Quando ouvi pela primeira vez, sem saber de quem se tratava, reparei no lirismo, nas pausas, nas notas, que surgiam como o piscar de vagalumes em noites escuras, e se apagavam suavemente. A força da música obedecia uma dinâmica bem equilibrada, que permitia às notas uma "coloração" especial. Bill Evans? Perguntei ao amigo, que respondeu negativamente. Perguntei se negro, e não era. Eu sempre acho que é negro, pois o jazz é negro.
Desisti, e meu amigo disse: Jessica Williams, dona de uma expressiva discografia (o seu primeiro disco é de 76). E eu não a conhecia - como muitos jazzófilos, creio, ainda não conhecem. O album que me foi apresentado é Intuition, título que bem expressa o seu teor. Intuição feminina, aquele lirismo todo. Um disco solo, delicado, sutil, reconfortante como o calor da mulher amada, mas que também sabe usar a sua sensualidade de modo mais agressivo. Gravado em 1995, percebe-se traços de sua formação erudita entremeados à boa dicção jazzista. Separei a força da monkiana Green chimneys e a leveza de Bill's beauty para vocês apreciarem.
9 comentários:
Ô, CD, a faixa Bill's beauty é a mesma versão que está no disco All alone, que eu possuo. Esse intuition é uma coletânea?
Jessica Williams tem bom transito entre os conhecedores de jazz por ser um nome bastante representativo no piano conduzido por mãos femininas.E esse negócio de rotular "jazzófilo" pra mim é quase como ofender a mãe, na minha opinião.Edú
Edu,
Não pretendia ofendê-lo, longe disso, pois sequer o conheço. Espero que os navegantes que por aqui aportem não encontrem na palavra um palavrão. Bom, eu continuo sendo um amante do jazz, em grego ou em português. Conhecedor, nem tanto. Daí não possuir nada da moça. Pelo menos a minha, digamos, sensibilidade a esse gênero musical me permitiu apreciar as nuances, o serpear e as volutas da bela pianista.
Salsa,
A versão é realmente do disco por você citado (gravado em 2003). Eu pedi ao amigo que fizesse uma seleção para mim. Enfim, Intuitions não é uma coletânea.
O Jazzigo está tocando de primeira. Só apresenta coisa boa. Jessica Williams, seguidora de Monk, tem vários discos gravados, a maioria ótimos. Dentre eles "All alone", "Arrival", "Jazz in the afternoon", "This side up" e "Live at Yoshi's", em cujo Vol.1 vocês poderão ouvir "Misterioso", onde ela coloca todo a sua verve monkiana. Uma beleza! Parabéns srs. CD, Vinyl e Salsa, mas, não se animem muito que o PREDADOR pode pintar por aqui.
Sr.Dias tenho absoluta certeza que não conteve nenhuma ofensa á minha pessoa.Nem motivo existe pra isso.Só essa coisa de jazzófilo me incomoda um pouco.No Brasil, temos, contam-se nos dedos, autoridades "supremas" vivas do jazz dignas desse tratamento: a saber, Luiz Orlando Carneiro, José Domingos Raffaelli, Roberto Muggiatti e o Zuza Homem de Mello.E talvez um que se aproxime deles daqui a uma década Carlos Callado.No entanto, reconheço o belo trabalho de obstinados que levam com paixão essa causa nobre chamada jazz.O jazzigo e sua equipe integram esse rol
Esqueci de assinar,Edú.
Marcelo BamBam (ou Coelho) está no Ipsis Litteris, CD.
E Jessica Williams é a prova de que as coisas ainda valem a pena: a poesia ainda pode ser traduzida sem palavras.
E por isso também vale.
Bom vizinhança, eu realmente espero que vcs tenham me esquecido - uma semana que seja -, pq se passaram batido, sem comentários, por minhas duas últimas postagens, pode ser sinal de que alguém aqui nintende nada, ou pior, não tem bons ouvidos pro jazz.
Quanto a Jessica, é rara mesmo. Na insistência consegui "For John Coltrane" que estou curtindo à vera!
Apareçam
Beleza, adorei! Fiquei ouvindo um tempão...Tanks!
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