante seu "auto-presente".São meus votos.Edú

Anônimo disse...

Tá bem, sô Edu. Apreciarei.
Em tempo: Geração de 60, a meu ver, não significa findada em 60, mas, como eu disse e insisto, foi ali que sua obra começou a tomar forma e consistência, ou, de outro modo, sua "assinatura" tornou-se reconhecida.