sábado, 9 de junho de 2012

Impressões Teresenses

Alegria


Esse é o estado de espírito que domina este ultimamente pouco presente virtual escriba em relação ao Jazz & Bossa de Santa Teresa, nas montanhas capixabas. Alegria justificada pelas boas performances dos músicos que lá se apresentaram, pela estrutura do local, pelo som, pela platéia, pela agradável cidade.

Em conversas que travei com Pedro Trêpa, parceiro de Zé Olavo na organização do evento, eu comentei temer que a estrutura da cidade não permitisse um evento cujo público tende a ser mais exigente. Temor vão, pois tudo correu muito bem. Considerando ser este o primeiro de, espero, muitos outros, o resultado foi muito bom. E a tendência é que, com a experiência em eventos desse tipo, a cidade (especialmente os comerciantes) vá se organizando para oferecer mais conforto para todos. Organização necessária, já que provavelmente crescerá o número de visitantes apreciadores da boa música.

O espaço onde aconteceu o festival é confortável e protegido (para o caso de chuva), garantindo a tranqüilidade dos visitantes. O palco baixo também foi uma boa sacada, pois permitiu uma maior proximidade, visualização e interação com os astros convidados. A atual configuração - três shows para cada uma das duas noites e mais dois shows na tarde do domingo - mostrou-se plenamente satisfatória.

As Atrações:

O festival pode ser considerado um elogio, uma homenagem à guitarra. As principais atrações pilotaram o sedutor instrumentos de cordas e um dos principais da música popular. Tudo começou com o jovem e talentoso guitarrista capixaba Bruno Mangueira, que fez um show bem estruturado, no qual mostrou sua habilidade de harmonizador e solista (destaque-se as suas belas composições). Na sequência, veio Hélio Delmiro, que transformou o trio Azimuth em um quarteto. É muito bom rever músicos que marcaram a história da música instrumental brasileira subir ao palco e mostrarem que ainda mantêm a verve, a pegada, o balanço que os tornaram conhecidos internacionalmente. Feliz, ainda, por ver Hélio Delmiro com saúde e com dedos ágeis de sempre. O fim da primeira noite foi com o bluesman Roy Rogers, que fez a alegria dos aficionados do ritmo do delta do Mississipi. O rei da slide guitar mostrou porque é considerado um dos grandes nomes a pilotar a guitarra. A galera foi dormir feliz.

A segunda noite começou com a apresentação de uma banda de músicos capixabas formada especialmente para o evento: Zé Moreira (guitarra), Chriso Rocha (guitarra), Kako Dinellis (baixo), Pedro Alcântara (teclados) e Gabriel Ruy (bateria). A performance dos meninos fez jus a qualquer palco de festival de jazz. Intercalando standards da música brasileira com composições próprias, os guitarristas mostraram feeling e swing o suficiente para a platéia clamar por um bis. Ithamara Koorax subiu ao palco disposta a arrancar aplausos, mesclando clássicos do jazz com sucessos da música pop nacional. E conseguiu. O público retribuiu com carinho a sua transitividade musical. O grand finale ficou por conta do guitarrista Ricardo Silveira, que se fez acompanhar por Arthur Maia (baixo), Kiko Freitas (bateria) e pelo pianista português Miguel Braga. O show foi contagiante, com os astros não deixando dúvidas sobre o domínio que exercem sobre seus instrumentos. Ao final, em uma homenagem ao finado baixista Nico Assumpção, a platéia fez um emocionante coro puxado por Arthur Maia (confiram o vídeo). Final espetacular.

Infelizmente, não pude assistir os shows do excelente pianista capixaba Fabiano Araújo nem do percussionista Scott Feiner, que fecharam o festival. Mas o balanço geral não poderia ser outro: sucesso! Aguardemos o segundo.

domingo, 13 de maio de 2012

Um papo com os organizadores do Santa Teresa Jazz & Bossa

Conversei brevemente com Zé Olavo sobre o esperado festival de boa música que acontecerá no início de junho em Santa Teresa, nas montanhas espírito-santenses. Contou-me o bravo empreendedor sobre as dificuldades e as parcerias para, enfim, realizar o projeto que tem povoado sua cabeça (e a de Pedro Trêpa, parceiro na empreitada). 

Origem do projeto:"O Projeto do Festival começou há 03 anos. O
 objetivo do Evento, além de proporcionar momentos de cultura e 
lazer é consolidar a região das Montanhas Capixabas como destino turístico para um público que aprecie boa música". 

