Eu pretendia postar alguma coisa mais contemporânea, mas não resisti à tentação de apresentar-lhes mais uma pérola dos anos cinqüenta. Um saxofonista alto que trabalhou com Stan Kenton e é dono de um sopro que o comentarista do encarte do disco considera uma união da força de Charlie Parker com a introspecção de Lee Konitz: o nome da peça é Lennie Niehaus. O disco: Zounds!, que reune duas sessões - uma de 56 (com oito temas) e outra de 58 (com quatro temas).
O texto de apresentação do trabalho, escrito por Arnold Shaw, inicia destacando um ponto que, dia desses, foi abordado por Tandeta no blog do Lester: existiria diferença entre o cool e o bop? Para Shaw, a moçada da costa oeste, assim como a rebelião em busca da liberdade promovida por Demo e a sua horda decaída, não foi capaz de esquecer o passado. O caminho seguido pelos rebeldes da costa oeste em contraposição ao bop e às big bands permitiu-lhes "experiment with a lighter sound, more subtle rhythms, far-out harmonies, and the contrapuntal freedom allowed by the small combos, they cannot eradicate memories of excitement generated by the drive and the roar and the jump beat of the big band". Shaw afirma que essa ambiguidade aparece claramente no trabalho de Lennie Niehaus. Aspecto que Niehaus, que desde sua juventude curtiu orquestras, também destaca como um meta sua: "my goal is a swinging line".
O percurso de Lennie ao lado de Kenton obviamente deixou marcas em seu modo de arranjar os temas em suas experiências com pequenos grupos. Shaw acrescenta sobre o disco Zounds!: "Here, then, we have the picture of a young jazzman caught between a love for massive sound - the integrated sax and brass choir sound of the big band - and the contemporary demand for the lighter, contrapuntal, polytonal sound of the small combo".
O fato, meus amigos, é que o resultado produzido pelos estelares octetos - em 56: Montrose (tenor), Bob Gordon (barítono), Stu Willianson (trumpete), Bob Enevoldsen (trombone de válvula), Lou Levy (piano), Monty Budwig (baixo) e Shelly Manne (bateria); em 58: Bill Perkins (tenor), Pepper Adams (barítono), Vincent de Rosa (French Horn), Frank Rosolino (trombone), James McAllister (tuba), Red Mitchell (baixo) e Mel Lewis (bateria) - é para ninguém botar defeito.
Deleitem-se, ali no pocast Quintal do Jazz, com um tema de 56 - Figure 8 - e outro de 58 - The sermon.
Link: here
6 comentários:
Um super disco, Mr. Salsa.
Eu gosto muito deste disco (infelizmente só tenho dois discos do Niehaus, mas espero poder corrigir essa situação em breve), os arranjos são prá lá de criativos.
E que turma boa essa, não?
Abração e parabéns pela escolha.
West Coast Forever!!!!
Também gosto bastante do som da costa oeste. Mas a ousadia do pessoal da costa leste também é genial. Valeu a presença, parceiro.
E no "centro" não tem ninguém? rs
O melhor é que tem, prezado Olney. Kansas City fica bem no centro - e foi motivo para um filme.
Rápidos pitacos.Não devemos duvidar jamais das palavras de João Donato ao citar a primeira audição da orquestra de Stan Kenton na vida como a maior emoção q sentiu vestido ou despido(rs,rs,rs).Lennie Niehaus foi até o final da vida um dos melhores amigos e o "trilheiro oficial" dos filmes de Clint Eastwood.Kansas City produziu um bom filme e uma trilha mais espetacular ainda q talvez coletivamente expressou da melhor forma toda a geração dos young lions surgidos a reboque de Wynton Marsalis no final dos anos 80.
Não posso entrar em detalhes a respeito do Niehaus porque ñ tenho nenhum trababalo dele,mas concordo com o Érico Cordeiro a turma deste disco é da pesada e assim, so ouvindo para analizar.De qualquer forma agradeço ao mestre Salsa por compartilhar este trabalho.
Postar um comentário