quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O singular Chico Amaral

Em minhas andanças por Minas (visitava BH semanalmente em função do doutoramento), eu tive oportunidade de conhecer/ouvir muitos e bons músicos. Um deles foi o saxofonista Chico Amaral, dono de um sopro preciso e viril, que ouvi algumas vezes na Savassi. Recentemente, em Ouro Preto, encontrei-o novamente e pude mais uma vez apreciar sua habilidade com seus saxes soprano, alto e tenor (acrescenta aí: ele também pilota piano e flauta). Obviamente, aproveitei para bater um breve papo e, para minha alegria, ainda ganhei de presente o seu último cd - Singular - , um disco autoral, motivo desse post.


Chico Amaral é um representante e tanto da geração mineira que emergiu a partir do Clube da Esquina. A música de Minas tomou caminhos interessantes desde então, apesar de muitos se queixarem de o peso do Clube ainda sobrecarregar a linguagem dos músicos mineiros. Taí uma coisa que não me incomoda. Ouvir um tema como Duas Marias, a sexta do disco e que traz mais acentuadamente os tais traços, foi um momento especial. O lirismo transborda e nos transporta para as montanhas de onde parece emanar. Quem conhece as montanhas de Minas e o céu azul (ou nublado, não importa) desenhando o seu peculiar horizonte sabe do que eu estou falando.

Mas o som de Chico não se resume a essa boa influência. Outros sons circulam na bolachinha, como é o caso de Sobe o verão, tema com levada de bolero que o violonista Beto Lopes interpreta com sutileza. Sambage à trois é um bom exemplo de samba-jazz, com um naipe de cinco sopros muito bem arranjado pelo próprio Chico. O disco também tem boa dose de urbanidade metropolitana nas faixas Panamericana e Balancim, expressa por guitarra plugada no bom e velho overdrive, por naipes consistentes e por um groove fusion à moda mineira que fizeram meus velhos ossos balançarem. Surpresa para mim foi descobrir que Chico também se arrisca nas letras sem tropeçar (embora eu prefira o som instrumental, devo admitir que a coisa funciona).

Como é sabido que dificilmente conseguiremos ouvir Chico e seus companheiros na mídia comercial e oficial, deixarei alguma coisa ali no podcast do jazz contemporâneo para vocês curtirem.

24 comentários:

Graziela disse...

Poxa...Adoraria passar lá hj! Mas eu chego de Guarapari umas 11:30...Fica tenso voltar pra casa depois.
Bjos Bjos

figbatera disse...

Uai... não entendi: "passar lá" aonde, Graziela?
olney

Salsa disse...

Eu respondo, Olney:
Eu deixei um recado para ela avisando que vou tocar rock'n'roll num boteco em Jardim da Penha, aqui em Vitória.

ReAl disse...

Querido Salsa,
Ouvi o disco. A minha cotação: ***.
Achei um bom disco, mas irregular. Faixas como a última, interpretada por Samuel "Skank" Rosa, a meu ver, seria dispensável. Aliás, das três faixas cantadas eu deixaria apenas Tempo de samba que, por ser interpretada em espanhol, prevalece a musicalidade e não a letra (não sei espanhol). Parece-me que melhor seria se Chico optasse por um disco totalmente instrumental, aí sim é sua praia. Quando ele encara o sax a história é outra. Aguardarei o próximo.

Sergio disse...

'Tempo de samba' aproximou-me, na audição, de Celso Fonseca. já 'Boca', em letra e música lembrou muito Jair de Oliveira (o Jairzinho que cresceu, musicalmente, inclusive) e gosto muito. Quanto a parte instrumental... só Salsa salva!

ps.: as duas músicas avulsas apanhei-te soulsiquinho.

Juliana disse...

Ô, Salsa, da próxima vez que vier a BH, ou a Ouro Preto, vamos nos encontrar!
Gosto desde sempre do pessoal do Clube da Esquina. 14 BIS... não me canso de ouvir esse som.

Um abraço,
Juliana.

Anônimo disse...

Esse blog virou um amontoado de baboseiras. Pelo que sei "jazz back'yard" quer dizer quintal do jazz. Que jazz??? O sr.Salsa vem fazendo comentários de seus amigos, que tocam músicas que não tem nada a ver com jazz e a parte dos comentários, tornou-se um local de recadinhos pessoais, fatos que não coadunam com um blog que quer ser sério e responsável em assuntos de jazz. Vamos melhorar minha gente. Acredito que este espaço não seja adequado para se marcar encontros nem mandar beijinhos...

ReAl disse...

A prdadora dormiu de jeans? Ô bicho ranzinza, sô!

Anônimo disse...

