quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Tudo é Jazz -19/09 (a)


Após os shows do primeiro dia, secas as garrafas de vinho, incorri em juvenil erro: enchi a cara de cerveja. Contagiado pela alegria da noite, acompanhado pelos bons amigos Ethel e Francis Juif (tataraneto de Espinosa) e por uma bela senhorita de tez azulada, possivelmente uma musa a serviço de Vênus, dediquei-me desmesuradamente ao suco de cevada. "Noves" fora, valeu a pena.

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A chuva que caiu no final da tarde do dia 19 motivou-me a ficar mais um pouco na cama, ninando dona Ressaca. Breve cochilo foi interrompido pela venusiana, que sorria ao meu lado com uma garrafa de vinho na mão: "abre?" Irresistível solicitação. Miraculosamente de pé, partimos para a segunda noitada de jazz.



Para minha sorte, a chuva atrasou o início dos shows. Conseguimos chegar a tempo de curtir a excelente apresentação do grupo liderado pelo baixista mineiro Leonardo Cioglia. Ainda não conhecia o trabalho do camarada, mas a boa companhia com quem partilharia a cena era uma boa promessa. O quinteto se completou com Aaron Goldberg (pianista quase brasileiro, já participou de festivais anteriores), Mike Moreno (jovem guitarrista com fraseado bem articulado), John Ellis (tenorista que, agora sim, depois da apresentação restrita com Kate Schutt, pode mostrar que sabe comandar seu instrumento) e Antonio Sanches (baterista que tem dominado a cena contemporânea e, sem dúvida, é excelente instrumentista). Os temas apresentados fazem parte do novo trabalho de Cioglia, que, assim, se revela como um bom compositor, além de um bom instrumentista e arranjador. A promessa, enfim, foi cumprida: o show foi muito bom.



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Quando Duduka da Fonseca subiu ao palco, abrimos a segunda garrafa: um bom malbec argentino. Eu esperava pela performance da clarinetista e saxofonista Anat Cohen, que dividiria os sopros com o inquestionável trompetista varginhense Cláudio Roditi. Ah, meus amigos, como a menina está tocando... Já é merecedora de uma sessão lá no jazzseen (elas tocam jazz). A música parece possuí-la. Incorporada, balançante, Anat (foto, ao meu lado) faz o público silenciar para ouvi-la. Agilidade, alegria, feeling e muito swing perpassam suas performances - do choro ao jazz. O que dizer do pianista Hélio Alves? Ele também passeia com desenvoltura pelas teclas do seu piano, sabendo ser percussivo ou suave quando o clima solicita. O cara é uma fera! Guilherme Monteiro, o guitarrista, comedido e de semblante austero, mostrou-se eficiente com sua guitarra. Duduka, como de praxe, mostrou porque é considerado um dos melhores da atualidade.


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Para mim, a viagem já estava paga. Já não me sentia tão ameaçado pelas presenças de Mart'Nália e Madeleine Peiroux, que apavoraram meu imaginário durante boa parte da viagem para Ouro Preto.

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PS - Infelizmente, como todas epifanias, não foi possível registrar em fotos a musa azul. Aliás, eu fotografei, mas as fotos desapareceram misteriosamente. Coisa dos deuses do Olimpo.

8 comentários:

edú disse...

Salsa , nada de salamaleques pro lado da Anat q ela é reservista no posto de tenente da Força Aérea Israelense e domina o Krav Magá uma das mais eficientes lutas marciais modernas e pratica obrigatória nas forças militares daquela nação .Meu cd de cabeceira, no momento, é Notes from the Village dessa sorridente e encantadora mulher judia.

Érico Cordeiro disse...

Mr. Salsa,
Que maravilha!!!
E a Anat é uma simpatia, além de tocar uma barbaridade.
E ainda Duduka, Hélio Alves, Roditi, Antonio Sanchez, Aaron Goldberg.
Programaço, em todos os sentidos.
E que malandrinho você, hein? Usando o velho truque da garrafa de vinho-jazz-noite de chuva para conquistar a dama de azul!!!!
Valeu mesmo!!!!

figbatera disse...

Pois é, o show do Cioglia eu não vi pq cheguei atrasado; mas a banda comandada pelo Duduka arrasou mesmo, valeu o "ingresso".
Mas com a ameaça de nova chuva, eu "rachei fora" e não esperei as Madeleine e Mart'nália... eu hein?!
Mas não sem antes provar aquele vinho espanhol que seu amigo me ofereceu.
E tb lamentar a ausência do nosso colega Érico (mas por uma boa causa)

Salsa disse...

Prezado Edú,
Anat é uma mulher doce, tanto que, apesar do cansaço de duas apresentações consecutivas, ela ainda concedeu atenção a esse fã. Mas, se fosse o caso, eu até aceitaria levar uns tabefes da moçoila.
Érico,
Juro que não foi truque. Simplesmente apareceu. Se truque, foi dos deuses.
Olney,
A chuva não choveu. Perdeste a boa apresentação da banda seguinte (quando as "meninas" saíram do palco).

edú disse...

Até por termos a mesma origem me falaram muito bem dela e do clã NY - Telaviv (como denominou o LOC).E aquela irresistível mulher judia de cabelos rebeldes , bochechas rosadas ,pele de porcelana e q realmente dita às ordens no lar.Tem formas um pouco generosas demais para meu padrão de exigência mas desperta certos pensamentos pela natural habilidade.

Salsa disse...

Posso garantir que ela perdeu um pouco da forma renascentista. Outros amigos repararam.

pituco disse...

salsa san,

bacanudo o relato...contudo, confundi tudo...postei no blog do figbatera comentário como se fosse de teu blog...hahaha...a vecchia é bruta

mas, tudo ok
agora uma pergunta...o que a martinália faz num festival, pressupostamente, de jazz?

enfim, conheço cantoras brasileiras dedicadas ao estilo e ficaram de fora...mamma mia,ma che bruta sbórnia...rs

devo assistir, por aqui, outra beldade do jazz...eliane elias no blue note...música e beleza valem mais do que um bom extrato das videiras...bate,coração!!!

abraçsons pacíficos

Salsa disse...

Sorte sua, meu caro. Nós, aqui, contentamo-nos (?!?) com Mart'Nália. Em breve, postarei minhas impressões.