domingo, 10 de agosto de 2008

Armazém do Jazz


Na cena musical de Vitória, nos últimos anos, tem florescido um número significativo de músicos que tem se dedicado à música instrumental. Do choro ao jazz, passando pelo rock'n'roll (fusion), é patente a força dessa vertente musical equivocadamente relegada ao limbo de uma difusa noção de elitismo ou de inteligentzia, que normalmente descamba para a bobagem galopante. .

Não me prenderei a nenhum arrazoado sobre o equívoco acima apontado, basta, para dirimir dúvidas, convidar os ilhéus a passarem ou na Curva da Jurema (segundas) ou no Cochicho da penha (terças), points mais populares, para presenciarem os bons momentos que nossos jovens jazzistas (em sua maioria) têm propiciado aos visitantes. Ali se reúnem pessoas das mais diferentes faixas etárias, que se deleitam com verdadeiras festas musicais.

Em contraponto ao cenário underground dos locais citados existem outros, mais clean, como é o caso do restaurante Bellia (Praia do Canto), onde Afonso Abreu e Pedro Alcântara fazem a festa, ou no Café Touché (Vila Velha), que formam um leque interessante para os apreciadores da boa música.

O motivo desse post não é apenas destacar que existe um espaço jazzístico que insiste na noite da ilha, mas ressaltar o esforço que a prefeitura de Vitória tem feito para permitir o acesso do grande público a esse gênero encantador, mas ainda marginalizado. Teremos, nos dias 1, 2 e 3 de setembro, mais uma versão do Armazém do Jazz, que acontecerá no Porto de Vitória (Centro). Nesses dias, estarão reunidos seis grupos de Vitória e mais três de outras plagas. A martelada final ainda não foi dada pela administração, mas tudo indica que a coisa acontecerá.

A programação (ainda precisa ser confirmada, ressalto) contará, no dia 1°, com as presenças da Jazz Band da Faculdade de Músic; na sequência o palco fica por conta do nosso amigo "carcamano" e pianista Turi Collura (que lançou um excelente disco no ano passado) e, fechando a noite, o antológico grupo carioca Cama de Gato. No dia 2, o som fica por conta do quarteto Jazz Back'yard (Quintal do Jazz), liderado por, como diria Acir Vidal, esse que vos tecla; depois entra o quarteto do maestro saxofonista Colibri (que prometeu participar de um jam comigo) e, por fim, Marcel Powell (filhote do Baden, que ainda ministrará um Workshop para os aficcionados do violão). O dia 3, último do festival, será abrilhantado por um dos grupos mais antigos de Vitória: Nota Jazz, mais o grupo local Jazz Letal (que ainda não conheço, mas devo conhecer seus componentes) e, encerrando a festa, o saxofonista Ray Moore, de New Orleans mas bastante influenciado pelo som brasileiro (que também ministrará workshop).

A preocupação que ainda circula entre os participantes é referente ao local. Mais especificamente, com a acústica do local. Todos aplaudem a iniciativa da administração pública de criar um espaço popular para shows em Vitória (que não se resume ao jazz), mas há de ter maior zêlo com os músicos e com o público. Para que isso ocorra um ponto é imprescindível: cuidar do espaço. Se é para espetáculos musicais não é possível fechar os ouvidos para o problema sonoro que tem maltratado aqueles que lá se apresentaram. Disse-me o organizador que esse aspecto não será desprezado e que já estão sendo tomadas providências para reduzir as dificuldades técnicas enfrentadas pelos freqüentadores. Um engenheiro e uma boa equipe técnica cuidarão para que tudo corra da melhor forma possível. Confiamos e aguardamos. Vitória merece isso e muito mais.

4 comentários:

Sergio disse...

É, seu Salsa, essa sua Vitória está começando a me tentar, sabia? 2º o amigo (carioca) de infância, Sig - apelido herdado dos tempos do Pasquim - hoje um feliz capixaba, Vitória foi a melhor cidade que ele poderia ter escolhido pra viver e criar sua prole. E nem foi por causa do Sig, mas por vocês de Jazzseen e Jazzback'yard, que venho me dando conta dessa realidade.

Agora me diga se mérito e culpa, necessariamente nessa ordem, não recaem encima da administração de nossas cidades. Observe que, nostálgico, citei Sig e Pasquim de Ziraldo, Jaguar para reclamar deste meu tão maltratado shangri-la. E nem falo tanto pela violência que é o que todo 'estrangeiro' coloca sempre em 1º plano. É já uma velha história de um abandono generalizado, de uma cidade na qual qualquer estrangeiro de qualquer parte desse planeta, sonha conhecer um dia. Tá feia a coisa aqui, meu camarada. Lamentável.

Vc já deve ter visto nos para-brisas dos carros o adesivo "A INVEJA É UMA MERDA". Qual o q, cumpadi, a inveja é um mal humano até compreensível. A Burrice é que é uma merda! Contra esse mal mais irracional que as bactérias, meu amigo, não há cura possível. Parabéns pra vocês que souberam votar.

Salsa disse...

Estamos longe do paraíso, brô. Mas Vitória ainda tem chance - basta o pessoal pensar em qualidade de vida: calçadas largas (sem cocô de cachorro), prédios baixos, ciclovias (aqui é tudo plano), escolas e postos de saúde para corações partidos(até que está bem servida) - uma cidade para pedestres (atualmente quem manda são os carros), polícia para quem precisa de polícia e por aí a fora. Há muito tempo abdiquei da política (más companhias, lá), mas, meu velho, o lance é a gente tomar a cidade de assalto ou os assaltantes se encarregarão disso - com ou sem nosso voto.

ReAl disse...

Salsa,
eu ainda acho o esforço pequeno. Mas é melhor do que nada. Os caras que cuidam da programação parecem não estar bem a par do que anda acontecendo no universo da música. Vamos esperar para ver se a coisa melhora, mesmo.
É bom saber que você vai tocar.

Salsa disse...

O espaço me agrada bastante: o cais, o centro da cidade. Os problemas técnicos, acredito, serão superados. O que importa é que as iniciativas têm sido tomadas. Se o esforço for mantido, o futuro será bem melhor.