Dificuldades para consolidação do projeto:

"As dificuldades são muitas, pois não se trata apenas de um Festival de Música. ë um projeto que envolve o Trade Turistico e empresarios do local onde vai acontecer o evento, envolve o poder publico tanto estadual como municipal já que a proposta é de um evento aberto sem cobrança de ingresso. Inicialmente o Festival estava previsto para acontecer em Pedra Azul, porém por uma demanda do governo do Estado, através da Secretaria de Turismo, o evento acontecerá em Santa Teresa, no Parque de Exposição da Cidade e no domingo na Praça Augusto Ruschi ( já que no dia 03 é a data da morte dele ). Esta mudança me deixou muito empolgado, pois a cidade é linda, possui uma das maiores biodiversidades do mundo, a infraestrutura do Parque é ótima. Ou seja, cenário perfeito  para um Festival de Jazz e Bossa da melhor qualidade."



As parcerias: 


"Até o momento temos os seguintes parceiros: O Governo do Estado através da SETUR, Prefeitura de Santa Teresa, SEBRAE e SECULT. Estamos trabalhando com uma parceria com o Stenio Mattos (Produtor de Rio das Ostras ), Pedro Trepa e uma assessoria especial do nosso amigo Dan Mendonça."

A boa nova:

O festival veio para ficar.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Jazz nas montanhas capixabas

O primeiro semestre de 2012 tem sido alvissareiro para os capixabas apreciadores da boa música. Há pouco, nos deleitamos com o festival da praia de Manguinhos, agora chegou a vez das montanhas. Acontecerá no início de junho, em Santa Teresa, aprazível reduto ao norte de Vitória, o primeiro festival internacional de jazz e bossa.

Os organizadores, atentos às idas e vindas dos grandes músicos, aproveitaram-se da proximidade com o festival de Rio das Ostras e convidaram alguns astros que participarão deste que já se tornou uma tradição no Brasil (atrai milhares de crianças, jovens, adultos e mais que adultos ao litoral norte do Rio de Janeiro). Destaque-se que as apresentações em Santa Teresa também serão gratuitas.



Os astros convidados são o grupo Azymuth (que contará com grande guitarrista Hélio Delmiro), a cantora Ithamara Koorax, o guitarrista e violonista Ricardo Silveira e a All Star Band (com o baixista Arthur Maia e o baterista Kiko Freitas). Os músicos capixabas estarão muito bem representados por Bruno Mangueira, Pedro Alcântara e Fabiano Araújo.
Para os apreciadores do r&b (eu, entre eles) a grande atração será o guitarrista californiano Roy Rogers & The Delta Rhythm King, promessa de arrebatamento para os fãs do slide. O percussionista nova-iorquino Scott Feiner também mostrará sua arte  com o Jazz Pandeiro.
Eis a programação:
- Dia 1º de junho - Sexta-feira
19h Abertura Oficial - Parque de Exposições e Eventos
20h Show regional - Bruno Mangueira
22h Show nacional - Azimuth e Hélio Delmiro
00h Show internacional - Roy Rogers & The Delta Rhythm King
- Dia 02 de junho - Sábado - Parque de Exposição e Eventos
14h Auto Top 30 - 1o Encontro de veículos Destaques Veteran Car Club
18h Show regional - Pedro Alcântara e Convidados
20h Show nacional - Ithamara Koorax
22h Show nacional - Ricardo Silveira e All Star Band
- Dia 03 de junho - Domingo - Praça Augusto Ruschi
10h Desfile de Veículos Antigos Veteran Car Club
11h Show regional - Fabiano Araújo
12h30min Show Internacional - Scott Fiener Jazz Pandeiro

domingo, 8 de abril de 2012

Sábado de aleluia e jazz

Cheguei tarde para ouvir o Trio 22, grupo formado por Bruno Venturin, Fausto Pizzol e Diego Frasson. Meninos (já nem tão meninos assim) que sustentam uma das trincheiras do jazz vitoriano, lá na rua da Lama. Cheguei a tempo de ouvir as jovens promessas selecionadas pela patrocinadora do evento (a Fames). Promessas que, se seguirem as orientações dos seus bons mestres, poderão alçar belos vôos no céu musical.

A primeira boa atração apreciada poreste admirador do jazz, foi o grupo Brasilidade Geral (foto), capitaneado pelos irmãos Rocha e por Bruninho. Os arranjos dos sopros (dois trombones, dois saxes, um trompete) são impecáveis. Acrescente-se a dinâmica do grupo, sempre muito equilibrada. Agradou-me especialmente o tema composto pelo excelente saxofonista Roger
Rocha (o segundo interpretado). Os jovens músicos fizeram show para qualquer palco desse mundinho cão.

