 Em sua contemporânea expressão, Harrell faz jazz sem mutilar, sem deslocar, sem abandonar as raízes.  Ele não nos deixa com aquela sensação de que o jazz morreu, que é coisa findada. Sua música, com toda sua modernidade não corrompe a alma do jazz (o disco que agora ouço é Prana dance, de 2008) . Está tudo ali nas tramas de suas composições e arranjos - do swing ao cool, passando pelo hard e até pelo fusion. Mas a tradição fica patente mesmo é em seus solos, sempre bem construídos, com progressões de surpreendente e aparente simplicidade, líricos, delicados como uma boa lembrança. Saudade presentificada dos grandes nomes do trompete/jazz. Harrell tem uma bela alma musical.
Em sua contemporânea expressão, Harrell faz jazz sem mutilar, sem deslocar, sem abandonar as raízes.  Ele não nos deixa com aquela sensação de que o jazz morreu, que é coisa findada. Sua música, com toda sua modernidade não corrompe a alma do jazz (o disco que agora ouço é Prana dance, de 2008) . Está tudo ali nas tramas de suas composições e arranjos - do swing ao cool, passando pelo hard e até pelo fusion. Mas a tradição fica patente mesmo é em seus solos, sempre bem construídos, com progressões de surpreendente e aparente simplicidade, líricos, delicados como uma boa lembrança. Saudade presentificada dos grandes nomes do trompete/jazz. Harrell tem uma bela alma musical. quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O som de Harrell
 Em sua contemporânea expressão, Harrell faz jazz sem mutilar, sem deslocar, sem abandonar as raízes.  Ele não nos deixa com aquela sensação de que o jazz morreu, que é coisa findada. Sua música, com toda sua modernidade não corrompe a alma do jazz (o disco que agora ouço é Prana dance, de 2008) . Está tudo ali nas tramas de suas composições e arranjos - do swing ao cool, passando pelo hard e até pelo fusion. Mas a tradição fica patente mesmo é em seus solos, sempre bem construídos, com progressões de surpreendente e aparente simplicidade, líricos, delicados como uma boa lembrança. Saudade presentificada dos grandes nomes do trompete/jazz. Harrell tem uma bela alma musical.
Em sua contemporânea expressão, Harrell faz jazz sem mutilar, sem deslocar, sem abandonar as raízes.  Ele não nos deixa com aquela sensação de que o jazz morreu, que é coisa findada. Sua música, com toda sua modernidade não corrompe a alma do jazz (o disco que agora ouço é Prana dance, de 2008) . Está tudo ali nas tramas de suas composições e arranjos - do swing ao cool, passando pelo hard e até pelo fusion. Mas a tradição fica patente mesmo é em seus solos, sempre bem construídos, com progressões de surpreendente e aparente simplicidade, líricos, delicados como uma boa lembrança. Saudade presentificada dos grandes nomes do trompete/jazz. Harrell tem uma bela alma musical. sábado, 24 de outubro de 2009
Goiabada com queijo
 Querem ouvir uma coisa boa de ouvir? Ouçam um bom e velho dixie. Ali, meus amigos, sobre uma harmonia simples, brota uma variedade de vozes (a tal polifonia) que lembra um multicolorido jardim. Coisa simples e gostosa como um pedaço de queijo com uma cremosa goiabada cascão. Aliás, ainda não sei porque chamam esse encontro de Romeu & Julieta. Goibada com queijo, pelo menos para mim, não acaba em desgraça. A desgraça é apenas o fim da goiabada e do queijo.
Querem ouvir uma coisa boa de ouvir? Ouçam um bom e velho dixie. Ali, meus amigos, sobre uma harmonia simples, brota uma variedade de vozes (a tal polifonia) que lembra um multicolorido jardim. Coisa simples e gostosa como um pedaço de queijo com uma cremosa goiabada cascão. Aliás, ainda não sei porque chamam esse encontro de Romeu & Julieta. Goibada com queijo, pelo menos para mim, não acaba em desgraça. A desgraça é apenas o fim da goiabada e do queijo.  Agora mesmo, enquanto ouço o grande trombonista Jack Teagarden, eu estou degustando um pequeno pedaço dessa mineiríssima invenção. Como a madeleine de Proust, a sobremesa leva-me a um desses encantadores momentos que o tempo nunca apagará: A mão delicada se aproximando de meus lábios, enquanto a musa diz: prova. Os olhos brilhantes, semicerrados, fitavam-me tentadores. Sorria-me um sorriso de feiticeira. Encanto feito, encantado fiquei. Coisa simples assim - como um bom encontro. Daqueles não premeditados. Um acontecimento.
