domingo, 18 de abril de 2010

Dempsey Wright - Hokum guitar

Cacilda, como está difícil achar um maço de Continental sem filtro! Tive que rodar mais de dois meses para encontrar o danado. Enfim, consegui encontrar. Comprei um pacote e retornei ao abandonado quintal.

A dificuldade para encontrar o cigarro, no entanto, permitiu-me alguns bons momentos. Enquanto descansava em uma pequena loja numa perdida cidadezinha de Oklahoma, terra de Charlie Christian e Barney Kessel, mas que também não tinha a ansiada marca de cigarro, eu ouvi um disco de um outro dileto filho daquelas plagas: Dempsey Wright. Sim, senhores, é outro guitarrista (o ninho deve ser em algum lugar das montanhas daquela erma região).

O velho montanhês, ao perceber que eu estava curtindo o som, me perguntou "D'ya enjoy hokum?". Sem entender, pensando que era o petisco à base de fumo e couro de jegue que ele mascava entre uma pitada e outro no cachimbo de sabugo de milho, disse-lhe que dependia. Conversa vai, conversa vem, ele me explicou que se tratava do estilo de música (para mim era o bom e velho westcoast). O velhote, ao fim do papo, emocionado com a minha empedernida busca pelo maço de continental, presenteou-me o lp do seu conterrâneo.

Conta-nos o próprio guitarrista, na contra-capa do Lp, que ouvia jazz desde a sua mais tenra infância. Aos doze já encarava algumas gig (ia à cavalo). Gostava de ouvir Venuti, Grapelly, Stuff Smith e Eddie South. Para nossa sorte ele abandonou o violino (seu primeiro instrumento) e começou a tocar guitarra.

No início dos anos cinqüenta, Dempsey foi para a Califórnia, onde consolidou sua carreira de guitarrista. Seu som é límpido como as águas dos riachos que descem as montanhas da sua terra natal. Refrescante. O disco The Wright approach, o primeiro de Dempsey como líder, gravado em 1958, conta com a nata dos jazzistas californianos: Richie Kamuca, Stan Levy e Ben Tucker. É som pra várias audições. Confiram aí na radiola.
O link: Avax



13 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Bravo!
Bravo!
Welcome back, Mr. Salsa!
Você faz falta na blogsfera e esse texto delicioso - além do músico bacanudo e que eu não conhecia - mostra porque o quintal do jazz não pode parar!
Muito bem!!!
A galera vibra, assistindo/ouvindo mais esse golaço!!
E a mim coube a honra de ser o primeiro a saudá-lo nesse retorno à ativa.
Valeu!!!!!!

jazzlover disse...

Que bom ter vc de volta, agora faz um favorzinho tira essa galinha com cadeado colocada ai por vc em um momento de grande stress.A unica coisa que salva este planeta capenga é a musica e somente a musica.Well come home Mr.Salsa !

jazzlover disse...

Salsa, quero lhe mandar um presente para homenagear seu retorno,não sei se posso postar o link aqui ou se envio via email e neste caso preciso saber seu endereço.Por favor de um retorno para meu email:jrtmoraes@gmail.com

Salsa disse...

Prezados, amigos,
Muito prazer em lê-los aqui no quintal. Espero, de hoje em diante, manter o pique.
Jazz, pode deixar aqui mesmo, uai. Vamos partilhar o presente.
Abraços,

pituco disse...

sir salsa,

enfrentar a tour de gigs à cavalo...hehehe...mamma mia, é muita devoção à arte...rs

folgo em relê-lo por acá...sir salsa rights again...rs...em texto bacanudo com dica piramidal...ouvirei com apreço e atenção.

abraçsonoros
ps.anti-tabagista que sou, devo render-me aos benefícios desse vício...rs

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Salsa,

que bom ve-lo por aqui novamente! Agora iremos em mutirão, arregaçar as mangas e tirar o mato, no bom sentido, deste quintal que não pode, não deve, e não vai mais ficar com aspecto de terreno baldio - com direito a galinha em prática sado-masoquista.

A propósito, me passa o endereço de onde encontraste o maço de continental sem filtro, estou precisando também, serve o hollywood, aquele da bundinha dourada, curtinho e igualmente desprovido de pseudo-proteção pulmonar.

benvindo ao lar mestre Salsa!

Ô¬Ô

Salsa disse...

Eu comprei o pacote, com aquelas marcas senís amareladas, numa cidadezinha chamada Ada, em Oklahoma. Pegue a US 40, sentido leste, siga por 110 milhas e depois vira à direita (Sul) e siga por mais 132 milhas numa estradinha cercada por milharais e trigo. Lá tem um posto chamado Ada's Fuel, onde ainda deve ter alguns pacotes.

Érico Cordeiro disse...

Vai ser chique assim lá em Oklahoma, Mr. Salsa!

jazzlover disse...

Ai amigo conforme disse, segue:
Roy Eldridge & Budd Johnson - The Nifty Cat (1970) Master Jazz New World
http://rapidshare.com/files/258447786/Ro.Eld.w.Bu.Jo.Ben.Mor.-Th.Nif.Ca.rar
Para enriquecer mais o seu acervo,outros mais virão!

Sergio disse...

cof cof... sem filtro apreciava mais aqueles que eu mesmo enrolava, depois... enrolava mais. Diante de alguma paisagem, que se não houvesse, eu mesmo criava.

Sê bem vindo, seu Salsa!

E o Dempsey? É só prolhá?

Sergio disse...

Perdão, perdão, perdão. Acabo de ver o velho Avax. Deve ser aquele fumo safra 70s, me deixou leso até hoje.

Salsa disse...

Valeu, Jazz, experimentarei o disco quando eu chegar em casa.
Sêo Sérgio, és conhecido da dupla wood & stock? Prazer em lê-lo.

HotBeatJazz disse...

Ô¬Ô

Mr. Salsa,

muito obrigado pela direção, na impossibilidade de ir eu mesmo, já contratei mensageiro da FEDEX pra busca-lo.

Aços

Ô¬Ô