A musica mineira - fora do contexto barroco é como a energia atômica .Somente o futuro dirá a q serve.No momento ela é uma desgraça de aborrecida na minha opinião.Os músicos, todavia , na maioria deles são pessoa de ótima índole .Opinião q aferi em meus 14 meses residindo em várias comarcas do estado.Edú.

ReAl disse...

Afff, até Edu soltou os cães.

Anônimo disse...

Emoção pura, meu caro Luiz.
Vc, Pedro e Afonso, uma tríade que vale mais que Bilac, Raimundo e
Alberto.
Muito mais.
Parabéns por Goodbye Por Pie Hat.
E por tantas outras.

Grande abraço!


E aí vai o link:
http://ipsislitteris.opensadorselvagem.org/

cole no navegador e não naufrague.
Abraço.

Anônimo disse...

Beleza de som produzido por Salsa e seus convidados: Afonso Abreu no baixo e Pedro Alcantara no piano. Música de primeira, mesclando jazz e bossa-nova. Quem não foi ao Balacobaco perdeu uma excelente e verdadeira "jam session". Parabéns Salsa e sua turma!

Anônimo disse...

Salsa, parabéns pelo blog e pelo comentário a respeito do CD do Chico Amaral.

Comentário:
Você escreveu, "surpresa para mim foi descobrir que Chico também se arrisca nas letras sem tropeçar." Fiquei surpreso ao ler isso, pois pensei que o Chico Amaral fosse mais conhecido pelas letras - escritas para Affonsinho, Skank, Milton Nascimento, Ed Motta, entre outros - do que pelas músicas. Considero o Chico bom músico e compositor.
Sobre o tema Sambage à Trois, considero uma obra-prima, no nível das inúmeras composições do genial J.T. Meirelles.

Obrigado.

Salsa disse...

Bem, meu caro Túlio, obrigado pelo comentário.
Confesso que Skank, Ed e Afonsinho não estão entre minhas predileçõs musicais. Aliás, mau hábito meu, normalmente, ao modo do bom e velho Vinyl, me atenho à música sem observar as letras. Chico Amaral é, para mim, uma boa referência como instrumentista - especialmente ao pilotar seus saxes.

Sergio disse...

Quem é Affoncinho?

Sergio disse...

Uêpa! Quem é Affon-S-inho?

Anônimo disse...

E com u "f"só, Sergio...

Unknown disse...

Por não sair de são mateus tenho que me contentar com apenas comentarios... assim eu posso ter uma ideia de como é o som do cara...


obs: fala careca!!! beleza, saudade hein, um abraço.

Anônimo disse...

Ô Sérgio, tú q é tricolor não se recorda do Afonsinho meia atacante e primeiro jogador de futebol a organizar sindicato no país.Craque de bola e de cabeça,rara na classe dos boleiros, graduou-se em medicina psiquiatrica ao se aposentar dos gramados na entrada dos seus 30 anos.Assim, considerado, não tem segunda divisão q não dê jeito.Eu já lhe tinha avisado do Cuca.Afonsinho de boa cepa, só pode ser ele(rs,rs,rs).Edú.

Sergio disse...

Pois não foi o único Afonsinho de quem me lembrei, Edu?! Tem até um samba, que minha memória detonada não me permite mais lembrar. Please, se por aqui voltar, diga-me, tu que conheces, não deixou os neurônios boiando na espuma do chopp, de quem é a música, qual o título que eu quero baixá! Eu disse título? Eu disse 'quero baixá'?! Umf...

Anônimo disse...

Como a espuma do chopp ,agora ,por determinação legal imperativa no conteúdo da caneca ou tulipa, como queiram, sugiro na fobia de "baixa" a procura de um centro espiríta de confiança.Edú.

Sergio disse...

No "antes tarde do que nunca" encafifei com a tal música que cita Afonsinho jogador, corri atrás da dúvida e um amigo que tudo sabe sobre a MPB respondeu a questão: a música é de Gilberto Gil e chama-se "Meio de Campo" e está no repertório de Elis Regina e do próprio Gil. Baixei as duas versões e dessa vez o original com Gil ficou melhor embora Elis seja Elis. Musicaço, nas duas vozes de qualquer maneira.

Quanto ao Flu... Bem, a surra em regra no Palmeiras faz o tricolor ver uma lanterninha no fim do túnel (entre os que ficam na 1ª divisão).

Anônimo disse...

A primeira medida profilática foi dar uma de três dedos no "Lelê da Cuca", como afirmou o texto da edição de outubro da revista Placar.Todavia, de primeira,segunda e principalmente terceira divisão o tricolor é tarimbado.O saxofonista citado pelo Salsa é autor da melodia de uma canção do Skank(vou deixar ...) que prestou-me relevantes serviços em meu período de solteirice nas pistas das boates da vida.Edú.

Anônimo disse...

leia-se "Lelé da Cuca".Edú