Agora mesmo, enquanto ouço o grande trombonista Jack Teagarden, eu estou degustando um pequeno pedaço dessa mineiríssima invenção. Como a madeleine de Proust, a sobremesa leva-me a um desses encantadores momentos que o tempo nunca apagará: A mão delicada se aproximando de meus lábios, enquanto a musa diz: prova. Os olhos brilhantes, semicerrados, fitavam-me tentadores. Sorria-me um sorriso de feiticeira. Encanto feito, encantado fiquei. Coisa simples assim - como um bom encontro. Daqueles não premeditados. Um acontecimento.  Mas a coisa não pára por aí. Jack, ainda por cima, traz o chá e o jardim em seu nome. Pronto. Lá vou carregado por reminiscências: estamos eu e a musa, no fim da tarde, bebendo chá inglês com biscoitos suíços. Coisa leve. É assim que me soa a música de Jack Teagarden.
Mas a coisa não pára por aí. Jack, ainda por cima, traz o chá e o jardim em seu nome. Pronto. Lá vou carregado por reminiscências: estamos eu e a musa, no fim da tarde, bebendo chá inglês com biscoitos suíços. Coisa leve. É assim que me soa a música de Jack Teagarden. quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Rava - Dias cinzentos em Nova Iorque
 Mesmo que não perguntem, eu direi. Estou ouvindo o, creio, mais recente disco (2009) do trompetista italiano Enrico Rava, editado pelo selo... adivinhem. Não adivinharam? ECM, obviamente. O nome: New York days. Acompanham-no Stefano Bollani (piano), Mark Turner (tenor), Larry Grenadier (double-bass) e Paul Motian (drums).
Mesmo que não perguntem, eu direi. Estou ouvindo o, creio, mais recente disco (2009) do trompetista italiano Enrico Rava, editado pelo selo... adivinhem. Não adivinharam? ECM, obviamente. O nome: New York days. Acompanham-no Stefano Bollani (piano), Mark Turner (tenor), Larry Grenadier (double-bass) e Paul Motian (drums). sábado, 17 de outubro de 2009
Alice in wonderland
 Bom, ainda existem muitos músicos envolvidos de corpo e alma na tarefa de não deixar a beleza morrer. Agora mesmo, nesse exato momento, ouço um pianista muito bom, admirador confesso de Bill Evans, que gravou seu primeiro disco em 1995. Trata-se de David Hazeltine. O disco que ouço foi gravado em 2003: Alice in wonderland. Os acompanhantes de Hazeltine são George Mraz (bass) e Billy Drummond (drums). O disco é uma homenagem direta ao seu ídolo. Oito dos nove temas foram gravados por Bill Evans. A nona canção é For Bill - dizer o quê? - composta por David.
Bom, ainda existem muitos músicos envolvidos de corpo e alma na tarefa de não deixar a beleza morrer. Agora mesmo, nesse exato momento, ouço um pianista muito bom, admirador confesso de Bill Evans, que gravou seu primeiro disco em 1995. Trata-se de David Hazeltine. O disco que ouço foi gravado em 2003: Alice in wonderland. Os acompanhantes de Hazeltine são George Mraz (bass) e Billy Drummond (drums). O disco é uma homenagem direta ao seu ídolo. Oito dos nove temas foram gravados por Bill Evans. A nona canção é For Bill - dizer o quê? - composta por David. Link: Avax
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Aviso aos navegantes
 
 I
Amar é moto
II
Do naufrágio
só sobras
bóiam, mortas.
Frágil obra
à deriva
inventa histórias e
assombra olhares navegantes de plácidas enseadas.
