domingo, 30 de janeiro de 2011

Cool man, cool

Entre as guitarras - seja para o rock'n'roll, seja para o jazz - a sonoridade que mais me agrada é o produzido pela Gibson. Sonzão denso, compacto, sem arestas. E, para não perder o costume, estou ouvindo um guitarrista que empunha a ES-335 (e um violão Martin) com segurança.

Trata-se de Grant Greissman. O camarada faz (pelo menos no disco que eu tenho - Cool man, cool) aquele jazz mais pop, com grooves funk e coisa e tal, smooth, com boas pitadas de bop, lembrando aquelas coisas do selo GRP.

Nesse trabalho, de fato, Greissman mostra sua versatilidade ao trafegar por estilos diversos sem cansar esse ouvinte. O guitarrista conta com a participação de alguns colegas ilustres, que dão uma forcinha para alavancar a vendagem (entre os mais conhecidos, cito Chick Corea, Russell Ferrante, Tom Scott e Chuck Mangione).

Deixarei quatro teminhas que muito me agradaram: Too cool for the school, One for Jerry (com Jerry Hahn pilotando uma Gibson L-7 1952), Crazy talk e Nawlins.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pepper Adams - A very tough man


Eu gostaria de experimentar tocar um barítono. Disseram-me que, ao contrário do que se pensa, é um instrumento leve, não exigindo muito esforço para tirar aquele belo som, que parece emergir das profundezas da terra. Bom, enquanto isso não é possível, dedicar-me-ei a ouvir um dos mestres desse belo instrumento: Pepper Adams.

Está rodando na minha radiola o excelente 10 to 4 at the 5-spot, disco lançado em 1958, um ano após ter sido eleito pela Down beat o melhor baritonista das plagas estadunidenses.

O aspecto que gostaria de destacar é o fato de ser um disco gravado ao vivo (o encarte tece alguns senões quanto a esse ponto). Ao meu ouvir, esse é o momento em que o músico se mostra mais humano, impedido que é de ficar corrigindo supostos erros cometidos. Palhetadas, frases que não deixam o músico satisfeito são partes constitutivas de uma obra que, em se tratando de músicos da estirpe de Adams, Donald Byrd, Doug Watkins, Bobby Timmons e Elvin Jones (dedico esse último ao Predador), não poderia deixar de ser uma bela obra.

Sem mais delongas, deixo-vos o som do excelente quinteto ali na virtual radiola.

Link: Avax


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Frank Anthony Monterose Jr.


Ouço agora um disco que é muito apreciado por Érico, do jazz+bossa (já postou há algum tempo). Trata-se de J. R. Monterose, gravado em 1956 pelo grande tenorista e mais um time de primeira. Destaque-se a presença de Ira Sullivam, trompetista de sopro e fraseado marcantes.

Frank Anthony Monterose Jr. começou tocando clarineta, mas, ao ouvir Tex Beneke, um tenorista obscuro, resolveu investir seriamente no sax tenor. O resultado de sua dedicação pode ser conferido nesse mais que interessante disco. Resultado que muito deve à presença da excelente seção rítmica formada por Horace Silver, Wilbur Ware e Philly Joe Jones, que garantiu uma sonoridade sólida e equilibrada.

O disco é um daqueles que, quando está rodando no pickup, fazem o ambiente brilhar. Deixo-vos, agora, apreciar o belo trabalho (integral).

Link: Avax

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Jazz for the carriage trade

Um pouquinho de boa música para melhorar o chuvoso tempo. Trago-vos um disco que já seria bom se considerássemos apenas os dois sopros que participaram das gravações: Phil Woods e Donald Byrd. Mas tem mais: o pianista e band leader George Wallington, para completar o seu quinteto, conta com Arthur Taylor (d) e Teddy Kotick (b) para cuidarem da sessão rítmica.

O disco - Jazz for the carriage trade - gravado em 1956, é um daqueles trabalhos em que procurar defeitos é uma tarefa difícil. Dominado pelo límpido swing imposto pela pegada primorosa de Wallington, o grupo passeia por temas como Our Delight, Our love is here to stay, Foster dulles, Together we wail, what's new e But George. Esta última, uma composição de Woods, permito-me dizer, foi a que mais me cativou. Os diálogos entabulados por Woods e Byrd, criam o clima mais envolvente do jazz - clima de uma jam.

Eis dois teminhas para vocês apreciarem

O link: Avax


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O que disse o trovão

Nessa cova arruinada entre as montanhas

Sob um tíbio luar, a relva está cantando

Sobre túmulos caídos, ao redor da capela

É uma capela vazia, onde somente o vento fez seu ninho.

Não há janelas, e as portas rangem e gingam,

Ossos secos a ninguém mais intimidam.

Um galo apenas na cumeeira pousado

Cocorocó cocorocó

No lampejo de um relâmpago. E uma rajada úmida

Vem depois trazendo a chuva

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In this decayed hole among the mountains
In the faint moonlight, the grass is singing
Over the tumbled graves, about the chapel
There is the empty chapel, only the wind's home.
It has no windows, and the door swings,
Dry bones can harm no one.
Only a cock stood on the rooftree
Co co rico co co rico
In a flash of lightning. Then a damp gust
Bringing rain

(T. S. Eliot)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Inta somethin'


Entre os trompetistas que eu aprecio, Kenny Dorham ocupa um lugar especial. Seu sopro traz características que muito me agradam: claro e direto, sem muitos adornos, com densidade e textura variáveis de acordo com o que solicita o tema interpretado.

Ouço agora o disco Inta somethin' (1961), que conta com a participação de uma figura de espírito indomável: Jackie McLean. Este traz como marca o som rascante, sem tremolos, direto, com forte pegada.

O autor do muito bem escrito encarte (John William Hardy), assinala que, nesse disco, a terminologia apropriada para definir a dupla seria "tradicional moderno". O termo traz não só o viés do mainstream jazzístico, mas a primitiva passionalidade que fulgura no sopro de ambos. À passionalidade acrescenta-se o modo como os dois usam seus instrumentos: "algo experimental sem serem experimentalistas".

A sessão rítmica fica por conta dos excelentes Walter Bishop Jr., Leroy Vinnegar e Art Taylor. O resultado final é um som que pode soar agressivo aos ouvidos conservadores (especialmente nas baladas), mas é merecedor de aplausos. Gostei e indico.

Link: Avax

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

The chant

Alguns músicos, apesar de serem grandes, parecem estar fadados a viverem à sombra dos seus contemporâneos. Não diria que Sam Jones seja um desses obscuros heróis, mas, com certeza, ele merece mais atenção dos apreciadores do jazz.


Trago-lhes, hoje, o segundo disco desse grande baixista (The chant), gravado em janeiro de 1961 (completa 50 aninhos dia 13). Um disco marcado pela tradição, com forte dicção do blues e do swing. Aliás, Jones não é um cara chegado em grandes experimentos musicais. Parece-me que sua praia é mesmo a boa velha escola.

The chant é uma produção que bem mostra a aceitação de Jones pelos colegas. Ao seu lado está um grupo (uma big band, melhor dizendo) que reúne uma leva de renomadas feras do jazz. Conte aí: Nat e Cannonball Adderley, Blue Mitchel, Wynton Kelly, Les Spann, Victor Feldman, Jimmy Heath, Louis Hayes, Tate Houston e Melba Liston. Feras que não negam fogo quando chamados a mostrarem suas habilidades.


O resultado me agradou bastante e indico sem titubeios.

Link: Avax