Cheguei tarde para ouvir o Trio 22, grupo formado por Bruno Venturin, Fausto Pizzol e Diego Frasson. Meninos (já nem tão meninos assim) que sustentam uma das trincheiras do jazz vitoriano, lá na rua da Lama. Cheguei a tempo de ouvir as jovens promessas selecionadas pela patrocinadora do evento (a Fames). Promessas que, se seguirem as orientações dos seus bons mestres, poderão alçar belos vôos no céu musical.

A primeira boa atração apreciada poreste admirador do jazz, foi o grupo Brasilidade Geral (foto), capitaneado pelos irmãos Rocha e por Bruninho. Os arranjos dos sopros (dois trombones, dois saxes, um trompete) são impecáveis. Acrescente-se a dinâmica do grupo, sempre muito equilibrada. Agradou-me especialmente o tema composto pelo excelente saxofonista Roger
 Rocha (o segundo interpretado). Os jovens músicos fizeram show para qualquer palco desse mundinho cão.
Rocha (o segundo interpretado). Os jovens músicos fizeram show para qualquer palco desse mundinho cão.
Posso dizer que a noite estava tão agradável que a idéia orquestrada por sei lá quem de interromper o som (possível interferência do patrocinador) para a apresentação de uma banda de congo não conseguiu me tirar do bom astral. Lembrei que até eu gravei um congo (devidamente transfigurado pelo arranjador Wanderson Lopes). Enfim, o congo é a identidade cultural o ES e não me furtei a curtir os belos e longos solos de casaca.

A atração que eu aguardava veio a seguir: Marcelo Coelho e Rodrigo Dominguez. O capixaba radicado no mundo e o portenho idem. O som dos dois saxofonistas eu já conhecia de cds. Som de vanguarda, que poderia soar estranho aos ouvidos de jovens ouvintes. Apreensão boba, a minha.
A performance do grupo foi apoteótica para este que agora escreve e também para todos aqueles que estiveram em Manguinhos para curtir jazz.
Os patterns do baixo e a pulsação precisa do baterista (perdoem-me por não lembrar seus nomes, camaradas) mantiveram os dois solistas num ambiente propício a grandes viagens. Marcelo e Rodrigo mostraram-se como são: excelentes instrumentistas com uma capacidade ímpar de criar trilhas com as pedras que a harmonia lhes fornece.  Embriaguei-me com a radical sonoridade explorada pelo grupo que, ao vivo, pôde apresentar toda sua expressividade.
O que estava bom ficou ainda melhor quando Ademir subiu ao palco para uma jam (o tema foi composto por Rodrigo especialmente para esse momento) - três cachorros grandes arquitetando labirintos sonoros fantásticos. O show, como um todo, propiciou momentos inesquecíveis de força e lirismo que renovaram a minha crença de que o jazz ainda tem uma longa vida pela frente.

A noite encerrou com a sempre correta apresentação do grande músico Gilson Peranzetta (em show dedicado ao pianista Luís Eça), que mais uma vez mostrou aos vitorianos e serráqueos a sua sensibilidade de arranjador e intérprete. Detaque-se a luxuosa participação, ao violão, de Chico Pinheiro. 
PS - depois eu postarei alguns vídeos gravados por Luiza, minha assessora e filha.