III
Da frágil nau
só sobram restos
que assombram a insólita placidez
espraiada no olhar detido na orla.
Mais um naufrágio
na ânsia argonauta:
o risco do oceânico horizonte
é calmaria/tempestade
escrita nos hieroglíficos fragmentos
despejados nas praias.
Ó, alma opressa pela fragrância de abismos!
IV
Os poetas,
desde que o mundo é mundo,
navegam em seus barquinhos de papiro
sobre abismos índigos;
recolhem almas náufragas
e aquecem-nas com mortalhas;
para os corpos esquecidos
constroem piras...
e, enigmático anseio,
erigem com seus versos faróis
que guiam aventureiros
às rochas e arrecifes.
V
O calado suporta
a solitária travessia e
o silêncio condiz com as oceânicas profundezas
enquanto a corrente – terna – conduz.
VI
Singrar mares e
colher tempestades
nos cantos das sereias
– sem âncoras, bússolas, astrolábios...
no incontinente
perder-se é preciso.
VII
A rota a seguir nunca foi segura
apesar dos luminosos faróis,
dos astrolábios ofertados
e do macio catre em que sonhei
ter conquistado todos os mares,
todas ilhotas perdidas,
todos os recantos ermos,
sacrossantos e pagãos...
foi lá nas macias e cálidas profundezas
onde sussurrei meus delírios de posse
que me vi prisioneiro.
VIII
Derivo.
Alma náufraga,
não agonizo mais,
não me apago no luto
das terras idas,
nem rumino outros dias
ocultos pela Esperança.
Sim, derivo
entre atóis de afiados arrecifes e,
seguro nas crinas dos maremotos,
arremesso-me contra rochedos
para vê-los sangrar o meu sangue e,
rubricado meu nome em seus poros,
retorno à implacável quietude do mar.
IX
Resto de uma equação
mal sucedida
só,
sobro.
Equívoco de uma operação
híbrida,
naufrago.
E, daqui do fundo do abismo,
creiam-me,
o mundo é plano.
X
Esses são meus espinhos.
E eu, cacto,
quis chorar todas as lágrimas
e virar deserto...
(Decerto o mar em mim não deixou).
 Ouçam, ali no pdcast Quintal do Jazz, três temas interpretados por Art Farmer, retirados de um excelente disco gravado em homenagem a Duke Ellington (1975). Acompanham-no Cedar Walton (p), Sam Jones (b) e Billy Higgins (d).
Ouçam, ali no pdcast Quintal do Jazz, três temas interpretados por Art Farmer, retirados de um excelente disco gravado em homenagem a Duke Ellington (1975). Acompanham-no Cedar Walton (p), Sam Jones (b) e Billy Higgins (d).segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Art Tatum - o poeta e os labirintos
 Enquanto penso em Miguel, poeta capixaba que nos deixou no sábado, ouço Art Tatum, vertiginoso, desfilar seus ágeis dedos nas teclas do velho piano. Às vezes, parece querer percorrer todos os caminhos. Exauri-los. Não, não, não se trata de exaustão. Art é o poeta dos labirintos, aquele que constrói com incrível rapidez uma profusão de possibilidades, de caminhos para se explorar, no limitado espaço harmônico. O acorde é apenas um ponto de partida. Dali, o mundo da música se abre como um sol, mostrando cores e sombras sem fim.
Enquanto penso em Miguel, poeta capixaba que nos deixou no sábado, ouço Art Tatum, vertiginoso, desfilar seus ágeis dedos nas teclas do velho piano. Às vezes, parece querer percorrer todos os caminhos. Exauri-los. Não, não, não se trata de exaustão. Art é o poeta dos labirintos, aquele que constrói com incrível rapidez uma profusão de possibilidades, de caminhos para se explorar, no limitado espaço harmônico. O acorde é apenas um ponto de partida. Dali, o mundo da música se abre como um sol, mostrando cores e sombras sem fim. sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Spread a little joy
 Eis a cena egoísta dos meus sonhos: eu, na varanda, ouvindo um bom disco - pode ser Jack Montrose & Pete Jolly Quartet (que se completa com o baixista Chuck Berghofer e com o baterista Nick Martinis) atacando belamente A thing of beauty, enquanto beberico uma taça de um bom shiraz. Arriscaria até umas tapas num bom charuto cubano, daqueles que sabem às coxas de uma também bela seguidora de Fidel. Lá fora, lá embaixo, a turba insandecida tentando evitar a inevitável morte. A musa azul, quiçá, lá estaria, em meus braços, plácida, em contraponto ao caos que nos cerca. É assim que você me deixa: sinto-me tranqüilo. Curtimos mais um pouco de The sunset hour com o céu vermelho e os prédios alaranjados. É uma pena que isso acabe.
