Esse é o estado de espírito que domina este ultimamente pouco presente virtual escriba em relação ao Jazz & Bossa de Santa Teresa, nas montanhas capixabas. Alegria justificada pelas boas performances dos músicos que lá se apresentaram, pela estrutura do local, pelo som, pela platéia, pela agradável cidade.
Em conversas que travei com Pedro Trêpa, parceiro de Zé Olavo na organização do evento, eu comentei temer que a estrutura da cidade não permitisse um evento cujo público tende a ser mais exigente. Temor vão, pois tudo correu muito bem. Considerando ser este o primeiro de, espero, muitos outros, o resultado foi muito bom. E a tendência é que, com a experiência em eventos desse tipo, a cidade (especialmente os comerciantes) vá se organizando para oferecer mais conforto para todos. Organização necessária, já que provavelmente crescerá o número de visitantes apreciadores da boa música.
O espaço onde aconteceu o festival é confortável e protegido (para o caso de chuva), garantindo a tranqüilidade dos visitantes. O palco baixo também foi uma boa sacada, pois permitiu uma maior proximidade, visualização e interação com os astros convidados. A atual configuração - três shows para cada uma das duas noites e mais dois shows na tarde do domingo - mostrou-se plenamente satisfatória.
As Atrações:
O festival pode ser considerado um elogio, uma homenagem à guitarra. As principais atrações pilotaram o sedutor instrumentos de cordas e um dos principais da música popular. Tudo começou com o jovem e talentoso guitarrista capixaba Bruno Mangueira, que fez um show bem estruturado, no qual mostrou sua habilidade de harmonizador e solista (destaque-se as suas belas composições). Na sequência, veio Hélio Delmiro, que transformou o trio Azimuth em um quarteto. É muito bom rever músicos que marcaram a história da música instrumental brasileira subir ao palco e mostrarem que ainda mantêm a verve, a pegada, o balanço que os tornaram conhecidos internacionalmente. Feliz, ainda, por ver Hélio Delmiro com saúde e com dedos ágeis de sempre. O fim da primeira noite foi com o bluesman Roy Rogers, que fez a alegria dos aficionados do ritmo do delta do Mississipi. O rei da slide guitar mostrou porque é considerado um dos grandes nomes a pilotar a guitarra. A galera foi dormir feliz.
A segunda noite começou com a apresentação de uma banda de músicos capixabas formada especialmente para o evento: Zé Moreira (guitarra), Chriso Rocha (guitarra), Kako Dinellis (baixo), Pedro Alcântara (teclados) e Gabriel Ruy (bateria). A performance dos meninos fez jus a qualquer palco de festival de jazz. Intercalando standards da música brasileira com composições próprias, os guitarristas mostraram feeling e swing o suficiente para a platéia clamar por um bis. Ithamara Koorax subiu ao palco disposta a arrancar aplausos, mesclando clássicos do jazz com sucessos da música pop nacional. E conseguiu. O público retribuiu com carinho a sua transitividade musical. O grand finale ficou por conta do guitarrista Ricardo Silveira, que se fez acompanhar por Arthur Maia (baixo), Kiko Freitas (bateria) e pelo pianista português Miguel Braga. O show foi contagiante, com os astros não deixando dúvidas sobre o domínio que exercem sobre seus instrumentos. Ao final, em uma homenagem ao finado baixista Nico Assumpção, a platéia fez um emocionante coro puxado por Arthur Maia (confiram o vídeo). Final espetacular.
Infelizmente, não pude assistir os shows do excelente pianista capixaba Fabiano Araújo nem do percussionista Scott Feiner, que fecharam o festival. Mas o balanço geral não poderia ser outro: sucesso! Aguardemos o segundo.