domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma jam genial


Ainda no clima natalino, eis mais um bom presente: a gravação realizada em 1957, intitulada Interplay for 2 Trumpets & 2 Tenors. Reunem-se para a labuta John Coltrane (tenor saxophone), Bobby Jaspar (tenor saxophone), Idrees Sulieman (trumpet), Webster Young (trumpet), Kenny Burrell (guitar), Mal Waldron e Red Garland (piano), Paul Chambers (bass) e Art Taylor (drums).

Não sei se deveria aparecer alguém como líder, pois o trabalho está mais para uma bela jam com grandes músicos mostrando, sem pudor, suas peculiaridades como instrumentistas. Essas gravações são um prato cheio para os apreciadores do jazz atentarem para os estilos dos músicos envolvidos. Ouvir o sopro mais vivaz de Coltrane em contraste com o som mais introspectivo do belga Jaspar, assim como o brilho gillespiano de Sulieman ao lado do milesiano Young é uma aula e tanto. E ainda há a excelente sessão rítmica, que acrescenta mais boas doses de boas interpretações, motivo para maior deleite.

Ouçamos a faixa título. A ordem dos solos: Sulieman, Coltrane, Young e Jaspar (depois entram Burrell, Waldron e Chambers).

Link: Avax

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Jazz by Ry Cooder


A primeira vez que ouvi o guitarrista Ry Cooder foi nos anos setenta, em um lp chamado Jamming with Edward, no qual tem uma versão do belo blues It hurts me too. Fiquei impressionado com a sonoridade metálica do slide que explora nas cordas de seu violão ou guitarra. Um som que, no universo jazzístico, pode ser aproximado do som de Frisell.

Cooder tem-se mostrado mais que um simples músico. Seu trabalho nos revela um profissional apaixonado profundamente pela música. Ele tem buscado, em incessantes pesquisas, conhecer as diversas linguagens musicais populares e, mais, mostrar as influências que se amalgamam e originam as diversas vertentes da música pop.

Meio por acaso, encontrei na rede um disco chamado Jazz, no qual Ry Cooder faz um apanhado das várias expressões que confluem no mainstream jazzístico. O tratamento dado por Cooder tenta manter o clima das primeiras gravações, das versões cantadas nos féretros em New Orleans, tudo muito bem arranjado. Não esperem encontrar jams com improvisos longos. O trabalho é mais um apanhado sobre a história do jazz. Processo - a história - que, como disse acima, parece interessar bastante ao guitarrista. É um trabalho curioso que merece ser ouvido e poderia ser um presente interessante para os aficionados do gênero.

O link: Aqui

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um pouco de Pepper para a ceia de natal

Véspera da véspera do natal. Aproveito a hora do almoço para presentear meus amigos navegantes com um ítem de colecionador. Trata-se dos dois primeiros discos gravados por Art Pepper como band leader, reunidos no cd de título The Discovery sessions. O atrativo fica por conta das sessões originais aqui reunidas que, dizem, não estão no similar já aqui postado - Surf ride.

Pepper, vocês sabem, iniciou sua carreira ainda bastante jovem (com dezesseis já tocava nas noites de LA); antes, aos nove, já fazia umas graças para os amigos beberrões do seu pai (ainda tocava clarinete - o sax alto só veio aos doze). Sua habilidade como saxofonista rapidamente chamou a atenção dos grandes que circulavam pelos bares californianos. Figurinhas como o baixista Mandragon e o tenorista Dexter Gordon arranjaram-lhe uma série de trabalhos que consolidaram o seu nome na praça.

O encarte do cd que reúne esses dois trabalhos destaca que jovem, no entanto, queria poder soltar suas asas (os arranjos dos grupos que participara eram rígidos e não permitiam maiores devaneios sonoros). Veio, então, a oportunidade de, em 1952, gravar um 10' de 78rpm para o selo Discovery. O quarteto é basicamente o mesmo que trabalhou Surf Club: Joe Mandragon (baixo), Hampton Hawes (piano) e Larry Bunker (bateria). As faixas gravadas foram Brown gold (baseado na harmonia de I got a rythm), a balada These foolish things, a conhecida Surf ride e Holliday flight (ambas com levada blues).

Em 1953, Pepper voltou à cena para gravar mais algumas faixas, desta feita ladeado por outros grandes músicos: Russ Freeman (piano), Bob Whitlock (baixo) e Bobby White (bateria). As faixas gravadas foram Chilli Pepper, Suzy the poodle, Everything happens to me e Tickle toe.
Após uma pausa de um ano (período em que foi preso por porte de drogas e teve que fazer uma desintoxicação básica), retornou ao estúdio para gravar, agora com um elemento mais - o tenorista Jack Montrose - que implicou em substancial alteração na sonoridade, mas sem perder a criatividade e a leveza. Completam o time Claude Williamson (piano), Mont Budwig (baixo) e, revezando na bateria, Paul Ballerina e Larry Bunker. Foram gravados 11 temas (no cd tem vários alternates takes), entre eles Straight life, que deu nome à sua auto biografia.

Link: Avax

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Brubeck plays Porter


Gostaria de, um dia, tocar apenas temas de Cole Porter. Gosto bastante do modo como ele estruturava seus temas e, mais ainda, do modo como escrevia. Seus versos escapam, em muito, à maioria dos compositores.

Alguns dos grandes jazzistas dedicaram pelo menos um disco exclusivamente à obra de Porter. Um dos que se dedicaram a essa boa tarefa foi Dave Brubeck, no disco plays Porter (Anything goes!), gravado em 1965. A peculiar elegância do quarteto (Brubeck, Desmond, Morello e Wright) casa bem com o texto musical de Porter.

Deixarei dois teminhas para vocês curtirem.

Link: Avax

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Abrindo a janela para renovar o ar


Retorno. Afastei-me mais do que pretendia, mas, encerrada a temporada de provas, cá estou, ileso. Traduzido o último hieróglifo, esparramo-me no sofá e pego o primeiro disco ao alcance da mão. Um guitarrista.

Ouço Windows, o primeiro disco (1973) que Jack Wilkins gravou como líder. Nascido no Brooklyn, em 44, Wilkins não foi levado pela onda rock'n'roll que invadiu os anos sessenta, quando desenvolvia sua técnica. Mas também não fechou seus ouvidos para o que estava acontecendo com o jazz do período. O resultado é que o guitarrista preserva um punch do melhor mainstream (mesclado aos novos ares) quando interpreta os temas contemporâneos (Corea, Hubbard, Coltrane, Hancock, entre outros) que recheiam o citado disco.

Wilkins está ladeado por Bill Goodwin (bateria) e Mike Moore (baixo acústico e elétrico).

Ouçam Naima e Red Clay na radiola.

link: Avax