Eis a cena egoísta dos meus sonhos: eu, na varanda, ouvindo um bom disco - pode ser Jack Montrose & Pete Jolly Quartet (que se completa com o baixista Chuck Berghofer e com o baterista Nick Martinis) atacando belamente A thing of beauty, enquanto beberico uma taça de um bom shiraz. Arriscaria até umas tapas num bom charuto cubano, daqueles que sabem às coxas de uma também bela seguidora de Fidel. Lá fora, lá embaixo, a turba insandecida tentando evitar a inevitável morte. A musa azul, quiçá, lá estaria, em meus braços, plácida, em contraponto ao caos que nos cerca. É assim que você me deixa: sinto-me tranqüilo. Curtimos mais um pouco de The sunset hour com o céu vermelho e os prédios alaranjados. É uma pena que isso acabe.segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Vocês conhecem Maini?
 Os sidemen vivem à sombra dos grandes nomes do jazz. Isso, no entanto, está longe de significar que os sidemen, obscurecidos pela presença dos brilhantes astros, não tenham luz própria. Há pouco tempo, lá no jazzseen, em post sobre o baritonista Bob Gordon, foi citado o altoísta Joe Maini. Conhecem-no? Se não, não tem problema, você não está sozinho. O engraçado dessa estória é que provavelmente todos os apreciadores de jazz (que, como eu, esquecem de ler as notas) podem tê-lo ouvido vez ou outra sem se darem conta.
Os sidemen vivem à sombra dos grandes nomes do jazz. Isso, no entanto, está longe de significar que os sidemen, obscurecidos pela presença dos brilhantes astros, não tenham luz própria. Há pouco tempo, lá no jazzseen, em post sobre o baritonista Bob Gordon, foi citado o altoísta Joe Maini. Conhecem-no? Se não, não tem problema, você não está sozinho. O engraçado dessa estória é que provavelmente todos os apreciadores de jazz (que, como eu, esquecem de ler as notas) podem tê-lo ouvido vez ou outra sem se darem conta.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Lundgren - mais um europeu
 Retornemos à seara européia. À Suécia, para ser mais exato. Foi lá que nasceu o pianista Jan Lundgren, atualmente com 46 anos. Ele começou a estudar piano clássico com cinco anos e, no início dos oitenta, cruzou com o tal do jazz. Daí em diante a sua vida mudou. O menino só queria saber de tocar jazz - e continua assim.
Retornemos à seara européia. À Suécia, para ser mais exato. Foi lá que nasceu o pianista Jan Lundgren, atualmente com 46 anos. Ele começou a estudar piano clássico com cinco anos e, no início dos oitenta, cruzou com o tal do jazz. Daí em diante a sua vida mudou. O menino só queria saber de tocar jazz - e continua assim. encontrarão temas como Un homme et une femme e Here, there and everywhere). O som é agradável, com dicção moderna mas sem perder o balanço. Os rapazes que o acompanham mostram gentileza no trato com os seus instrumentos, mantendo o clima suave do pianista. O resultado nos remete aos tabalhos de Bill Evans. O cara é bom e merece ser ouvido.
encontrarão temas como Un homme et une femme e Here, there and everywhere). O som é agradável, com dicção moderna mas sem perder o balanço. Os rapazes que o acompanham mostram gentileza no trato com os seus instrumentos, mantendo o clima suave do pianista. O resultado nos remete aos tabalhos de Bill Evans. O cara é bom e merece ser ouvido. 
