quarta-feira, 29 de maio de 2013

2o Festival Internacional Jazz & Bossa - Santa Teresa - ES




Não dá para falar do festival de Santa Teresa sem destacar, logo de cara, a organização do evento. O espaço escolhido, o palco, o som, a iluminação, as opções de restaurantes, tudo favoreceu o sucesso. O público agradece e pede mais.

Ressalte-se a política adotada pelos organizadores de mesclar atrações locais com aquelas de renome internacional e nacional. Iniciativa que tem aberto portas para nossos músicos em outras plagas (o guitarrista Gean Pierre, assim como fez a Big Bat Blues Band no ano passado, lançará seu disco no festival Rio das Ostras). A participação dos músicos capixabas foi bastante convincente.

Este que vos escreve só pode assistir os shows do sábado e do domingo, o que limita o presente comentário. No entanto, a meu ver e ouvir, as atrações nacionais e internacionais ainda são um pouco tímidas, apesar de incontestavelmente competentes no que se propõem. Creio que, com o inquestionável sucesso do evento, essa será uma barreira facilmente superável.

Entre as atrações nacionais, dois grupos que agradaram sobremaneira o público foram os liderados pelos saxofonistas Derico e Leo Gandelman. É o tipo de show que considero como uma concessão ao público, num tipo questionável de catequese musical. Ambos fazem uma linha menos ousada no campo do jazz (Charlie Hunter, o convidado de Gandelman, pouco acrescentou aos temas restritos do bom smooth saxofonista), mas que reverbera com facilidade na massa. Nada contra, desde que houvesse um contraponto musical. E foi justamente aqui que faltou ousadia (ou grana) para mostrar algo mais da linguagem jazzística. Ainda espero assistir um grande nome do mainstream ou da vanguarda espalhando sua música nas montanhas teresenses.

A galera que curte o blues deve ter ficado mais feliz com as performances dos bluesmen John Prime, Big Joe Manfra, mais os capixabas Saulo Simonassi e Big Bat (até eu aproveitei e fiz um som Off Festival, na rua do Lazer, com os amigos do Blue Notes). O ritmo negro norte-americano, sem dúvida, arrebata as almas e os corações.

Um show interessante foi protagonizado pelo baixista Bruce Henri (que contou com o apoio do impecável André Tandeta na bateria). Suas releituras bluesy de clássicos do jazz, como Don’t get around much anymore, agradou bastante a todos.

A bossa foi bem representada por Menescal, que trouxe a ex-roqueira Andrea Amorim como sua nova parceira. Alma flexível, o capixaba Menescal se permite aventuras. Fato que o mantém com uma eterna jovialidade associada ao crescente rigor musical. O resultado: novos balanços, mas com sua sutileza harmônica preservada.

Aguardemos o próximo.

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