sexta-feira, 1 de julho de 2011

Medeski, Martin & Wood + Bill Evans at Rio das Ostras



O show mais esperado pela meninada que dominava a platéia do sábado, enfim, estava começando: o power trio Medeski, Martin & Wood mais o saxofonista Bill Evans foram anunciados.
O som começou pesado como se esperava. E lá estava eu, tomado pelo clima rocker, fusion, jazz. Descobri, logo nos primeiros acordes, do que eu senti falta no show dos casacos amarelos: a paixão, a volúpia, que teve de sobra na apresentação do trio novaiorquino.

A performance do baterista Billy Martin é contagiante. Mão pesada, Billy não tem pudor em descer o bambu nos tambores e pratos, e, nos momentos de possessão, chegava a tocar em pé. O baixista Chris Wood mostrou um vasto domínio do seu instrumento, seja elétrico, seja acústico. Abusou, até, quando sacou o bottleneck e começou a deslizar pelo braço do seu instrumento, produzindo uma sonoridade ímpar (cf no vídeo).


O tecladista John Medeski buscava progressões harmônicas simples, mas sem deixar de trafegar em linhas outsides, mantendo a cama arrumada para o time brincar à vontade. Bill Evans, o saxofonista convidado, não negou ao que veio e mostrou sua verve funk-jazz com uma fluidez exemplar. O clima foi de festa, tanto no palco quanto na platéia.

Para mim, o festival terminou aí. Voltei feliz para casa.

Nicholas Payton Sexxxtet at Rio das Ostras 2011


Dom Casmurro - foi assim que alguém se referiu ao trompetista Nicholas Payton, que fez o segundo show da noite de sábado. Realmente, o cara não estava em seus melhores humores (se é que os tem). Casmurrice à parte, estava eu preocupado com o que seria apresentado no palco principal: se o rolo compressor fusion de alguns de seus trabalhos ou se seria levado pelas águas do mainstream jazzístico.

Não aconteceu nem um, nem outro. Payton, no entanto, manteve sua verve de experimentador e seguiu por um mix soul-jazz, com arranjos até interessantes, buscando explorar a sensualidade e a introspecção peculiares ao ritmo. Arriscou-se até, a la Chet Baker, a umas cantorias (que muitos acharam dispensáveis). O uso do rhodes favoreceu aquele clima do final dos sessenta (especialmente encontradas nas baladas do Return to forever). Pra não dizer que não tocou nenhum standard, sapecou uma versão interessante de Days of wine and roses (veja aqui).

Deixarei o vídeo de seu novo trabalho: