Lá no começo do blog apresentamos um disco do Harold Land, do qual participava o trompetista Dupree Bolton. Pois bem, encontrei outro disco - Katanga! - em que ele divide a cena (em seis das nove faixas) com o saxofonista (tenor e soprano) Curtis Amy. Aliás, o disco original só continha seis faixas, no cd é que incluiram mais três faixas de outro disco (Way down) com músicos diferentes (confiram na contracapa), o qual eu não possuo. Não se assuste com a capa, não se trata de nenhuma experimentação em busca das origens percussivas africanas. Esse cd está recheado com jazz de primeira qualidade. Prestem atenção no sopro selvagem de Curtis Amy, especialmente quando toca tenor. O soprano soa como uma bem dosada mescla de lirismo e algumas ousadias à Coltrane. Dupree, por sua vez, segue aquela linha expressiva e brilhante que a gente encontra (como bem afirma o encarregado das notas, Mr. John W. Hardy) em Dizzy, Clifford Brown e Navarro. É um sopro que compõe muito bem com a pegada de Amy. Se a coisa parasse por aí já estaria bom, mas ainda tem mais: o guitarrista Ray Crawford me soou simpaticíssimo, com suas frases precisas (com aquela firmeza de quem já encontrou aquelas notas que muitos virtuosos tentam capturar com enxurradas de frios arpejos). O resto da banda é composto pelo pianista Jack Wilson (dono de um gentil manuseio das teclas), pelo baixista Victor Gaskin e pelo baterista Doug Sides. Eu não vacilo em dar cinco estrelas para esse belo trabalho, gravado durante a primeira semana de março de 1963. De brinde ficam as faixas Lonely woman e A shade of Brown.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
domingo, 25 de novembro de 2007
Shank e Levy
Lou Levy (falecido em 2001) é um pianista pouco conhecido, mas competente como poucos. Levy tem uma discografia pequena como líder, se comparada com outros nomes do jazz, mas tem belos trabalhos como sideman (um visitante disse gostar de seu trabalho com Ella). Eu tenho um cd dele com Bud Shank em homenagem ao bom e velho "olhos azuis". Pois é, os dois interpretam temas que um dia se fizeram ouvir (e ainda são ouvidos, obviamente) na voz de Frank Sinatra. O pianista não é nada convencido - é patente a sua preocupação em ajustar a harmonia para o fraseado de Shank. Unem-se, aqui, o lirismo e força - Levy e Shank. Ouçam Night and day e Yesterdays.
sábado, 24 de novembro de 2007
Wayne Shorter
Em 1959, adentrou os estúdios para sua primeira gravação como band leader, o jovem saxofonista Wayne Shorter. Acompanhavam-no em seu debut Chambers, Lee Morgan, Wynton Kelly & Jimmy Cobb. Introducing Wayne Shorter é um disco autoral (das seis faixas, a única que não leva a sua assinatura é o tema Mack, the knife). A interessantíssima faixa inicial, Blues a la carte, emprestaria o título para o segundo disco (cotado com 4,5 estrelas pelo allmusic). A mandada hard bop domina esse disco, que, a meu ouvir, é mais do que agradável (o Allmusic deu apenas 3 estrelas). O percurso anterior de Shorter remonta a experiências com Horace Silver, Maynard Ferguson e Art Blackey (56 - 59). Posteriormente, a partir dos anos sessenta, a sua associação com Miles rendeu-lhe meteórica ascensão no meio jazzístico (temas como E.S.P e Footprints são incansavelmente interpretados por todos os jazzistas), para explodir nos anos setenta, quando, unido a Zawinul e Vitous, fundou o marcante Weather Report. Os seus discos iniciais, no entanto, ainda guardam um modo mais clássico de tocar. As suas composições, vocês perceberão nas faixas disponibilizadas, têm estrutura simples e cumprem bem a função de trampolim para improvisações dos músicos (são boas de tocar e não exigem muitos contorcionismos aos músicos que participam da festa). Ouçam Blues a la carte, Harry's last stand e, de quebra, a deliciosa Mack the knife.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Chambers sextet
Já que o papo é baixista eu não poderia deixar de falar de Paul Chambers. Esse é daqueles que deixaram profunda marca no belo edifício jazzístico - no alicerce, para ser mais coerente com a função do baixo. Aqui, ele está com o sexteto estelar: Coltrane, Byrd, Burrell, H. Silver e Jo Jones. É brincadeira? Quando eu ouvi pela primeira vez, fiquei meio apreensivo em função da introdução da primeira faixa, Omicron, que tem uma pegada percussiva meio tensa, mas o susto foi logo substituído pelo prazer de ouvir o time dividir os compassos em solos envolventes (fato que, para a alegria da galera, persiste em todas as faixas). Para os tietes de Trane, o sexteto executa dois de seus temas (pouco conhecidos): Nita e Just for the love. Deixarei a faixa-título Whims of Chambers, We six e Just for the love. Bom apetite!
