domingo, 20 de junho de 2010

Últimas impressões sobre Rio das Ostras Fest

Esperava, na sexta, que a minha viagem a Rio das Ostras fosse plenamente compensada. Enfim, a noite seria abrilhantada por novas e velhas estrelas do mainstream jazzístico. Até a chuva se recolheu, dando lugar à constelação que se anunciava no horizonte do palco principal: o trio formado por Mulgrew Miller, Ron Carter e Russell Mallone; logo depois viria o quarteto de Joey Calderazzo. Para este que vos tecla, a noite já estaria completa.

Cheguei quando anunciavam a entrada do trio de Ron Carter. Nesse momento, percebi que algo não ia bem com a produção. O principal elemento para um bom show estava comprometido: o som. Algo que nas versões anteriores do festival sempre foi impecável. O som do piano de Miller estava sofrível, o baixo de Carter inexistia, da guitarra de Malone mal se ouvia as notas mais agudas.

Desesperei. Fui para a frente do palco e, mesmo lá, apesar de ficar mais audível, persistia uma sonoridade sofrível (parecia que algumas caixas estavam "estourando", com aquele irritante sonzinho rachado. Minha garrafa de bom vinho ficou, repentinamente, avinagrado. Esperei que melhorasse para o segundo show.

Sentei-me com o amigo Olney Figueiredo e aguardei. Entrou Calderazzo e, à distância, o som manteve-se no limbo. Fui novamente para a frente do palco e o som pareceu-me menos rachado. Calderazzo, por sua vez, estava imbuído da tarefa de mostrar o bom e velho swing - e o fez com presteza. O seu quarteto fez o que se espera de um bom jazzista: tocou muito, como muito balanço. Apesar do esforço contrário dos técnicos do som, o bom pianista conseguiu realizar um excelente show.

A seqüência de shows nos trouxe o trumpetista Michael "Patches" Stewart que, no ano passado, cá esteve acompanhando Jason Moran na homenagem a Miles Davis. A banda é a que costuma acompanhar Marcus Miller e o som um pouco mais pesado do que o do tecladista, mas com a mesma mescla soul/funk/jazz também conhecida como smooth ou música de elevador. Inegável o balanço, que agradou a juventude presente (e, em alguns momentos, até esse velho blogueiro). Musicalmente, nenhuma novidade - previsível. O destaque foi o sub utilizado líder, que, com certeza, se tocasse uma música mais desafiante, mostraria o que realmente é capaz de fazer com seu trompete.

Na noite seguinte, continuou a parte eletrificada do festival. A banda do baixista Victor Bailey foi praticamente a mesma que tocou com Patches. E, como na noite anterior, só era possível ouvir detalhes da música quando estávamos no gargarejo. À distância, prevalecia uma boa dose de estridência. Poupei-me de mais desgosto e recolhi-me para a boa noite de sono e para a viagem de volta.

Agora, fica a expectativa para o Tudo é jazz, em setembro.

4 comentários:

figbatera disse...

Pois é, amigo Salsa, primeiro teve a chuva, depois esse problema com o som que vc relatou, a dificuldade de se arrumar lugar "sentado" nos bares da área do evento e o grande problema dos tais banheiros químicos na hora de "aliviar" os líquidos consumidos.
Mesmo assim, a gente se diverte e espera que o Festival se aprimore (principalmente quanto à presença de JAZZ) e a gente continue a se encontrar por lá...
Abração!

pituco disse...

mr.salsa,

pelo relato e comentário do fig-san, imagino o desconforto em assistir as apresentações...

curioso que, no facebook, ao contrário daqui, o próprio calderazzo afirma estar satisfeito com a performance e coisa e tal...(?)...bom, uma coisa é o som de palco, outra coisa é o som do p.a.

de qquer maneira, valeô o registro
abraçsons

Salsa disse...

Exatamente, mr Pituco. Os músicos pareciam muito felizes. Creio que em função o som do palco.
O show de Clderazzo foi realmente muito bom p especialmente pra quem estava bem em frente ao palco.

Gustavo Cunha disse...

grande Salsa
fez bem em ir dormir, os shows do TM Stevens e do Glew Andrews foram terriveis ... nem eu aguentei !

Abs,