Posso dizer que a noite estava tão agradável que a idéia orquestrada por sei lá quem de interromper o som (possível interferência do patrocinador) para a apresentação de uma banda de congo não conseguiu me tirar do bom astral. Lembrei que até eu gravei um congo (devidamente transfigurado pelo arranjador Wanderson Lopes). Enfim, o congo é a identidade cultural o ES e não me furtei a curtir os belos e longos solos de casaca.

A atração que eu aguardava veio a seguir: Marcelo Coelho e Rodrigo Dominguez. O capixaba radicado no mundo e o portenho idem. O som dos dois saxofonistas eu já conhecia de cds. Som de vanguarda, que poderia soar estranho aos ouvidos de jovens ouvintes. Apreensão boba, a minha.
A performance do grupo foi apoteótica para este que agora escreve e também para todos aqueles que estiveram em Manguinhos para curtir jazz.

Os patterns do baixo e a pulsação precisa do baterista (perdoem-me por não lembrar seus nomes, camaradas) mantiveram os dois solistas num ambiente propício a grandes viagens. Marcelo e Rodrigo mostraram-se como são: excelentes instrumentistas com uma capacidade ímpar de criar trilhas com as pedras que a harmonia lhes fornece. Embriaguei-me com a radical sonoridade explorada pelo grupo que, ao vivo, pôde apresentar toda sua expressividade.

O que estava bom ficou ainda melhor quando Ademir subiu ao palco para uma jam (o tema foi composto por Rodrigo especialmente para esse momento) - três cachorros grandes arquitetando labirintos sonoros fantásticos. O show, como um todo, propiciou momentos inesquecíveis de força e lirismo que renovaram a minha crença de que o jazz ainda tem uma longa vida pela frente.

A noite encerrou com a sempre correta apresentação do grande músico Gilson Peranzetta (em show dedicado ao pianista Luís Eça), que mais uma vez mostrou aos vitorianos e serráqueos a sua sensibilidade de arranjador e intérprete. Detaque-se a luxuosa participação, ao violão, de Chico Pinheiro.

PS - depois eu postarei alguns vídeos gravados por Luiza, minha assessora e filha.

sábado, 7 de abril de 2012

Jazz & Blues em Manguinhos


Os bons ventos sopram sobre o Espírito Santo.

Após vários anos, conseguiu-se, enfim, produzir um festival de jazz (ou jazz e blues, como queiram) em nossa bela terra. O local escolhido para esse primeiro encontro não poderia ser melhor: a praia de Manguinhos, bucólico recanto sito em Serra, a alguns minutos de Vitória. Não há como não congratular os envolvidos na produção do evento, pois, como costumamos dizer, parece que tem uma queixada de burro enterrada em algum lugar por aqui, emperrando quaisquer iniciativas.

A programação destaca atrações locais e algumas nacionais. Entre as locais, privilegiou-se a participação dos professores e alunos da Fames (faculdade de música, um dos patrocinadores), que, há pouco tempo, abriu as portas para a música popular e tem propiciado o surgimento de alguns talentos na arte musical. Obviamente, esse aspecto acabou por amarrar as mãos dos produtores, que não puderam incluir alguns nomes que, nos últimos anos, têm mantido acesa a chama do jazz no Espírito Santo (Zé Moreira, Fabiano Araújo e Wanderson Lopes, por exemplo). Prática que, segundo um dos organizadores, se esforçarão para não repetir no próximo ano.

Mas alguns jazzistas históricos foram incluídos: o trio formado por Afonso Abreu, Neneco e Grijó (que, infelizmente, não assisti); o guitarrista Gean Pierre (com alunos da Fames), o valente Trio 22 (Bruno, Fausto e Diego - que sempre estão na Lama mostrando o bom e velho jazz). Outro grupo que merece a atenção do público é o Brasilidade Geral, que se apresentará hoje (lá estarei para conferir os seus bem elaborados arranjos para sopros).

Não pude curtir completamente o som da sexta (os amigos do Big Bat blues band contaram com a participação de Jefferson Gonçalves, e deve ter sido bom - como sempre). Ouvi apenas o francês radicado em Vitória, Jeremy Naud, mais voltado para world music (a participação luxuosa de Wanderson Lopes acrescentou mais brilho à cena). A curiosidade ficou por conta do cantor popular local Carlos Papel (outro convidado de Naud), que arriscou arranjos com groove jazzy em duas de suas boas composições, mas, definitivamente, apesar de divertido, o jazz não é sua praia.