PS2 -Do lado direito está a linha de baixo - para os baixistas de plantão.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Buster Williams's bass
O meu primeiro contato com o som do baixista Buster Williams foi através dos discos dos Crusaders. O fraseado fusion (smooth) era recheado de convenções que chamaram a minha atenção: groove balançante, com pitadas pop mas com uma técnica rebuscada. Depois, lá estava ele ao lado de Hancock, experimentando novas sonoridades. Posteriormente, observei que ele já tinha um costado que remontava ao início dos anos sessenta, ao lado de Ammons, Sttit, Nancy wilson e até com Miles. Seja elétrico, seja acústico, o baixo de Buster é, se me permitem o trocadilho, transbordante (burst). A sua discografia, como band leader só iniciou em 1975, depois de quinze anos de labuta como sideman. O disco que eu trago é o Griot libertè, de 2004, gravado com a companhia de George Colligan (p), Stefon Harris (marimba e vibrafone), Lenny White (b). Buster Williams se encarrega do baixo e do piccolo bass (aquele com som mais agudo). Das oito faixas, seis são de sua autoria; as outras duas são Ev'ry time we say goodbye (Porter) e Concierto de Aranjuez (Rodrigo). As composições de Buster são intensas e parecem destacar as sombras dos nossos sentidos. Não pense em sombrio, mas em profundo. Essa foi a minha impressão ao ouvi-lo, e você poderá conferir aqui (e não se assuste com os títulos das músicas): The triumphant dance of butterfly, The wind of an immortal soul e Ev'ry time we say goodbye.
sábado, 17 de novembro de 2007
Stan Levey Quintet
Observei que naquela excepcional caixa de Zoot Sims tem umas gravações com Stan Levey. Para quem não sabe, Levey é um baterista de mão cheia. Daqueles que sabem que lugar de bateria é na cozinha. É ali que ela amarra tudo o que é feito pelos outros músicos da banda. É na cozinha que se prepara o molho, que deverá ser servido com moderação, na certa medida para não estragar o prato. Quando é chamado à sala, Levey não nega fogo e faz seu showzinho particular. O melhor de tudo é que eu tenho um disco do quinteto de Levey, que conta com um time para ganhar campeonato: Richie Kamuka (ts), Conte Candoli (t), Lou Levy (p) e Monty Budwig (b). Cada um deles só por ter participado desse disco merece uma estátua em praça pública (o melhor é que eles fizeram mais, mas isso é assunto para depois). Gravado na Califórnia, em 1957, esse é um disco para fazer os jazzófilos babarem. Deixarei a metade do disco: Stan still, Lover come back to me e Ole man rebop.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Scott Hamilton e Bucky Pizzarelli
Meu caro CD, como eu comentei no seu post, tem outro disco de Bucky Pizzarelli que eu considero melhor: Scott Hamilton & Bucky Pizzarelli - The red door (1998). A parte interessante é que é um disco dedicado a Zoot Sims. A homenagem, mais que justa, resultou num trabalho soberbo, que me soou melhor que o que você postou (sei que existe outra gravação de Sims e Pizzarelli, de 73, a qual eu não conheço [seria a mesma?] e, caso você tenha, aceito uma cópia). No disco que eu deixo no blog, você poderá conferir a pegada rítmica de Pizzarelli (auxiliada pela sétima corda, que permite uma sólida linha de baixo): é puro veneno - suíngue de primeira. Os seus solos são construídos, mantendo o seu estilo, em consistentes chords melodies. Hamilton, por sua vez, sabe aproveitar a highway harmônica construída por Bucky, e destila notas com timbre suave e envolvente, propiciando-nos um passeio tranqüilo e relaxante. E, Guzz, esse é um disco que poderia ser levado para uma ilha deserta. Ouça The red door, Two funky people e Morning fun.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Zoot & Bucky
Também estou me deleitando com Zoot Sims. Não a caixa apresentada e prometida (mas ainda não cumprida) por Vinyl. Trata-se de outro disco - Send in the clowns (gravação de 1993). Esse foi gravado na companhia do guitarrista de sete cordas Bucky Pizzarelli, pai do canastrinha de mesmo sobrenome (mas de talento ainda a ser provado). Achei delicioso o modo como o velho Bucky toca sua guitarra. O fato é que a sua sonoridade se ajusta perfeitamente ao sopro de Sims. Ouça e comprove: Honeysuckle Rose e Come rain or come shine.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Zoot
Zoot Sims tocou no disco de Pepper (comentado nesse blog), mas fez muito mais do que isso. Sua obra, seu sopro, seu fraseado, é referência entre jazzistas. Um petisco ultra interessante para se conhecer o trabalho de Sims é a caixa The Complete 1944-54 Small Group Sessions. Nela, meu caro Carlos "CD" Dias, você encontra de tudo um pouco: Sims toca com o sexteto do pianista Joe Bushkin (1944); acompanha Harry Belafonte (num quinteto sensacional: Sims, Al Haig, Jimmy Raney, Potter e Haynes - 1949); ouvirá também a dobradinha Sims e Toots Thielemans brincando com All the things you are (1950), e mais um monte de grandes músicos em diversas formações (para economizar os dedos e o teclado do computador, deixarei o encarte para você conferir). A coletânea reúne seus trabalhos gravados na Europa e também aqueles produzidos nos EUA, totalizando 67 indispensáveis faixas. Deixarei uma faixa de cada cd (escolhidas aleatoriamente) para que você aprecie e dê sua opinião. A primeira é It don't mean a thing, com King david and his little jazz (ouça o duelo de scats entre Roy Eldridge e Anita Love), a segunda é It had to be you (com Harry Biss, Clyde Lombardi e Art Blakey), a terceira é The red door (com Kai Winding, Al Cohn, Wallington, Heath e Blakey), a quarta e última é West coasting (com Stan Levey sextet: Sims, Condoli, Giuffre, Williamson, Bennett e Levey). Se gostar, deixarei na sua caixa postal.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Herbie
Ô, bô', sa' on' qu'eu fui? Em Belzon'. Fui até lá para comer um bom pão de queijo (dizem que a invenção é goiana) e beber cachaça. Tenho viajado muito nesses dias. É o final de ano - o natal - se aproximando. Aí, já viu: é aquela correria para atender a clientela. E, para entrar no clima natalino, eu me dei a caixa Herbie Hancock-Complete Blue Note Sixties Sessions. Como ele também tocou em disco aqui comentado, mantenho-me no critério estabelecido e deixo umas poucas linhas sobre esse grande nome do jazz da geração dos anos sessenta. Nessa caixa estão os discos Takin' off, My point of view, Inventions & dimensions, Empyrean isles, Maiden Voyage, Speak like a child e The prisioner. Uma seleção que mostra a solidificação do trabalho de Herbie, numa linguagem que se tornou facilmente identificável para os ouvintes de jazz. Confesso que o que atraiu minha atenção inicial para obra de Hancock foi a vertente funky de algumas de suas composições (Cantaloupe island e Watermelon man, principalmente). O seu trabalho como band-leader foi marcado por algumas ousadias e por um certo requinte nas suas composições e arranjos, que escapam à tradição. É, sem dúvida, um músico que influenciou toda uma geração com a sua perspectiva musical. Ao seu lado, nesse percurso, estão músicos como os trompetistas Byrd, Hubbard, Thad jones e Johnny Coles; os tenoristas Dexter Gordon, Mobley e Henderson; os baixistas Butch Warren, Chuck Israels, Paul Chambers, Ron Carter e Buster Williams; os bateristas Billy Higgins, Tony Williams, Willie Bobo, Mickey Roker e Albert "tootie" Heath. Esse tipo de caixa, como todos sabem, sempre traz um bocado de alternate takes e algumas curiosidades. No caso, é uma ou outra faixa de um projeto R&B, que foi abortado. Deixarei as faixas Don't Even Go There (a tal r&b), Watermelon man e a belíssima Dolphin dance.
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domingo, 4 de novembro de 2007
Pepper Adams
Vamos lá, Cd. No disco Royal Flush, de Byrd, sensacional por sinal, aqui comentado anteriormente, o barítono fica por conta do não menos sensacional Pepper Adams. Ele, sem dúvida nenhuma, está no panteão dos grandes baritonista (ao lado de Harry Carney, Serge Chaloff e Gerry Mulligan). Para mim, o que o difere dos demais é que os outros não gravaram o disco "Plays Charles Mingus". Ponto a favor de Pepper. Nesse disco, ele gravou algumas faixas com quinteto, acompanhado por Danny Richmond, Paul Chambers, Thad Jones e Hank Jones, e outras com octeto, acrescentando Charles McPherson (as), Zoot Sims (ts), Bennie Powell (tb) e Bob Cranshaw (b, substituindo Chambers). Ouça Better git on your soul, Incarnation e Haitian fight song e me diga o que você achou.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Junior Cook
Encerradas as festividades do Tim, sempre bem abordadas pelo parceiro Vinyl, retomarei a proposta de seguirmos as trilhas deixadas pelos jazzistas que participam dos discos anteriormente comentados. Ao arrumar o baú de discos, encontrei "Junior's cookin'", que Junior Cook gravou, como era de se esperar, ladeado por Blue Mitchell. Além dos astros principais, hardbopeiros fundadores, o quinteto conta com Roy Brooks (drums), Dolo Coker e Ronnie Mathews (piano) e Gene Taylor (bass). O resultado é mais do que agradável e merece a atenção dos colegas. Ouça os temas Myzer, Easy living e Sweet cakes e depois me diga o que você achou.
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