domingo, 27 de março de 2011

Um grande encontro


Domingão de pleno sol, resolvi sair para um passeio de moto. Foram quase 400 km de belas paisagens e de boas músicas. Um dos discos que estavam rodando no mp3 player reunia dois dos maiores tenoristas do jazz: Coleman Hawkins e Ben Webster.

Encounters foi gravado em 16 de outubro de 1957, tendo como companhia o trio de Oscar Peterson (Ellis & Brown) mais o baterista Alvin Stoller. Meus amigos, eu estava tão envolvido com o clima da viagem que cheguei a gostar da versão de Rosita, bolerão interpretado pela galera. Estava chegando na Lagoa Nova quando começou a tocar o tema. Parei alguns minutos e fiquei curtindo as águas claras e os poucos privilegiados que lá estavam. Fiquei só o tempo de ouvir You'd be so nice to come home to, o tema seguinte e que eu muito gosto.

Segui em velocidade cruzeiro preguiçoso na estrada semi deserta, embalado pela gentileza com que os heróis saxofonistas pilotavam seus intrumentos. Indico-vos sem titubeio.
Ouçam dois teminhas ali na radiola.
Link: Avax.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Für Elise - Para Elisa


Existem mulheres que afetam a percepção do artista. Algumas delas mereceram pinturas, poemas, canções, esculturas e loucuras diversas. Elisa, por exemplo, além desse post, mereceu aquela bela peça da dupla Be & Thoven, como dizem os engraçados gaúchos; Luiza foi cantada por Jobim: Beatriz, por Chico, e por aí segue um sem fim de musas. Dizem que a obra de arte é uma retribuição à beleza que os artistas nelas viram.

Em re-retribuição, há aquelas que homenageiam os autores das peças interpretando-as com a alma. Apropriam-se dos temas e, mergulhando em suas nuances, nas sutilezas das melodias e das letras, em suas histórias, revelam detalhes que antes passavam despercebidos pelos ouvintes. Algumas cantoras, especiais cantoras, conseguem fazer isso. Uma delas, que pouco conheço da obra, mas, mesmo com essa restrição, conseguiu me impressionar, chama-se Jeri Southern. O pouco que conheço justifica meu sentimento.

A menina tem uma voz mais que expressiva, contralto, límpida que, acrescida da segurança com que a utiliza, torna-se uma experiência agradabilíssima ouvi-la. Como bem destaca o encarte, Jeri não se está preocupada mostrar virtuosismo, em fazer peripécias com o seu instrumento, a sua voz. Longe di.sso, miss Jeri Southern mostra-se preocupada com o que canta - parece não querer que a sua potência vocal obscureça a história que a canção embala.

O disco que vos trago é Southern breeze, no qual se faz acompanhar pela orquestra do, para mim desconhecido (recordo-vos que não sou chegado em ouvir big bands), Marty Paich. Se não conheço o arranjador e condutor, para compensar, conheço boa parte dos membros da orquestra: Georgie Auld (tenor), Don Fagerquist (trompete), Bob Enevoldsen (trombone de válvula), Bill Pittman (guitarra) e Mel Lewis (bateria). Um timaço, vocês têm que concordar. Destaque-se uma curiosidade: a tuba, aos cuidados de John Kitzmiller com direito a solos.

Deixarei o disco rodando na radiola.

O link: Avax

segunda-feira, 7 de março de 2011

Hollywoodianas II


Vocês se lembram do seriado de tv chamado A gata e o rato? Creio que foi um dos primeiros trabalhos de Bruce Willis. Ele contracenava com Cybill Shepherd, a gata do título e dona de uma empresa de investigação onde o rato Bruce trabalhava. Rolava um clima entre os dois, mas nunca acontecia o rala e rola. Eu, lá, encantado com a sedutora e sensual figura da gata, não perdia um capítulo.

Pois bem, Cybill deve ter ganhado muita grana e se entediado com o palco televisivo. Na busca por um novo sentido para a vida (ou um novo desafio), resolveu que sua praia era outra: a música. A sensual moçoila enfiou a mão no bolso e contratou uma equipe e tanto para gravar um disco - Mad about the boy (1976). Entre os mais conhecidos estão Stan Getz, Frank Rosolino, Monty Budwig, Paulinho da Costa e, cuidando dos arranjos, Oscar Neves. O tema selecionado para abrir o disco foi Triste, creio que pelo belo solo de Stan. Na seqüência, pode-se ouvir baladas como I can't get started, This masquerade e Speak low.

O resultado, fora a performance dos músicos, foi meia-bomba. Cybill (que vocês curtem peladinha - foto de The Last Picture Show, de Peter Bogdanovich [1971]) não é desafinada, mas sua voz não sai do lugar comum. Vale como mais uma curiosidade para os fãs e saudosistas. Ouçam na radiola cor de rosa.

Link: Avax


domingo, 6 de março de 2011

Hollywoodianas I


Reservei para o dia de hoje uma curiosidade da seara jazzística.

Passeava eu pelas tramas da rede quando, de repente, deparei-me com inesperado disco: The Dudley Moore Trio, de 1969. Pois não é que o baixinho comediante também era um bom pianista de jazz? Eu, cá, em minha galopante ignorância biográfica, jamais imaginaria que o inglesinho, falecido em 2002, famoso por sua performance em Arthur, o milionário sedutor (1981) e que ficou à sombra da gostosuda Bo Derek em Mulher nota 10, também dava suas marteladas nas teclas do nobre instrumento.

Recorri à wikipedia e lá estava: o camarada estudou música em Oxford e se enveredou pelo universo jazzístico. O disco encontrado está recheado com temas de sua autoria (alguns interessantes, outros nem tanto). Acompanham-no os, para mim, desconhecidos músicos Jeff Clyne (b) e Chris Karan (d). Vale conferir.

Link: Avax