Recentemente, recebi a visita de um fã de trombonistas. Perguntou-me se eu tinha alguma coisa em meus arquivos e, sim, disse-lhe, tenho alguns discos. Coincidentemente, no disco que agora ouço, conta com a participação de um trombonista que conseguiu chamar a minha atenção.
Achei o disco excelente em três aspectos fundamentais: performance dos músicos, bons temas e arranjos com o agradável clima cool.
Trata-se do primeiro disco do saxofonista Gil Melle para o selo Blue Note - Patterns in jazz, gravado em 1956.
Não sabem quem é Gil Melle?!? Perguntem ao Lester, ao nosso amigo Érico ou ao mr. Hotbeat. Eles, com certeza, terão algo a dizer sobre a biografia desse competentíssimo multi-sopro (barítono, tenor e brass).
A equipe que atua nesse agradável momento da discografia jazzística é constituída pelo excelente trombonista (pelo menos nesse disco - até então desconhecido para esse que vos tecla) Eddie Bert, dono de um sopro firme e de um fraseado daqueles que permite contar belas estórias; acrescente o curioso guitarrista Joe Cinderella - que consegue um timbre muito agradável do seu instrumento; o bom e velho baixista Oscar Pettiford, que dispensa apresentações, e, segurando a baquetas, o equilibrado Ed Thigpen.
Como bem destaca o comentarista do link onde encontrei esse disco, o trabalho da moçada mostra como é possível fazer um som cerebral sem abandonar o swing. Saliento a tríade melódica: Melle, Bert e Cinderella (este, também encarregado da harmonia, obviamente), músicos que parecem terem nascidos para se encontrarem e gravarem esse disco. Um presente dos deuses.
Recomendo sem titubeios e sapeco uma constelação de estrelas. Deixarei o disco na radiola para vosso deleite.
O link: Avax